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Milhares uniram-se aos pais dos de Ayotzinapa para reclamar verdade e justiça

O quarto aniversário do desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa ficou marcado por uma grande marcha na Cidade do México e pelo compromisso de López Obrador de avançar com as investigações.

Manifestantes denunciam as mentiras e a impunidade associadas ao caso de Ayotzinapa, por ocasião do seu quarto aniversário
Créditos / desinformemonos.org

Estudantes, trabalhadores, dirigentes sindicais, representantes de diversas organizações da sociedade mexicana, gente vinda de vários pontos do país formaram uma grande massa humana que se juntou, ontem, aos familiares dos 43 estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, que desapareceram em Iguala, no estado de Guerrero, há precisamente quatro anos.

À frente da marcha, que partiu do monumento ao Anjo da Independência e terminou na Praça do Zócalo, seguiu um grande contingente de alunos dessa escola, vestidos de negro, e os pais e mães dos jovens desaparecidos, mostrando fotos dos seus filhos.

Quatro anos passados sobre o desaparecimento – não esclarecido, cuja investigação tem enfrentado sucessivos entraves a nível político e judicial, e sem que haja responsáveis condenados –, a reivindicação fundamental continua a ser a mesma: exigência de verdade e de justiça.


Isso ficou patente nas palavras de ordem afirmadas; mas também se exigiram mudanças estruturais profundas para o país, segundo informa a Prensa Latina.

A este órgão, muitos dos presentes na mobilização expressaram a total falta de esperança de que, com o governo ainda em funções, se chegue à verdade sobre o caso de Iguala. Ao invés, mostraram-se confiantes com a atitude assumida pelo presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador, que, numa reunião ontem mantida com os pais dos 43, se comprometeu a fazer avançar decididamente o processo de investigação e de busca da verdade.

Obrador: «As instituições debilitam-se se se esconde a verdade»

Num encontro realizado, ontem de manhã, com os pais dos estudantes desaparecidos há quatro anos, López Obrador, que tomará posse em Dezembro, ouviu as exigências dos familiares e comprometeu-se a fazer avançar as investigações em defesa da justiça e da verdade.

Neste sentido, assumiu o compromisso de criar uma Comissão da Verdade e da Justiça, tendo afirmado que uma das suas primeiras medidas, assim que tomar posse, será a promulgação de um decreto que ordene a todas as entidades federais participar no esclarecimento do paradeiro dos jovens e na busca de justiça pelo crime, de modo a eliminar os entraves com que as investigações se têm deparado nestes quatro anos.

Também se comprometeu a permitir a participação de organizações internacionais nas investigações, nomeadamente das Nações Unidas e do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI), cuja missão foi cancelada pelo governo de Peña Nieto.

Os 43 de Ayotzinapa

Os 43 estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, desapareceram em Iguala, no estado de Guerrero, a 26 de Setembro de 2014. De acordo com a versão oficial, os estudantes tinham-se deslocado para Iguala para participar num protesto quando foram interceptados por «polícias corruptos», que os entregaram a membros do cartel Guerreros Unidos, que os mataram e queimaram num aterro.

No entanto, esta versão foi posta em causa, e os familiares dos desaparecidos continuam a exigir respostas ao governo mexicano, que é acusado de silenciar o caso, ocultar elementos e dificultar as investigações independentes, num contexto geral de violência e impunidade.

Isso mesmo é apontado no documento sobre a violência no México elaborado, em 2015, pelo relator especial das Nações Unidas contra a tortura, Juan E. Méndez. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autónomo da Organização de Estados Americanos (OEA), também criticou duramente as autoridades mexicanas em diversas ocasiões.

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