As queixas foram formuladas por membros da secção de Saúde da Federação Americana de Professores (AFT, na sigla em inglês), que representa cerca de 112 mil profissionais da Saúde, mais de metade dos quais enfermeiros, e foram apresentadas junto da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA, na sigla em inglês) para denunciar que as entidades patronais foram incapazes de proteger os trabalhadores «na linha da frente» da luta contra a pandemia de Covid-19.
Em comunicado, a AFT afirmou que os hospitais estão «a pôr os trabalhadores em grave risco de infecção e morte pelo coronavírus», nomeadamente por trabalharem com equipamentos defeituosos. Os Centros para o Controlo e a Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) estimam que mais de 9000 funcionários do sector tenham sido contagiados nos EUA.
Em declarações à NBC, o dirigente sindical Andrew Crook explicou que as queixas foram apresentadas em nome de mais de 20 mil trabalhadores de 40 sindicatos locais dos estados de Nova Iorque, Nova Jérsia, Connecticut, Ohio, Wisconsin, Montana, Oregon, Alaska, Maryland e Virgínia Ocidental.
De acordo com The Daily Beast, nestes dez estados o surto epidémico provocou sérios danos em várias comunidades, «inundou os hospitais» e «infectou toda a gente», tanto os trabalhadores da saúde como as suas famílias.
A mesma fonte revela que as queixas ontem formuladas dão sequência a outras acções pelo país fora, relacionadas com a «crise nacional de equipamentos de protecção individual» (EPI) e o grande afluxo de doentes aos hospitais, tendo os enfermeiros apresentado processos em tribunal para exigir mais protecção em instalações a que chamam «zonas de guerra» e realizado protestos de rua.
«Merecemos estar seguros no trabalho»
De acordo com uma das queixas, pelo menos 35 enfermeiros estão em «risco iminente» de ser infectados e adoecer numa unidade hospitalar de Warren, no Ohio, onde já se registaram pelo menos dois casos de infecção pelo novo coronavírus. A administração é responsabilizada por falhas que conduziram à «exposição dos trabalhadores».
«Merecemos estar seguros no trabalho para podermos cuidar dos pacientes, mas o hospital falhou – comigo, os meus colegas de trabalho e a comunidade», diz a enfermeira Nara Owens numa das queixas da AFT, na qual alega ter sido contagiada devido a uma das falhas do hospital do Ohio, no que respeita à verificação de riscos e necessidades de material. A AFT acusa ainda a gestão do hospital de «ter ameaçado exercer represálias sobre trabalhadores que usassem ou partilhassem EPI vindos de fora».
Por seu lado, a enfermeira Sherri Dayton apresentou uma queixa contra um hospital no estado de Connecticut, acusando-o de não providenciar máscaras aos profissionais da Saúde «que contactam de perto com pacientes de Covid-19, com casos suspeitos ou confirmados». Na queixa que formulou com a AFT, Dayton acusa a gestão da unidade hospitalar de a ter «obrigado a racionar máscaras e batas».
Além das queixas, a AFT e os seus sindicatos filiados lançaram uma petição, esta terça-feira, em que exigem à OSHA que proteja os trabalhadores da Saúde «na linha da frente», sublinhando que o organismo não está a garantir condições de trabalho seguras e que o governo federal «não está a fazer o seu trabalho».
Todas as administrações hospitalares que foram contactadas pelo The Daily Beast afirmaram seguir as directivas dos CDC.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui