A quinta greve geral contra as políticas de austeridade levadas a cabo pelo governo de Mauricio Macri teve uma ampla adesão. Bancos, escolas e lojas fechados, transportes públicos e actividade portuária parados, voos cancelados, ruas quase desertas e piquetes em acção foram um cenário comum a várias cidades argentinas esta quarta-feira.
A jornada de luta, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), foi amplamente apoiada por movimentos sociais, por partidos políticos de esquerda e pelas múltiplas organizações integradas na Frente Sindical (FS).
Antecipando-se à avaliação da CGT, dirigentes dos sindicatos da FS deram uma conferência de imprensa na sede do Sindicato dos Camionistas, em Buenos Aires, na qual destacaram a «elevada adesão» à greve geral: «É a demonstração mais importante do repúdio dos trabalhadores pelas políticas que o governo implementa», afirmou Hugo Moyano, dirigente do Sindicato dos Camionistas, citado pela Página 12.
«A greve tem uma adesão elevadíssima e isso evidencia a necessidade de os trabalhadores, os desempregados, os reformados expressarem o mau momento que estão a viver. Aqui, todos são afectados pela política económica e, como tal, não deve surpreender a elevada rejeição que está a ser expressa», prosseguiu Moyano, rodeado por dirigentes sindicais de variadíssimas organizações.
Mau «encaixe» do governo e repressão
Por seu lado, Sergio Palazzo, do Sindicato dos Bancários, criticou as declarações da ministra da Segurança, Patricia Bullrich, sobre a paralisação (disse estar «farta das greves»), classificando-as como «atitude autoritária», e pôs em causa as declarações do ministro da Produção e Trabalho, Dante Sica, sobre o «custo da greve» (40 mil milhões de pesos [cerca de 808 milhões de euros]), sublinhando que, se «a política económica fosse corrigida e a base salarial fosse alterada apenas 1%, o crescimento seria de 80 mil milhões de pesos», o que levaria a «mais consumo e mais trabalho».
A conferência de imprensa teve lugar já depois de as forças de segurança terem carregado sobre piquetes de greve. A este propósito, Mario Manrique, secretário-geral do sindicato dos mecânicos (Smata), disse que «a repressão é a resposta dos que não têm resposta». Moyano acrescentou que a ministra Bullrich recorre à repressão porque «julga poder vergar as pessoas, mas isso não é assim».
A questão da fome foi abordada pelo dirigente sindical dos docentes portenhos Eduardo López: «Hoje em dia, as crianças chegam com fome às escolas porque as suas famílias perderam o trabalho, e nós, professores, estamos com salários baixos; por isso, lutamos para que não encerrem as escolas e as crianças cheguem com a mente aberta para poder aprender, […] sem fome.»
As eleições de Outubro não passaram ao lado da conferência de imprensa, refere o Página 12, apesar da insistência dos dirigentes sindicais em focar-se na jornada de luta. Manifestando confiança, Hugo Moyano acabou por dizer que os «trabalhadores já não se voltarão a confundir, como ocorreu em 2015, e que desta vez votarão bem».
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