A lei que permitiu a suspensão das rendas às pequenas lojas nos centros comerciais foi criticada, esta quinta-feira, pela presidente executiva do grupo, Cláudia Azevedo, que afirmou que terão sido causados danos de milhões à economia portuguesa, em cálculos feitos pelo próprio grupo.
Para sustentar a sua posição, Cláudia Azevedo explica que, «em Portugal, os dois maiores players de centros comerciais são duas empresas portuguesas e a maior parte das insígnias que estão nos shoppings (mais de 80%) são de grupos internacionais», advogando que aquela medida se traduziu numa discriminação.
A holding, que no terceiro trimestre aumentou os lucros face ao período homólogo, diz que aumentos em 2021 só em função de avaliações. «Com ou sem pandemia, a história é a mesma», contesta sindicato. Foi no passado dia 19 de Novembro que o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) realizou a primeira reunião sobre o caderno reivindicativo para 2021 com a empresa que, refere a estrutura sindical num comuicado, «continua a remeter para a associação patronal a negociação dos salários, categorias dos operadores de armazém, organização do tempo de trabalho e férias». «Vai mais longe e, à boleia da pandemia afirma existirem dificuldades acrescidas», critica o CESP. O sindicato regista que, apesar de as lojas do grupo terem mantido as portas abertas durante todo o período da pandemia, «do crescimento das vendas nas lojas e no online, e do lucro anunciado ser superior ao de 2019, a empresa alega não ter condições para aumentar «já» os salários dos trabalhadores. E que, aumentos em 2021, «só em função das avaliações». Acrescenta que a empresa «não assume compromissos» para a resolução dos problemas que «há muito afectam» os trabalhadores, designadamente no que diz respeito aos horários de trabalho, «falta de trabalhadores para as necessidades das lojas» e «discriminações» associadas aos prémios nos armazéns e lojas. Para o CESP «é urgente» reverter o caminho dos baixos salários e da precariedade aplicada aos que produzem a riqueza. Os «imprescindíveis» e «essenciais», mas «sempre os mesmos a pagar a factura das crises e pandemias». Neste sentido, reforça a reivindicação por um aumento salarial de 90 euros (3 euros por dia) para todos os trabalhadores, «fazendo caminho para que o salário mais baixo na empresa atinja os 850 euros a curto prazo». A promoção imediata e equiparação da progressão dos Operadores de Armazém a Operadores Especializados, o aumento do subsídio de alimentação, o respeito pelo direito à conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar, e o fim imediato do banco de horas grupal são outras exigências dos trabalhadores da Sonae, que reclamam o encerramento das lojas aos domingos e feriados. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Sonae invoca pandemia para recusar aumento de salários
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Recorde-se que a proposta do PCP para reduzir o valor das rendas pagas pelos lojistas dos centro comerciais até 31 de Dezembro de 2020 foi aprovada no Parlamento sem votos contra (apenas com a abstenção do PS e do PAN), no âmbito do Orçamento Suplementar. Com esta medida, as lojas puderam deixar de pagar a renda mínima, passando a pagar apenas a parte variável, que é calculada em função das vendas.
Não deixa de ser relevante a Sonae relembrar esta preocupação, na semana em que o grupo anuncia uma quebra de lucro na ordem dos 57,2% no ano passado, face a 2019, mas que, ainda assim, perfaz um total de 71 milhões de euros em dividendos.
Aliás, a própria empresa conclui que este é um resultado «positivo» tendo em conta os efeitos da pandemia, o que levou o conselho de administração a decidir que vai propor à assembleia-geral de accionistas o pagamento de dividendos com um aumento de 5% por acção face ao ano anterior.
Não obstante, as perdas para a economia resultantes de prática de baixos salários parece não estar no centro das inquietações do grupo que, mesmo registando milhões de lucros em ano de pandemia, «continua a remeter para a associação patronal a negociação dos salários» e a defender que, aumentos salariais em 2021, dependeriam de «avaliações», como denunciou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) no fim do ano passado.
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