Pedro de la Hoz, vice-presidente da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba (Uneac), disse à Prensa Latina que o tema «Patria y Vida», gravado em Miami (EUA) por vários artistas cubanos e recentemente lançado nas redes sociais, «vai contra ambas as coisas».
Os cantores Yotuel Romero, Descemer Bueno, El Osorbo, El Funky e o grupo Gente de Zona juntaram-se para lançar a peça que tem na letra frases como «¡Ya no gritamos Patria y muerte, sino Patria y Vida!», «el Pueblo pide libertad, no más doctrina» ou «Cuba es de toda la gente».
De la Hoz afirmou que o ritmo da canção «cola» e a melodia visa «chamar a atenção dos públicos juvenis e daqueles que foram seus seguidores», mas, em sua opinião, está «condenada de antemão a ser um fenómeno efémero propagandístico e nada mais» – e, não sem ironia, lembrou as palavras do cineasta cubano Julio García Espinosa de acordo com as quais «a fama e o talento nem sempre andam juntos».
Por seu lado, o escritor e presidente da Casa das Américas, Abel Prieto, escreveu na sua conta de Twitter que a canção é um «panfleto musical» que pretende suplantar a partir dos EUA o «cativante "Patria o muerte" dos cubanos». E acrescentou: «Se há país neste mundo que pode falar com orgulho da defesa da vida, é Cuba. Nada mais triste que um coro de anexionistas a atacar a sua terra».
Em declarações à agência Prensa Latina, o intelectual afirmou que «Cuba não renunciará ao lema Patria o Muerte, uma declaração de princípios do líder histórico da Revolução, Fidel Castro», lançada a 5 de Março de 1960, no enterro das vítimas da acção de sabotagem contra o vapor francês La Coubre [vídeo aqui].
«Parece uma piada macabra falar de pátria e vida a partir da Florida»
«São músicos populares e foram seleccionados por isso. O tema possui uma mensagem política aberta e sem matizes. Torna-se um cúmulo de lemas e uma espécie de balanço, a partir do ressentimento, de 60 anos de Revolução, com insultos próprios da pior propaganda anti-cubana», disse Prieto.
A este propósito, o ex-ministro da Cultura sublinhou que a juventude do país caribenho recebe uma «chuva incessante de mensagens da indústria hegemónica do entretenimento» e das redes sociais que apelam ao desconhecimento da História.
«Se não se olha para trás, perde-se o fio do itinerário nacional e as bases da construção do presente e do futuro. A canção reafirma um dos desejos dos inimigos da Revolução: que a acção dos movimentos subversivos se mantenha viva e adquira uma certa credibilidade ou legitimidade no povo», advertiu Prieto, sublinhando que os inimigos «não vão conseguir alcançar a tão ansiada fractura geracional» em Cuba.
«Parece uma piada macabra falar de pátria e vida a partir da Florida, onde tantas pessoas são desconsideradas durante o genocídio quotidiano que é o capitalismo e o neoliberalismo, independentemente da componente traumática que representa a crise epidemiológica mundial», disse ainda o escritor cubano.
«Patria o Muerte»: Cuba é «pátria e liberdade»
Durante o funeral das vítimas da acção terrorista contra o La Coubre, em Março de 1960, Fidel Castro, proclamou em Havana uma divisa de luta: «ahora libertad quiere decir algo más todavía: libertad quiere decir patria. Y la disyuntiva nuestra sería ¡Patria o Muerte!»
As palavras do líder histórico da Revolução cubana ganharam vida e vigência esta quinta-feira na rede social Twitter, onde diversas instuições, figuras ligadas à Cultura e personalidades de outros sectores deixaram mensagens em defesa do seu pensamento, da expressão de liberdade e da rejeição a qualquer tentativa de agressão e manipulação.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, evocou a canção «Pequeña serenata diurna», de Silvio Rodríguez, para afirmar os conceitos de «pátria e liberdade» legados por Fidel. Na sua conta de Twitter, disse que «assim se canta a Pátria» e partilhou um excerto da letra: «vivo en un país libre, cual solamente puede ser libre, en esta tierra, en este instante, y soy feliz porque soy gigante».
Outra figura a pronunciar-se foi o ministro da Cultura, Alpidio Alonso Grau, referindo que, «quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros que têm em si o decoro de muitos homens. Aquí no se rinde nadie! Patria o Muerte!».
Por seu lado, o coordenador dos Comités de Defesa da Revolução, Gerardo Hernández, destacou a falta de novidade de uma «patranha» como esta: «Não se espantem com nada... Há pessoas para quem a pátria é o sítio onde mais lhe pagam. Estarão sempre dispostas a viver dela, jamais a morrer por ela.»
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