Os Estados Unidos voltaram a sofrer um revés diplomático no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), ficando praticamente isolados na tentativa de reactivar as sanções que o organismo deixou de impor ao Irão na sequência da assinatura do Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), sobre as actividades nucleares pacíficas do país persa.
O acordo foi subscrito em 2015 pelo Irão e o Grupo 5+1 (os cinco membros com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas – EUA, Reino Unido, França, Rússia e China – e a Alemanha), tendo sido abandonado pela Casa Branca em Maio de 2018, que de imediato assumiu uma política de pressão financeira e imposição das «sanções mais fortes de sempre».
Na semana passada, 13 dos 15 países-membros do CSNU, incluindo os signatários do JCPOA, rejeitaram a proposta norte-americana no sentido de levar o organismo mundial a re-impor sanções contra o Irão, tendo argumentado que os EUA perderam o direito legal a solicitar a reactivação de sanções depois de terem abandonado o acordo nuclear firmado com o país asiático.
Esta terça-feira, o embaixador da Indonésia na ONU, Dian Triansyah Djani, presidente do CSNU durante o mês de Agosto, afirmou que o organismo não estava em posição de tomar mais medidas a pedido dos EUA, porque não existia consenso entre os países-membros, informam a PressTV e The Guardian.
Derrotas diplomáticas seguidas
A diplomacia russa reagiu pela voz do embaixador na ONU, Vassily Nebenzia, que disse esperar que os Estados Unidos abandonem a manobra da reactivação imediata das sanções globais contra o Irão, que considerou «ilegais».
Os EUA alegam que ainda têm direito a intervir no acordo nuclear com o Irão, uma vez que o país aparece como um dos signatários e basta apenas ser signatário para solicitar à ONU que reactive as sanções contra o Irão.
No entanto, nem os aliados mais destacados de Washington alinharam nesta estratégia, que rasura o facto de os EUA terem abandonado o acordo unilateralmente em Maio de 2018, violando a resolução do CSNU 2231 referente a esse acordo.
Irritada com o anúncio do presidente do CSNU, a representante dos EUA na ONU, Kelly Craft, respondeu que a «a administração de Trump não tem medo de ficar sozinha nesta matéria» e disse lamentar que outros membros do conselho se posicionem ao lado de «terroristas».
Esta derrota diplomática segue-se a outra, consumada na sexta-feira passada, em que o CSNU se recusou a prolongar o embargo de armas convencionais ao país asiático. No âmbito do acordo firmado em 2015, o embargo seria levantado ao fim de cinco anos, um prazo que expira em Outubro deste ano e que os EUA tentaram prolongar.
No entanto, apenas a República Dominicana votou a favor do prolongamento do embargo de armas ao Irão para lá de 18 de Outubro. Rússia e China votaram contra. Os outros 11 membros abstiveram-se.
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