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Aumentam os apelos à mobilização geral no Haiti

À medida que se aproxima 7 de Fevereiro, a data em que oposição defende que o presidente haitiano deve abandonar o cargo, partidos e organizações sociais apelam a um levantamento geral no país.

Manifestantes exigem a renúncia de Jovenel Moise no Haiti
Créditos / Resumen Latinoamericano

O Movimento Popular Dessaliniano (Mopod) pediu à população que amanhã se revolte contra aquilo a que chama «regime corrupto e ilegítimo», para depois promover um acordo político entre diferentes sectores da vida nacional que permita alcançar a estabilidade no país caribenho.

«Se não há estabilidade num país, não há investimento; sem investimento, não existe desenvolvimento e sem desenvolvimento é impossível melhorar as condições de vida das pessoas», disse o coordenador-geral do Mopod, André Victor, citado pela Prensa Latina.

O agrónomo acusa o presidente haitiano, Jovenel Moïse, de não fomentar a produção e de afundar o país na miséria. Como ele, outros dirigentes da oposição defendem um calendário de mobilizações que levem à saída do presidente – que tem o apoio das Nações Unidas e da Organização de Estados Americanos (OEA) – e permitam a instauração de um governo transitório, cuja legitimidade, defendem, será alcançada pela via do acordo.

Além do Mopod, o Sector Democrático e Popular, bem como a Direcção da Oposição Democrática, convocaram protestos em defesa da democracia e da Constituição para amanhã, dia 20, 22, e de 1 até 7 de Fevereiro, dia em que se assinala o fim da ditadura (1986) e em que o presidente costuma tomar posse.

No entanto, Moïse, que assumiu o cargo a 7 de Fevereiro de 2017, por um período de cinco anos, já pôs de parte a sua saída num futuro próximo, tendo afirmado que estará à frente da Presidência enquanto se realizarem as mudanças de que o país necessita e que 2021 é um ano crucial para o Haiti.

Há uma semana, o Conselho Eleitoral Provisório (CEP) – legalizado por decreto presidencial – anunciou que terá lugar a 25 de Abril um referendo para aprovar uma nova Constituição e marcou para 19 de Setembro a primeira volta das eleições presidenciais e legislativas, alterando o calendário eleitoral.

Estes anúncios, bem como a atribuição, por decreto, de um enquadramento jurídico ao CEP, mereceram o repúdio imediato da oposição. O partido Ayiti ak Aksyon (Haiti em Acção) sublinhou a inconstitucionalidade do referendo e o partido Organização do Povo em Luta qualificou o anúncio do CEP como uma «comédia», tendo exigido que o chefe de Estado abandone já o cargo.

Apelo ao fim da ingerência

Num país marcado pela grande instabilidade política, a pobreza, a desigualdade social e a violência – com o actual presidente a ser acusado de a fomentar ou de não lhe fazer frente –, mereceu também bastantes críticas, por parte da oposição, o apoio expresso pela OEA e a ONU a Jovenel Moïse.


O ex-ministro da Justiça e dirigente da oposição Paul Dénis pediu a estes organismos internacionais que cumpram as normas e os princípios que defendem, porque observa neles o «malicioso prazer» de apoiar «uma ditadura a brotar» no Haiti, informa a TeleSur.

«É tempo de se distanciarem. As pessoas dizem que são incapazes de continuar a viver nestas condições desumanas», disse Dénis, ao considerar que o secretário-geral de la OEA, Luis Almagro, se encaminha para o «caixote de lixo da história».

Um outro ex-ministro da Justiça, Camille Leblanc, afirmou: «Almagro não tem nada para nos ensinar. Na verdade, esteve sempre do lado de Jovenel Moïse. O povo haitiano sabe como lutar.»

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