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Pilotos alemães aderem à greve europeia na Ryanair

Os pilotos alemães da Ryanair decidiram juntar-se à greve de sexta-feira, que decorre em seis países, incluindo Portugal, para exigir um fim aos abusos da companhia e o cumprimento das leis nacionais.

Lucros da empresa após impostos, divulgados a Junho de 2017, foram de 397 milhões de euros, um aumento de 55%
Créditos / Wikimedia Commons

Depois dos pilotos holandeses, os alemães decidiram juntar-se à greve na Ryanair prevista para amanhã, que decorrá em simultâneo em seis países, incluindo Portugal, argumentando que a companhia aérea não mudou a sua posição desde a última paralisação.

A greve convocada pelos tripulantes de cabine afectará as bases da companhia low-cost irlandesa em Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Itália e Alemanha. Por cá, os trabalhadores são representados pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que afirma esperar uma forte adesão ao protesto, face aos contínuos abusos da Ryanair sobre os trabalhadores.

A presidente do SNPVAC, Luciana Passo, já tinha confirmado que a paralisação abrange não só os tripulantes de cabine, que têm sido dos mais críticos em relação às regras de trabalho na companhia aérea low cost irlandesa, mas também pilotos e serviços de handling (assistência em terra) da empresa.

Secretária de Estado criticada por fotos com CEO da Ryanair

Na passada terça-feira, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, acompanhada pelo presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, visitaram a sede da Ryanair, em Dublin. A representante do Governo está a ser alvo de críticas por parte do SNPVAC pelo momento da visita, mas também devido à publicação de uma foto nas redes sociais que está a dar que falar.

Em comunicado, o sindicato afirma que é «inaceitável e incompreensível» que a representante do Governo português tenha visitado a sede da Ryanair e, «ao invés de aproveitarem a ocasião para exigir o cumprimento imediato da Constituição da República Portuguesa e das leis nacionais ao CEO da empresa, Michael O’Leary, preferiram realizar uma sessão fotográfica particular, publicando de seguida, e com grande satisfação pessoal, uma foto nas redes sociais».

O SNPVAC considera ainda a situação como uma «atitude de profundo desrespeito pelos portugueses, em geral, e de desprezo pelos tripulantes de cabine portugueses da Ryanair, em particular», exigindo por sua vez um «esclarecimento cabal por parte do Governo português relativamente a esta matéria».

Na base do conflito está a exigência de que os contratos de trabalho da Ryanair sejam feitos segundo a lei laboral nacional de cada país, e não a irlandesa, que tem sido a usada pelo grupo. Os sindicatos contestam ainda o recurso a trabalhadores contratados por empresas de trabalho temporário, que funcionam na órbita da companhia aérea e acabam por ter condições mais precárias de trabalho.

Em Portugal, os trabalhadores exigem o cumprimento de várias matérias previstas na lei, entre as quais os direitos de parentalidade, a garantia de um ordenado mínimo e o fim de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou contra quem não atinja os objectivos de venda a bordo. É ainda contestada a deterioração das condições de trabalho e os vínculos de trabalho precários, alguns com dez anos.


Com agência Lusa

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