Um documento oficial do United States Air Force Central Command, datado de Dezembro de 2017 e obtido pela Yahoo News esta quarta-feira, revela que a Força Aérea dos EUA escoltou seis aviões de F-16 dos EUA e deu treino a 150 pilotos, de modo a prepará-los para operações de combate no Iémen.
O documento, libertado ao abrigo da Lei da Liberdade de Informação [Freedom of Information Act], explica ainda o apoio que a Força Aérea norte-americana deu aos militares dos EAU na base aérea de al-Dhafra, perto Abu Dhabi.
De acordo com o documento, três pilotos norte-americanos ajudaram a formar, durante 323 horas de treino, quatro instrutores e 29 copilotos dos EAU, que «foram imediatamente destacados para operações de combate no Iémen».
William Hartung, director do Projecto de Armas e Segurança do Centro para a Política Internacional [Arms and Security Project at the Center for International Policy], disse ao portal referido que o programa de treino é mais um exemplo do profundo envolvimento dos Estados Unidos na agressão militar ao Iémen em curso desde Março de 2015.
«Treinar pilotos que vão bombardear alvos civis no Iémen é outra forma de cumplicidade numa guerra brutal que se prolonga há demasiado tempo», disse Hartung à Yahoo News, acrescentando: «Se a administração de Trump está a falar a sério sobre pôr a Arábia Saudita e os EAU a negociar de boa fé para a paz no Iémen, devia acabar com o treino e outras formas de apoio militar, até que eles assumam o seu papel no fim da guerra».
Guerra de agressão desde Março de 2015
Com o apoio de potências ocidentais, a Arábia Saudita e um grupo de países em que se inclui os EAU lançaram uma campanha militar devastadora contra o Iémen, declarando serem seus objectivos esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.
A guerra provocou dezenas de milhares de mortos, uma enorme destruição de infra-estruturas e uma catástrofe humanitária de grandes dimensões, denunciada por diversos organismos. Em Dezembro de 2018, representantes do movimento Ansarullah e militantes leais a Hadi sentaram-se à mesa das negociações, na Suécia, tendo chegado a um acordo de cessar-fogo para a cidade portuária de Hudaydah. No entanto, os confrontos prosseguem.
«EAU tão responsáveis quanto a Arábia Saudita»
Sobre o papel que os EAU desempenham na guerra de agressão ao mais pobre dos países árabes, William Hartung afirmou que ele é «muitas vezes desprezado».
«Eles e as milícias que treinam, armam e financiam estão envolvidos em múltiplos abusos de direitos humanos, incluindo tortura», denunciou, acrescentando que «os EAU são pelo menos tão responsáveis quanto a Arábia Saudita na matança do Iémen, mas sem que tenham sido responsabilizados pelas suas acções de uma forma relevante».
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