Pelo menos 13 pescadores perderam a vida este domingo, depois de os barcos em que navegavam, no Mar Vermelho, terem sido atacados por caças sauditas. A informação foi revelada por fontes militares ao canal de TV em língua árabe al-Masirah.
De acordo com a mesma fonte, referida pela PressTV, outros quatro pescadores estão desaparecidos.
Na costa ocidental do Iémen, as milícias leais ao antigo presidente iemenita Abd Rabbuh Mansur Hadi (aliado de Riade), apoiadas pela aviação saudita e dos Emirados Árabes Unidos, lançaram nos últimos dias uma forte ofensiva para conquistar o distrito de Duraihami, a sul da cidade de Hudaydah.
A operação contra esta zona densamente habitada teve início dois dias depois de a coligação liderada pelos sauditas a ter cercado. De acordo com as informações que chegam do local, a população civil tem sido um alvo constante dos ataques aéreos e de artilharia, segundo refere a agência Fars.
Tendo como fonte um combatente do movimento Ansarullah, a mesma informação é veiculada pelo portal Middle East Eye, que refere que a coligação liderada pelos sauditas tem estado a atacar os civis de forma indiscriminada.
Um habitante de Duraihami disse ao Middle East Eye que algumas pessoas «morreram a sangrar nas ruas» e que «alguns corpos sem vida ali ficaram».
Funcionários locais da Saúde confirmaram ao portal de notícias a existência de «dezenas» de vítimas mortais, na sequência dos ataques aéreos e de artilharia referidos, mas não precisaram um número concreto.
Para além da falta de comida e de medicamentos a que as autoridades têm de fazer frente na região, esta confronta-se também com a falta de comunicações e o isolamento face ao mundo exterior, na medida em que o bloqueio e os ataques sauditas causaram estragos na cobertura de internet, indica a Fars.
Milhares em Saná contra a agressão saudita
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se esta sexta-feira na capital iemenita, Saná, para condenar a agressão militar em curso contra o país e denunciar as suas consequências, nomeadamente a pressão económica, que dificulta a vida das populações.
A Arábia Saudita lidera uma campanha militar contra o seu vizinho do sul na Península Arábica há mais de três anos (desde Março de 2015), sem ter atingido as metas que declarou querer alcançar: esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, seu aliado.
Com o apoio do Ocidente, nomeadamente dos EUA e do Reino Unido, a campanha militar já provocou milhares de mortos, destruiu uma parte significativa das suas infra-estruturas e está na origem de uma situação humanitária que as Nações Unidas classificam como «catastrófica».
De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), 22,2 milhões de pessoas necessitam de ajuda alimentar e 8,4 milhões são severamente afectadas pela fome. Uma epidemia de cólera infectou mais de 1,1 milhões de pessoas, matando mais de 2000, num país também afectado por um surto de difteria.
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