O líder o PSOE obteve a mais rigorosa investidura da democracia espanhola com o apoio de 167 parlamentares: PSOE (120), Unidas Podemos (35), PNV (seis), Más País (três), Nueva Canarias (um), BNG (um) e Teruel Existe (um). Um total de 165 deputados votou contra: PP (88), Vox (52), Ciudadanos (dez), Junts per Catalunya (oito), CUP (dois), UPN (dois), CC (um), Foro Astúrias (um) e PRC (um).
A investidura foi também possível graças à abstenção da Esquerda Republicana da Catalunha (13) e EH Bildu (cinco). Desta forma, o PSOE teve luz verde para formar, com o Unidas Podemos, o primeiro executivo de coligação do actual período democrático.
A retórica inflamada tanto no Congresso quanto nas redes sociais e nos meios de comunicação, no entanto, não alcançou o seu objectivo de frustrar o novo governo em que se sentarão, pela primeira vez desde a aprovação da Constituição de 1978, ministros de uma coligação à esquerda do PSOE.
Pelo Unidas Podemos, estará no governo Pablo Iglesias (Podemos) como vice-presidente de Assuntos Sociais, Irene Montero (Podemos) na pasta da Igualdade, Yolanda Díaz (Esquerda Unida) na pasta do Trabalho, Alberto Garzón (Esquerda Unida) na pasta do Consumo e Manuel Castells (independente) na pasta do Ensino Superior.
Para a direita, diálogo com independentistas é «traição à nação»
O partido de extrema-direita Vox já cunhou um termo para se referir ao futuro governo de coligação entre o PSOE e o Unidas Podemos, chamando-lhe «governo de traição». Alguns dos seus dirigentes chegaram a propor processar Pedro Sánchez por crimes de traição e por atentar contra a segurança nacional.
Apesar de negar legitimidade ao futuro governo, o presidente do Vox, Santiago Abascal, não foi tão longe quanto o seu eurodeputado Hermann Tertsch, que considerou «inevitável» uma intervenção do Exército, para manter a unidade de Espanha.
A porta-voz do PP no Congresso, Cayetana Álvarez de Toledo, também acusou Sánchez de «consumar a traição a Espanha» e atribuiu-lhe o objectivo de «destruir a nação».
O Vox demonstrou neste domingo a sua rejeição ao governo e a sua «defesa da Constituição e soberania nacional» com várias concentrações junto às câmaras municipais do país, sob o lema «a Espanha existe». As mobilizações estiveram longe de ser massivas. Em Barcelona, manifestantes com simbologia franquista e falangista protagonizaram momentos de tensão face a uma outra concentração de antifascistas e independentistas.
Grandes empresas e investidores estrangeiros pressionam solução de governo
De acordo com um estudo da Euler Hermes a que o Negócios teve acesso, a seguradora de crédito, que é também accionista da Cosec, acredita que a coligação deverá «abrandar a implementação de reformas estruturais» e antecipa ainda como certo o aumento da despesa pública e a reversão de algumas das reformas implementadas no período da crise financeira.
Grandes empresas e investidores estrangeiros dizem estar atentos à agenda económica do novo governo de coligação e já admitem rever os seus planos de compra ou expansão para Espanha, segundo noticiou o ABC economía.
Para além das grandes empresas, junto dos gestores de fundos e bancos de investimento a preocupação cresce: o Barclays já se pronunciou ao alertar que este governo ameaça o crescimento a médio prazo e as agências Standard & Poor's e a Moody's enfatizaram, na semana passada, a necessidade de limitar os gastos e manter a reforma laboral.
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