Os refugiados a que a Resolução faz referência «são os mais de 700 mil palestinianos expulsos das suas habitações e privados dos seus bens pela vaga de limpeza étnica» que precedeu e acompanhou a criação do Estado de Israel, em 14 de Maio de 1948, e prosseguiu depois disso, lembra numa nota o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).
Recorrendo à violência, os sionistas garantiram, «no território do seu Estado – que excedeu em muito a área que lhe era atribuída no plano de partilha da Palestina aprovado pela ONU em 1947 –, a predominância dos judeus», expulsando para tal os habitantes autóctones, os palestinianos», afirma o texto. É a este processo que os palestinianos chamam, «com justeza, a Nakba, a catástrofe».
Muitos dos que foram expulsos fecharam as suas casas e levaram consigo as chaves – que se transformaram, «ao longo de décadas, num símbolo da exigência da realização desse direito e da memória traumática da expulsão».
A cada ano, a Assembleia Geral da ONU tem reafirmado a Resolução 194, «mas Israel – que deve a sua própria existência a uma resolução da ONU – continua a recusar-se a cumpri-la e a permitir o retorno dos refugiados que expulsou», denuncia o MPPM, que lembra que os refugiados palestinianos e os seus descendentes «constituem a mais antiga comunidade de refugiados do mundo», actualmente «estimada em cerca de dez milhões». Só na Palestina e nos países vizinhos (Líbano, Jordânia, Síria), são mais de cinco milhões.
Questão com renovada visibilidade
A questão dos refugiados ganhou este ano uma «renovada visibilidade», em parte «devido à persistência dos manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno na Faixa de Gaza» – um território onde 70% dos habitantes são refugiados –, que «pagaram o preço da sua admirável coragem com o sangue de mais de 200 mortos, vítimas dos atiradores de elite de Israel».
Por outro lado, a administração norte-americana «atacou e privou de financiamento a UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinianos no Próximo Oriente». Com essa medida, entende o MPPM, os EUA pretenderam, «em linha com os desejos do governo israelita, "fazer desaparecer" a questão dos refugiados» e, assim, fazer cair no esquecimento «a memória do crime de limpeza étnica que está na base da criação de Israel».
Contudo, sublinha o MPPM, essa tentativa acabou por «reafirmar que os refugiados continuam a existir, que a memória da expulsão está bem viva no coração da nação palestiniana e que uma justa solução da questão dos refugiados é parte inseparável da afirmação dos direitos nacionais imprescritíveis do povo palestiniano».
Criança de 4 anos morre de ferimentos causados por fogo israelita em Gaza
Uma rapaz palestiniano de quatro anos e oito meses morreu, na terça-feira à noite, em consequência dos ferimentos provocados por tiros israelitas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno a leste Khan Younis, na sexta-feira passada, indica a agência Ma'an.
A morte de Ahmed Abu Abed foi confirmada por Ashraf al-Qidra, representante do Ministério palestiniano da Saúde em Gaza. A criança foi atingida por estilhaços na cara, no peito e no estômago, ficando gravemente ferida, quando o seu pai foi alvejado, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno da última sexta-feira.
Mais de 30 manifestantes palestinianos foram feridos pelas forças israelitas nesta manifestação, a mais recente dos protestos que semanalmente se realizam, desde 30 de Março, junto à vedação com que Israel encerra a Faixa de Gaza, para exigir o direito dos refugiados palestinianos a regressar às terras e casas de onde foram expulsos em 1948.
Desde o início dos protestos, mais de 230 palestinians foram mortos na Faixa de Gaza por fogo israelita, a maioria por tiros contra manifestantes, mas outros por ataques aéreos e por disparos de tanques, refere o MPPM. A PressTV acrescenta que mais 23 mil foram feridos.
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