O estado do Amapá, junto à fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname, está há 21 dias em modo de apagão, sem que as autoridades consigam restabelecer o serviço de fornecimento de energia eléctrica.
Para piorar este cenário de privação de direitos essenciais, na madrugada de segunda-feira choveu muito na capital, Macapá, que registou inundações em várias ruas do centro.
O Bairro Brasil Novo, onde tinha sido possível restabelecer temporariamente o fornecimento de energia eléctrica, voltou a sofrer cortes, provocados pelas precipitações fortes. Vários postes entraram em curto-circuito, informa o Brasil de Fato.
Sobre esta situação, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) afirmou, numa nota, que «a situação foi causada pela ventania após uma tempestade que ocorreu na capital no domingo (22)». O prazo para o restabelecimento total da energia é o fim deste mês.
Bolsonaro vaiado e denunciado
O presidente brasileiro, que não se tinha pronunciado sobre a situação dos amapaenses desde o início da crise energética, deslocou-se no sábado passado a Macapá, para pôr em funcionamento dois geradores termoeléctricos da Unidade Termoeléctrica Santana II.
A medida, autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, prometia ser uma solução temporária para o regresso da população à normalidade. Contudo, dos 45 megawatts contratados, apenas 20 foram ligados, pelo que a população se mantém no apagão e em sistema de utilização rotativa.
Jair Bolsonaro fez questão de chegar à cidade sem máscara, tal como membros da sua comitiva, apesar de as autoridades sanitárias terem registado um aumento de 250% de casos de infecção por Covid-19 no estado. Ele e a sua comitiva foram vaiados e insultados nas ruas de Macapá.
No dia anterior, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Terra de Direitos denunciaram o presidente brasileiro junto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que integra a Organização de Estados Americanos (OEA), indica o portal Brasil de Fato.
De acordo com a imprensa, que divulgou a denúncia esta segunda-feira, ambos os organismos pediram à CIDH que se pronuncie por forma a garantir a defesa da vida e da integridade física das comunidades quilombolas do estado do Amapá, afectadas pelo apagão.
Crise energética no Amapá
O apagão começou no passado dia 3, deixando 13 dos 16 municípios do estado completamente no escuro. Depois disso, as pessoas passaram quatro dias sem luz, água e outros serviço essenciais.
No dia 7, teve início o funcionamento de um sistema rotativo, em que a havia e deixava de haver luz consoante um cronograma elaborado pela CEA. No entanto, refere o Brasil de Fato, várias pessoas afirmam que o sistema nunca funcionou como o previsto.
No dia 17, a população enfrentou outro apagão geral, ficando novamente na escuridão. As autoridades prevêem que a situação esteja normalizada no próximo dia 26.
Fornecimento normalizado
Um transformador levado para a capital do estado do Amapá começou a funcionar esta terça-feira, segundo informação divulgada pela Linhas de Macapá Transmissora de Energia.
Por seu lado, a CEA, responsável pela distribuição, confirmou que o fornecimento de energia eléctrica tinha sido restabelecido a 100% nos 13 municípios do estado que estavam sem luz desde 3 de Novembro, há 22 dias. O apagão afectou 750 mil pessoas, refere o Brasil de Fato.
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