|Bolívia

Evo recebido por multidões no regresso à pátria

Depois de um ano de exílio, o ex-presidente regressou à Bolívia pelo Norte da Argentina, sendo recebido e acarinhado por muitos milhares de compatriotas ao percorrer as estradas do departamento de Potosí.

Evo Morales discursa para a multidão que o foi receber a Villazón, cidade junto à fronteira com a Argentina, no regresso ao país, quase um ano depois da partida para o exílio
Créditos / @telesurenglish

Antes do banho de multidão esta segunda-feira em Villazón, cidade fronteiriça do lado boliviano, Evo Morales participou num acto de despedida em La Quiaca, na Argentina, país onde esteve exilado desde Dezembro do ano passado, na sequência do golpe de Estado perpetrado por sectores da direita e extrema-direita bolivianas, com o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA) e dos EUA.

Evo Morales dirigiu-se às centenas de pessoas presentes na parte argentina da fronteira internacional, tendo agradecido ao povo argentino, ao seu presidente, Alberto Fernández, bem como ao presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pelo apoio que lhe deu após o golpe de Estado de Novembro de 2019.

«Recuperámos os nossos recursos naturais, nacionalizámos os nossos recursos, garantimos a soberania do Estado. Esse foi o nosso crime», disse Morales sobre os motivos do golpe, antes de sublinhar a importância de prosseguir a luta: «Enquanto houver capitalismo e imperialismo, a luta dos povos continuará», disse, citado pela TeleSur.

Por seu lado, o presidente argentino, presente no local, destacou a importância deste dia e da experiência para a região, quando «a unidade se fragmentou em interesses individuais». Por isso, fez um apelo à unidade latino-americana.

Multidões e muita alegria no regresso Bolívia

Em Villazón, no extremo Sul do departamento de Potosí, um mar de gente esperava o ex-presidente, que passou quase um ano fora da pátria e ali atravessou a fronteira para dentro. Ao discursar para a multidão, pediu «unidade e anti-imperialismo», e explicou que a sua saída do país, com destino ao México, não foi uma decisão tomada de ânimo leve, mas ponderada.

«Se ficasse, ia acabar num cemitério ou nos Estados Unidos», disse Morales, referindo-se à possibilidade de o assassinarem ou de ser sequestrado. Acrescentou que sabia que ia regressar, mas que não estava à espera de que fosse tão cedo, indica a Prensa Latina.

Sublinhou a solidariedade que recebeu das autoridades de países como o México, a Argentina, a Venezuela e Cuba, entre outras, que tanto o apoiaram a ele como à luta anti-golpista no país, e enalteceu o esforço do presidente, Luis Arce, e do vice-presidente, David Choquehuanca, com vista a alcançar a vitória do passado dia 18.

Deixou ainda uma alerta para a acção do imperialismo, que procura dividir os povos e saquear os seus recursos.

Caravana na estrada e mais multidões

Ao londo do dia de ontem, a caravana de Evo Morales seguiu para norte, pelas estradas do departamento de Potosí, onde foi fazendo pequenas paragens para saudar a população que lhe acenava, sorria, lhe manifestava afecto.

Mais para o fim do dia, Evo Morales e o antigo vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, chegaram ao centro mineiro de Atocha, onde foram novamente recebidos por uma multidão, que os aclamou e lhes jurou lealdade.


Já pela noite fora, a caravana do líder do Movimento para o Socialismo (MAS) foi recebida por milhares de pessoas em Uyuni, localidade situada na região onde se encontram as maiores reservas de lítio do mundo e que foram um dos motivos para o golpe de Estado consumado a 10 de Novembro de 2019.

O ex-presidente aymara e García Linera foram recebidos por mineiros e habitantes da região com vivas, danças e cantos. Ao discursar, Morales lembrou as conquistas económicas e sociais do tempo em governou o país.

A paragem em Uyuni, ainda no departamento de Potosí, pôs fim ao primeiro dia do trajecto de regresso a território boliviano de Evo Morales. A caravana segue com destino a Chapare, no Trópico de Cochabamba, onde uma multidão – que se estima em muitas centenas de milhares de pessoas – deve receber Morales. Até lá, deve parar em várias localidades, incluindo Orinoca, no departamento de Oruro, a terra natal do ex-presidente indígena.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui