Contrariando os intentos de EUA e Israel, a Comissão Especial de Política e Descolonização (Quarta Comissão) da Assembleia Geral da ONU aprovou no passado dia 15 o prolongamento do mandato da UNRWA até 2023. No próximo mês, a Assembleia Geral votará em sessão plenária a resolução adoptada pela Quarta Comissão, revelou ontem, no seu portal, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.
A Organização de Libertação da Palestina (OLP) saudou o apoio internacional esmagador à renovação do mandato da UNRWA: 170 votos a favor contra dois (EUA e Israel). Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, afirmou que se trata de «uma vitória retumbante do direito internacional, da justiça, dos refugiados palestinianos e da agência da ONU que tão bem os tem servido há sete décadas, apesar dos obstáculos aparentemente intransponíveis».
«Encaramos esta votação como uma rejeição inequívoca da campanha malévola e cínica liderada pela administração Trump e por Israel para abolir a UNRWA e revogar os direitos inalienáveis dos refugiados palestinianos», acrescentou a dirigente palestiniana, citada pelo MPPM.
Criada há 70 anos, sob ataque dos EUA e Israel
A UNRWA, que foi criada há 70 anos e enfrenta o pior défice financeiro da sua história, apoia actualmente cerca de 5,5 milhões de refugiados palestinianos na Cisjordânia – incluindo Jerusalém Oriental –, Gaza, Jordânia, Líbano e Síria.
A agência fornece serviços nas áreas da saúde, educação, microfinanças, protecção e assistência social e serviços, informa o MPPM, acrescentando que mais de meio milhão de crianças dos dois sexos frequentam as suas 709 escolas, e que, só em 2018, se realizaram cerca de 8,5 milhões de consultas em 22 centros de saúde nos seus cinco campos de operações.
Os EUA – historicamente o maior financiador da UNRWA – em 2018 decidiram pôr cobro à sua contribuição total para a agência, privando-a de cerca de um terço do seu orçamento. Ao arrepio do direito internacional, alinhando com os desejos do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a admnistração de Donald Trump pretende extingui-la e rever a definição de refugiado palestiniano.
Ao atacarem a UNRWA e pretenderem retirar a milhões de palestinianos o estatuto de refugiado, os EUA visam «liquidar a prova viva do crime da limpeza étnica promovida por Israel», que, dessa forma, deixa de ser obrigado a garantir o «direito ao retorno», tal como está obrigado pelas resoluções da ONU, denunciou o MPPM em Junho deste ano.
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