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«Há 18 anos que não temos aumentos, mas o Estado veio cá buscar 7 milhões dos lucros»

Mais de cem trabalhadores da Parques de Sintra-Monte da Lua em greve manifestaram-se segunda-feira por aumentos salariais e o fim da precariedade. Dirigiram-se depois ao Ministério das Finanças.

Trabalhadores da PSML concentraram-se em frente ao Ministério das Finanças e entregaram uma resolução
Créditos / STAL

A acção de protesto de ontem, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL/CGTP-IN), contou com a participação de mais de uma centena de trabalhadores da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) e assinalou o início de uma greve de dois dias dos funcionários desta empresa, que gere os monumentos do concelho de Sintra.

A operar com muito poucos trabalhadores, os monumentos geridos pela PSML estavam abertos ao público mas a enfrentar grandes dificuldades. Maria José Rosa, dirigente do STAL, referiu que «hoje não é fácil para os nossos colegas que estão a trabalhar. Estão a trabalhar nos limites dos limites». 

A sindicalista afirmou ainda que o protesto pretende a «valorização de todos os trabalhadores» e a «reposição de uma situação de justiça», acrescentando que «há 18 anos que não têm aumentos, mas o Estado veio cá buscar sete milhões dos lucros que a empresa teve».

Sobre a adesão, o dirigente Carlos Faia Fernandes, em declarações ao AbrilAbril fala de quase 100% dos trabalhadores efectivos e cerca de metade dos trabalhadores com vínculos precários. «A confusão só não foi maior porque as operadoras turísticas de Lisboa deixaram de enviar os grupos para cá depois das grandes filas de espera que existiram durante a manhã de ontem», acrescentou.

O mais importante, segundo o dirigente, foi a expressão de rua desta acção, uma vez que os trabalhadores se concentraram à frente do Palácio Nacional de Sintra. «Para além de ter sido uma greve com grande adesão, a vinda dos trabalhadores para as ruas e a entrega da resolução no Ministério das Finanças assumiram uma grande combatividade», frisou.

A PSML foi criada em 2000 para gerir os parques históricos e monumentos do concelho de Sintra, nomeadamente a Pena e Monserrate, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos e os palácios nacionais de Sintra e de Queluz.

Em nota do sindicato, aquando da convocatória da greve, pode ler-se que a empresa, de capitais exclusivamente públicos, sem fins lucrativos e que não recorre ao Orçamento do Estado, é detida pelo Governo e pela Câmara de Sintra. O STAL afirma que, através das receitas de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos, a empresa terá obtido, em 2018, um lucro ilíquido de 12,5 milhões de euros.

Dos 430 trabalhadores da empresa, 160 têm vínculos a empresas de trabalho temporário ou trabalham a recibos verdes, sendo que a maior parte ganha o salário mínimo nacional, acrescenta o comunicado.


Cristina Cruzeiro, Cláudia Madeira e Beatriz Goulart, candidatas da CDU pelo círculo eleitoral de Lisboa, juntaram-se à acção de luta dos trabalhadores da PSML. Em nota na página de CDU de Sintra pode ler-se que esta é uma «justa e corajosa luta que une trabalhadores com diferentes vínculos, e de diferentes locais de trabalho espalhados por Sintra». As candidatas afirmaram que «no combate à exploração, à precariedade e aos baixos salários [...] continuarão a poder contar com o apoio da CDU».

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