O Acordo de Paz firmado a 24 de Agosto, em Havana, por Humberto de la Calle, em representação do Executivo colombiano, e por Iván Márquez, porta-voz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), foi assinado esta segunda-feira, na cidade caribenha de Cartagena das Índias (Colômbia), pelo chefe de Estado, Juan Manuel Santos, e o líder do grupo guerrilheiro, Timoleón Jiménez.
Na cerimónia protocolar, que contou com a presença de chefes de Estado e ministros dos Negócios Estrangeiros de várias nações, e do secretário-geral das Nações Unidas, participaram delegados dos países garantes dos diálogos de paz – Cuba e Noruega – e dos países acompanhantes – Chile e Venezuela.
Para se chegar a este acordo, que os membros das FARC-EP ratificaram na sexta-feira passada, no final da X Conferência Guerrilheira, foram necessários quase quatro anos de conversações. O pacto que põe termo ao confronto armado abrange diversos pontos: reforma rural integral; participação política; combate ao tráfico ilícito de drogas; questão das vítimas; cessar-fogo bilateral e mecanismos de implementação e verificação.
Para que o acordo entre em vigor, o passo seguinte é a realização do plebiscito no dia 2 de Outubro, no qual o povo colombiano será chamado a pronunciar-se sobre os termos negociados pelas FARC-EP e o governo da Colômbia, na capital cubana. A ONU irá colaborar no processo de verificação do cessar-fogo bilateral e da entrega das armas dos guerrilheiros.
«A nossa única arma será a palavra»
Após a assinatura do acordo que visa pôr termo ao longo confronto bélico entre as forças governamentais colombianas e as FARC-EP, o líder da guerrilha, Timoleón Jiménez, reiterou o compromisso com a paz, mas alertando para a necessidade de reforçar a luta contra as organizações paramilitares, que são um dos maiores perigos à concretização do cenário almejado.
«A nossa única arma será a palavra», declarou o comandante das forças insurgentes, acrescentando: «Nós vamos cumprir. Esperamos que o Governo também o faça», revela a Prensa Latina.
Por outro lado, Jiménez deixou claro que «ninguém renunciou às suas ideias», enfatizando que o confronto será agora político, sem violência, «como parte de um esforço para promover a convivência pacífica, o respeito e a tolerância».
O dirigente máximo das FARC-EP, para quem os acordos alcançados em Cuba e ontem firmados em Cartagena possuem «um enorme significado para o país», afirmou ainda que a «Colômbia necessita de transformações profundas e de um renascimento ético» e defendeu «uma pátria inclusiva a nível económico, político e social».
«Perante governantes do continente e de outras personalidades, selamos o nosso compromisso de paz e reconciliação», acrescentou o líder insurgente, pouco antes de pedir perdão aos afectados pela guerra, informa a Prensa Latina.
«O melhor acordo possível»
Na sua intervenção, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, elogiou o acordo assinado com as FARC-EP e afirmou que, apesar de «todos os pactos (…) serem imperfeitos, o alcançado é o melhor possível».
Na mesma linha, disse que «o mundo celebra o importante acordo», pois, a partir de ontem, há uma guerra a menos – a da Colômbia –, tendo sublinhado que as vidas que se irão salvar justificam, por si só, a assinatura do convénio.
O actual inquilino da Casa de Nariño, em Bogotá, agradeceu ainda o apoio internacional aos esforços realizados na busca da paz para o país sul-americano e deu as boas-vindas aos membros das FARC-EP que regressam à vida civil.
Apoio da ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, felicitou os colombianos pelo desenlace das conversações de paz entre o Governo e as FARC-EP, e agradeceu aos países que apoiaram as negociações em Havana: Cuba e Noruega, como garantes, Chile e Venezuela, como acompanhantes.
Ban Ki-moon afirmou que foi uma honra para a comunidade internacional ter ajudado aqueles que tornaram possível «este acordo memorável» e reafirmou o apoio da ONU aos esforços em prol de uma paz estável e duradoura na Colômbia, recordando que as Nações Unidas irão financiar e coordenar uma missão política que terá a seu cargo a supervisão do cessar-fogo bilateral e a entrega das armas ou o desarmamento desta guerrilha, revela a Prensa Latina.
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