|Hospital Garcia de Orta

É urgente normalizar o funcionamento da urgência pediátrica em Almada

Contra os sucessivos encerramentos da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, largas dezenas de utentes estiveram, esta manhã, concentrados exigindo o reforço imediato dos profissionais necessários.

Concentração de utentes em frente ao Hospital Garcia de Orta, exigindo o reforço urgente de meios para garantir o funcionamento da urgência pediátrica. Almada, 26 de Outubro de 2019
CréditosJorge F / AbrilAbril

A urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, encontra-se novamente encerrada durante este fim-de-semana, naquela que é a quarta vez que este serviço encerra nas últimas semanas. Os utentes têm sido informados que, em caso de urgência pediátrica, devem recorrer ao Hospital de Santa Maria ou ao Hospital Dona Estefânia, ambos em Lisboa.

Em resposta, as Comissões de Utentes de Almada e do Seixal convocaram a concentração para esta manhã em defesa deste serviço e do Serviço Nacional de Saúde (SNS). «Não há memória, desde a sua criação, que o HGO tenha, alguma vez, encerrado os seus serviços de urgência pediátrica, geral ou obstétrica», alertam em comunicado enviado à imprensa.

Segundo as referidas comissões de utentes, «as medidas de contingência» anunciadas «para minimizar os impactos da situação», não colmatam as limitações no «acesso das suas crianças a cuidados em situação de doença aguda» para as populações destes concelhos.

Medidas «paliativas» como o «recurso a protocolos com a União das Misericórdias para que os seus médicos especialistas assegurem “temporariamente” o funcionamento» não respondem àquilo que é o problema estrutural.

Os representantes dos utentes exigem que a tutela transfira as verbas necessárias para o SNS melhorar as «condições salariais dos seus profissionais e modernização dos seus equipamentos e serviços», em vez de se injectarem esses valores em privados.

A situação de ruptura a que chegou este serviço do Hospital Garcia de Orta (HGO) tem vindo, há largos meses, a ser denunciada, tanto por profissionais, como pelos utentes.

Recentemente, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS/FNAM) alertava para o número insuficiente (apenas sete) de pediatras para assegurar diariamente a urgência, uma vez que três destes médicos não podem garantir o período nocturno por terem ultrapassado o limite etário obrigatório. Esta é uma situação identificada há mais de um ano, quando, na sequência da saída 13 médicos, «ninguém concorreu» aos concursos abertos para colmatar a carência.

Os médicos deste serviço têm sido pressionados directamente pela administração do hospital para fazer urgências extra. «Alguns médicos chegam a fazer quatro urgências numa semana, o que conduz à exaustão e acarreta sérios prejuízos para a qualidade de vida destes profissionais e da assistência aos utentes», denunciava o SMZS.

Este é um serviço de urgência reconhecidamente necessário às populações, e conta com uma afluência diária de mais de 150 utentes.

Para o sindicato, esta situação «de ruptura» é o resultado de «anos de políticas de delapidação do Serviço Nacional de Saúde», que têm levado à deterioração das condições de trabalho no sector público e à fuga de profissionais para o sector privado e são necessárias medidas imediatas que respeitem as condições de trabalho dos profissionais e a qualidade dos cuidados de saúde.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui