Numa nota emitida esta semana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Síria denuncia que a declaração do governo alemão sobre a visita à Alemanha do «líder da organização terrorista Capacetes Brancos reafirma o envolvimento do executivo germânico na agressão à Síria e no apoio a organizações terroristas e grupos filiados».
Por via da manipulação mediática e da desinformação, as autoridades alemãs justificam a presença no país de Raed al-Saleh, que lidera uma organização há muito apontada pelo governo de Damasco como «ramificação da Al-Qaeda e da Frente al-Nusra em várias partes» do país árabe.
Para a Síria, tais factos «constituem uma violação flagrante das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas relativas ao combate ao terrorismo» e fazem parte das «campanhas de distorsão dos factos e de revisão dos conceitos transformadas em sinónimo da guerra traiçoeira» movida contra o país árabe «pelos países hostis», lê-se na nota, divulgada pela agência SANA.
Tudo isto se passa mesmo depois de o Ministério do Interior alemão ter declarado que al-Saleh está ligado a grupos terroristas e, segundo refere a nota, se ter oposto à visita.
Ligações ao terrorismo, apoios do Ocidente e de Israel
De acordo com dados amplamente divulgados pela imprensa, os Capacetes Brancos foram fundados pelo ex-oficial do Exército britânico James Le Mesurier, através da empresa fantasma Mayday Rescue, registada nos Países Baixos e com escritórios em Amesterdão, nos Emirados Árabes Unidos, na Jordânia e na Turquia.
Ao ser entrevistado, em Setembro de 2018, pela agência turca Anadolu, al-Saleh evitou tratar Le Mesurier como fundador dos Capacetes Brancos, mas reconheceu que a Mayday Rescue era uma das organizações que os apoiavam, tal como diversas instituições e organismos turcos, canadianos, do Catar e da Europa.
Disse ainda que era apoiado financeiramente por países como o Reino Unido, os Estados Unidos, o Catar, a Holanda, a Dinamarca e a Alemanha, e que um acordo com França estava na fase de assinatura.
Nem naquela ocasião nem depois da morte de Le Mesurier, em Novembro de 2019, em Istambul, al-Saleh se referiu ao papel desempenhado na criação dos Capacetes Brancos pelo ex-oficial britânico, que o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros acusou de ter integrado os serviços secretos britânicos e de ter estado ligado a grupos terroristas no Kosovo.
Em Julho de 2018, em plena operação de libertação do Sudoeste do país por parte do Exército sírio, centenas de membros dos Capacetes Brancos foram «salvos» por Israel, que os levou para a Jordânia. O governo deste país declarou ter aceitado a operação na medida em que o Reino Unido, o Canadá e a Alemanha tinham aceitado acolhê-los como refugiados.
Ainda em 2018, a Fundação para o Estudo da Democracia, sediada na Rússia, apresentou na ONU os resultados de uma investigação sobre a acção dos Capacetes Brancos na Síria, vincando a ligação do grupo ao terrorismo.
De acordo com o director da fundação, Maxim Grigoriev, os Capacetes Brancos trabalham com grupos terroristas na Síria, roubam órgãos às vítimas que fingem estar a evacuar, participam na encenação de falsos ataques com armas químicas e outro tipo de ataques, e saqueiam as casas dos sírios mortos e feridos na guerra.
A este propósito, o então o representante permanente da Rússia junto das Nações Unidas, Vassily Nebenzia, disse entender que os Capacetes Brancos sejam defendidos no Ocidente. «Tem lógica proteger um investimento», frisou.
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