«Em defesa da Cultura, Património e Biodiversidade do Alentejo», assim se intitula o manifesto da autoria do movimento Chão Nosso. Constituído por alentejanos dos vários distritos, o movimento nasce com o objectivo de defender o território e as suas populações.
Os signatários alertam para os perigos da agricultura intensiva e superintensiva, tanto ao nível da saúde e bem-estar da população, como das formas de produção, água, biodiversidade dos habitats ou condições de trabalho.
«A agricultura intensiva e superintensiva pela extensão que ocupa, próxima de perímetros urbanos ou em áreas de elevada sensibilidade ecológica, junto a massas de água, está comprometer a qualidade ambiental do território», lê-se no manifesto.
O movimento afirma que a intensificação de monoculturas em áreas contínuas promove o surgimento de pragas, levando à utilização de pesticidas, e alerta para a necessidade de avaliar a necessidade de recursos hídricos, dando preferência a culturas regadas que sejam geradoras de «bens alimentares necessários», de retorno económico para o território e que não coloquem em causa a biodiversidade e a qualidade ambiental.
«A utilização massiva de agroquímicos está a contaminar os lençóis freáticos e as águas superficiais, albufeiras e ribeiras», e a «penhorar o futuro do território, promovendo o despovoamento», critica, salientando a importância de monitorizar estas águas, «alargando as análises a parâmetros que permitam aferir a presença de substâncias utilizadas nas práticas agrícolas».
A homogeneização da paisagem, simplificando processos ecológicos e diminuindo a biodiversidade, é outro aspecto censurado pelo Chão Nosso, que adverte para o risco de as características identitárias da paisagem alentejana desaparecerem.
«A colheita mecanizada efectuada durante a noite constitui uma acção que coloca em risco a sobrevivência da avifauna que utiliza este suporte arbóreo como abrigo», refere-se no documento aprovado pelo Município de Montemor-o-Novo na reunião de Câmara do passado dia 12, com o voto contra dos vereadores do PS.
O movimento afirma que a preparação dos terrenos para estas práticas agrícolas tem sido feita «em total desrespeito pelo património cultural desta região», abatendo azinheiras, sobreiros e oliveiras centenárias, e arrasando sítios e monumentos arqueológicos.
Simultaneamente, adverte para a precariedade existente nestes campos agrícolas, que sazonalmente acolhem mão-de-obra barata, com destaque para a imigrante, em situações a roçar a «escravatura».
«São homens e mulheres contratados para trabalhar sazonalmente nestas explorações, por máfias e empresas criadas para este fim, que vivem amontoados em estruturas precárias, são mal remunerados e possuem poucos ou nenhuns direitos», frisa.
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