Num comunicado assinado pelo presidente do Município, Carlos Pinto de Sá, lê-se que «é particularmente preocupante» a diminuição do investimento público na cultura e nas artes na região do Alentejo (-8%), «com as consequências que são de todos conhecidas para a coesão do território nacional» e que os governos «tanto elegem como bandeira dos seus programas».
«A não serem revertidos os resultados agora tornados públicos, o Alentejo Central pode vir a perder agentes, companhias e criadores que são essenciais para a afirmação da Cultura no território», denuncia a nota.
Para Carlos Pinto de Sá, o crónico subfinanciamento às artes e à cultura «só diminuirá a sua expressão» através da afectação ao Orçamento do Estado de, pelo menos, 1% da riqueza produzida no País. Neste sentido, o Município de Évora exige ao Governo a dotação das verbas necessárias para que todos os projectos em condições de aprovação possam obter o financiamento necessário à prossecução dos seus projectos.
No Alentejo, mediante os resultados provisórios da Direcção-Geral das Artes (DGArtes) referentes aos sete concursos para o biénio 2020-2021 (Programação, Teatro, Música, Dança, Circo Contemporâneo, Artes Visuais e Cruzamentos Disciplinares), o distrito de Évora ficou de fora dos apoios.
Apenas as companhias Baal17 e a Lendias d'Encantar, ambas do distrito de Beja, serão apoiadas no biénio 2020/2021. Ao contrário do que se verifica com todas as outras regiões do País, o Alentejo é a única região que não só não vê reflectido nenhum aumento, como sofre, mais uma vez, uma assinalável redução da verba de apoio.
Cendrev: «o destino será fechar a porta»
Após a divulgação dos resultados provisórios, no passado dia 11 de Outubro, o Centro Dramático de Évora (Cendrev) anunciou que teria de encerrar portas a partir de Janeiro do próximo ano.
O Cendrev, tal como outras três companhias de teatro do Alentejo, embora com candidaturas elegíveis, foram excluídas dos apoios no quadro dos Concursos Sustentados Bienais 2020/2021.
Segundo afirmou então à Lusa, o director do Cendrev, José Russo, «o destino será fechar a porta». O Cendrev recebe «apoio financeiro importante» da Câmara Municipal de Évora, mas José Russo garante que «não dá para resolver o problema sozinho, nem lá perto».
«Com esta notícia, o Cendrev vê-se absolutamente constrangido a retirar-se da luta pela cultura e pela descentralização teatral, a escassos três meses de completar 45 anos de actividade ininterrupta de serviço público e de acção cultural», revela a estrutura numa nota à imprensa.
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