Em comunicado, o Ministério boliviano dos Negócios Estrangeiros afirma que o posicionamento expresso este sábado pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, é «uma manifestação infeliz de ingerência e não contribui para desenvolver uma relação de mútuo respeito».
Para a diplomacia do país sul-americano, as afirmações de Washington contra a prisão preventiva da ex-presidente golpista e dos seus ex-ministros «não correspondem a uma informação objectiva». Tais declarações «atentam precisamente contra a institucionalidade que pretendem defender», refere a nota.
O Ministério lembrou que, depois «da ruptura da ordem constitucional», em Novembro de 2019, a Bolívia «recuperou» a democracia com a eleição de Luis Arce para a Presidência da República, a 18 de Outubro de 2020, tendo sido então reposta «a plena vigência dos direitos e garantias constitucionais e os definidos pelo direito internacional dos direitos humanos».
A ex-presidente «de facto» e outros participantes no golpe de Estado que derrubou Evo Morales são acusados de «sedição e terrorismo». A ex-presidente «de facto» Jeanine Áñez presa na madrugada de sábado em Trinidad, na Bolívia, tendo sido transferida para La Paz, onde será ouvida pela Força Especial de Luta Contra o Crime (FELCC) sobre os seus vínculos ao golpe de Estado que derrubou o presidente eleito Evo Morales em 2019, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI). A sua detenção foi anunciada pelo ministro de Governo, Eduardo del Castillo, que agradeceu o trabalho das diversas forças policiais envolvidas «nesta grande e histórica tarefa de fazer justiça ao povo boliviano». Na sexta-feira, pela mesma razão, tinham sido detidos os ex-ministros da Justiça e da Energia, respectivamente Álvaro Coímbra e Rodrigo Guzmán. A Procuradoria Departamental de La Paz emitira, no mesmo dia, uma ordem de prisão contra a ex-presidente e vários dos seus ministros, por existirem elementos suficientes para acusação», a respeito da provável «participação dos acusados nos delitos de terrorismo, sedição e conspiração», e por terem «um fluxo migratório activo», fazendo recear risco de fuga. São também procurados pelas autoridades o ex-comandante da Polícia, coronel Yuri Calderón, e o ex-comandante das Forças Armadas, general Williams Kaliman Romero, e outros participantes na conspiração, entre os quais se contam os ex-ministros Arturo Murillo, Yerko Núñez e Fernando López. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Golpistas presos na Bolívia
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Este tipo de declarações de Blinken, denuncia o governo boliviano, «transgride o princípio de não ingerência» previsto no Acordo Quadro de Relações Bilaterais de Mútuo Respeito e Colaboração subscrito pelos Estados Unidos da América e o Estado Plurinacional da Bolívia.
Esse documento, de 7 de Novembro de 2011, estabelece de forma expressa que ambos os países têm «o dever de se abster de intervir em assuntos internos de outro Estado»; por isso, o governo do país andino-amazónico apela ao «cumprimento das obrigações assumidas».
O texto reafirma ainda a predisposição do governo da Bolívia para «manter e reforçar as suas relações de amizade com toda a comunidade internacional, com base no respeito pela sua soberania e autodeterminação».
Recorde-se que as autoridades bolivianas decretaram a prisão preventiva e o processamento judicial da ex-presidente golpista Jeanine Áñez e dos seus ex-ministros de Justiça, Álvaro Coímbra, e da Energia, Rodrigo Guzmán, acusados no âmbito do caso do golpe de Estado de 2019.
Este factos levaram o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a manifestar este sábado a sua preocupação sobre alegados «sinais de comportamento anti-democrático e a politização do sistema legal na Bolívia».
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