A Declaração de Caracas foi assinada por representantes dos 120 países que participaram, este fim-de-semana, na reunião ministerial do Gabinete de Coordenação do MPNA, preparatória da XVIII Cimeira do Movimento, que deve ter lugar em Outubro no Azerbaijão, altura em que a Venezuela deixa a presidência da organização.
No documento, exige-se que os Estados Unidos levantem de imediato as sanções económicas e financeiras impostas ao país caribenho, sublinhando que só à Venezuela cabe decidir o seu futuro, sem interferências de nenhum outro Estado, de acordo com os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas.
Rejeitando qualquer intervenção estrangeira no país sul-americano, a declaração do MPNA promove o apoio ao diálogo que o governo de Nicolás Maduro e a oposição levam a efeito em Barbados, sob os auspícios da Noruega.
Antes da leitura da Declaração e do encerramento do encontro, este domingo, o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, interveio para, entre outros aspectos, denunciar que as medidas unilaterais impostas de forma continuada por um grupo de países ocidentais contra diversos estados soberanos «violam os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas», informa a AVN.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, caracterizou «as sanções impostas pelo governo norte-americano» como «terrorismo económico».
«Não podemos permitir que os EUA continuem a implementar este tipo de acções porque são terrorismo puro», disse, frisando que as últimas sete administrações dos EUA quiseram castigar o Irão por «não apoiar o seu regime». Acrescentou que Cuba e Venezuela também foram vítimas da mesma política, «por se terem recusado a apoiar o terrorismo».
Grupo de trabalho contra medidas coercitivas e unilaterais
No âmbito das reuniões celebradas este fim-de-semana em Caracas, os países-membros do MPNA decidiram criar um grupo de trabalho contra as medidas coercitivas unilaterais impostas pela administração norte-americana e outros países ocidentais para asfixiar a soberania dos povos.
Durante o fórum, Jorge Arreaza informou que esse grupo vai incluir um grupo especial que se irá dedicar ao estudo da questão, de modo a «conter as agressões unilaterais contra a soberania dos nossos povos».
Por seu lado, o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, defendeu que a «comunidade internacional deve promover soluções baseadas no princípio do Direito Internacional», tendo lembrado que a região da América Latina e das Caraíbas «enfrenta o desafio de travar a tentativa de aplicação, por parte da administração dos EUA, da velha e obsoleta Doutrina Monroe».
«A isso, junta-se uma doutrina ferozmente macartista, com uma agenda anti-imigrante, com uma carga xenófoba, como as que vemos nos EUA contra as crianças do nosso continente», sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros da maior ilha das Antilhas.
Agressão à Palestina
Tendo em conta as agressões constantes ao povo da Palestina – nomeadamente o bloqueio de fundos por parte dos EUA – e o agravamento do conflito nesse país, o chefe da diplomacia venezuelana propôs a criação de um fundo humanitário que ajude a libertar os palestinianos dos ataques que enfrentam, revela a AVN.
Riyad al-Maliki, titular da pasta dos Negócios Estrangeiros da Palestina, disse que o MPNA tem a responsabilidade de defender uma ordem mundial baseada no respeito mútuo e na não agressão, e que a comunidade internacional deve tomar medidas contra as sanções unilaterais da Casa Branca.
A este propósito, al-Maliki lembrou aos restantes membros do Movimento dos Países Não Alinhados que «permitir a esta aliança entre Estados Unidos e Israel espezinhar o direito internacional na Palestina é conceder-lhe uma licença para que faça o mesmo em qualquer parte do mundo».
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