A culminar uma semana de anúncios por parte do Governo, o tema escolhido pelo primeiro-ministro António Costa foi o Programa Nacional de Investimentos mas foi a Saúde o tema escolhido pela bancada do PSD para iniciar o debate.
Indiferente à responsabilidade do seu partido no que se refere aos cortes aplicados em áreas como a Saúde, a Educação ou a Segurança Social, designadamente no último governo com o CDS-PP, o líder da bancada parlamentar do PSD, Fernando Negrão, apresentou os números do Tribunal de Contas para falar no agravamento da dívida do SNS. Uma estratégia utilizada também pela deputada do CDS-PP, Assunção Cristas.
Em resposta, António Costa realçou que «este aumento da despesa não é só gastar mais», ilustrando com o aumento de cirurgias e consultas. Falou da recuperação de 1300 milhões que haviam sido cortados pelo governo de Passos e de Portas, e reconheceu que, «se hoje há problemas», a situação seria pior caso não se tivessem reposto os cortes aplicados pelo anterior Executivo, sublinhando existirem mais 9 mil profissionais no SNS.
Não obstante existirem problemas no sector, Jerónimo de Sousa, do PCP, denunciou a existência de uma campanha com vista à destruição do SNS, alimentada por ideias de que «o Estado falhou» e de «caos generalizado na Saúde», com o objectivo de preparar «a transferência para grupos privados, que fariam melhor e mais barato».
O primeiro-ministro anuiu, dizendo mesmo que o deputado comunista tinha posto «o dedo na ferida». «Há obviamente uma campanha orquestrada pela direita e pelos grandes interesses económicos», disse António Costa, registando que a comunicação social não faz reportagens para mostrar as filas no sector privado.
Trabalhadores ou UE?
Menos consensual no debate entre a bancada do PCP e o Governo foi a prioridade dada às exigências da Comissão Europeia. Jerónimo de Sousa, que já havia falado da importância de se discutir a ferrovia, alertou para a importância de o Governo ter em conta a seriedade das reivindicações dos trabalhadores e o combate à precariedade. «Vai continuar a dar prioridade às exigências da Comissão Europeia ou vai assumir que há ainda muito caminho para fazer na valorização do trabalho e dos trabalhadores?», perguntou.
Na resposta, o primeiro-ministro frisou as divergências de opinião sobre a matéria, reconhecendo que a integração na União Europeia tem «custos».
Se avaliação ambiental impedir não haverá aeroporto
O aeroporto do Montijo foi outro tema central do debate desta manhã. Em resposta à deputada do BE, Catarina Martins, António Costa admitiu não haver plano B.
Na bancada do PEV, Heloísa Apolónia criticou o Governo por ontem ter admitido que «o Montijo não é uma boa opção, mas é a mais rápida», e que esperar pela avaliação ambiental «é perder tempo». «Que bom para a concessionária!», ironizou a deputada.
António Costa respondeu que a solução que está a ser seguida é «a melhor, hoje», mas que, se o estudo de impacto ambiental o impedir, «não haverá aeroporto do Montijo». Sobre este tema, o primeiro-ministro disse ainda que vê «toda a gente a dizer que a solução é má», mas não vê «ninguém a propor uma alternativa».
A afirmação não terá agradado à «Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não!», que esta semana entregou ao assessor do primeiro-ministro um conjunto de documentos onde enumera as desvantagens do local e a preferência por Alcochete.
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