Na sua página oficial, o Sport Lisboa e Benfica anunciou este mês que estabeleceu uma parceria com a Academia Israelita de Excelência no Futebol (AFEX). A ligação, «inserida no projecto de expansão internacional» do clube, «visa a realização de Campos de Futebol, em Telavive, entre 25 e 29 de Julho próximo».
«Treinadores do Sport Lisboa e Benfica vão trabalhar em conjunto com treinadores israelitas, garantindo o acompanhamento metodológico de todas as actividades e assegurando que todos os participantes vão poder ter a experiência única de fazer parte de um projecto que é referência mundial no desenvolvimento de jovens jogadores de futebol», explica o clube.
A este propósito, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) sublinha que «nenhuma ligação ao futebol de Israel pode ignorar o comprometimento das suas estruturas com a política de colonização, apartheid e limpeza étnica praticada pelo Estado de Israel sobre a população palestiniana dos territórios ocupados».
Desafiando as regras da UEFA, apoiantes do Celtic mostraram bandeiras da Palestina no jogo que a equipa escocesa disputou esta quarta-feira com a equipa israelita do Hapoel Beer Sheva, a contar para a 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Centenas de apoiantes do Celtic Football Club, muitos dos quais organizados na Green Brigade [Brigada Verde], fizeram questão de mostrar a sua solidariedade com a Palestina e denunciar o apartheid israelita, durante o jogo que esta quarta-feira opôs, em Celtic Park (Glasgow), a equipa local ao clube israelita Hapoel Beer Sheva. A mobilização para a acção solidária com a luta do povo palestiniano, demonstrativa da exigência do reconhecimento do Estado palestiniano e do repúdio pela opressão diária, o apartheid, o colonialismo que sofrem às mãos dos israelitas, foi organizada antecipadamente nas redes sociais, sob o lema «Fly the flag for Palestine, for Celtic, for Justice» [«Mostra uma bandeira pela Palestina, pelo Celtic, pela Justiça»], informam o Brasil de Fato e o 5Pillars. No dia do jogo, antes do pontapé de saída, activistas do grupo Palestinian Alliance [Aliança Palestiniana] distribuíram bandeiras e panfletos informativos sobre a Nakba [Catástrofe], em 1948, que marcou o início da «limpeza étnica e da expulsão de milhões de palestinianos das suas terras», para dar lugar à criação do Estado sionista. Os apoiantes do Celtic tinham sido avisados pelas autoridades escocesas que, se exibissem bandeiras da Palestina dentro do estádio, podiam ser detidos. Mas a solidariedade com o povo palestiniano falou mais alto e, tal como noutras ocasiões, os adeptos deste clube escocês, fundado por imigrantes irlandeses e com uma identidade muito ligada à luta de libertação do povo irlandês, mantiveram-se firmes perante as ameaças. O Celtic poderá agora enfrentar um processo disciplinar por parte da UEFA e ser multado. A verificar-se, não é a primeira vez que o Celtic é sancionado pelo facto de os seus apoiantes se mostrarem solidários com a Palestina. Em 2014, enquanto Israel massacrava os palestinianos em Gaza – mais de 2000, na operação «Margem Protectora» –, os adeptos do Celtic mostraram bandeiras da Palestina no jogo contra o KR Reykjavik. O clube foi multado em 16 mil libras. A política da UEFA A UEFA proíbe a exibição de «mensagens políticas» nos seus jogos e recorre com frequência ao Art. 16 (2e) do Regulamento Disciplinar para punir os clubes pela exibição de bandeiras ou faixas. A bandeira da Palestina entra na categoria de «mensagem política» e vale punições pesadas – como de resto e a título de exemplo, também tem valido a da Catalunha. No entanto, os critérios da UEFA têm os seus «quês». Basta lembrar que, quando os adeptos do Ajax exibiram uma grande bandeira de Israel – e já o fizeram mais que uma vez –, o artigo referido do regulamento disciplinar não foi aplicado ao clube de Amesterdão. Questionado sobre estes «pesos e medidas», Mick Napier, da Campanha Escocesa de Solidariedade com a Palestina, disse ao 5Pillars que é «difícil entender as questões do lobbying», mas que «o posicionamento da UEFA se enquadra num contexto mais vasto de tentativas de criminalização do apoio aos palestinianos e ao movimento BDS [Boicote, Desinvestimento e Sanções]». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Frente às ameaças de detenção e multas
Solidariedade com a Palestina presente em Celtic Park
Contribui para uma boa ideia
Lembra igualmente que nenhuma ligação ao futebol de Israel pode obviar a situação dos atletas palestinianos, designadamente aqueles que integram a selecção de futebol da Palestina, que são «sistematicamente impedidos por Israel de treinar e participar em competições, tanto em casa como no estrangeiro».
O MPPM afirma ainda que nenhuma ligação ao futebol de Israel pode ignorar que o «Exército israelita impede o normal decurso das competições oficiais, reconhecidas pela FIFA, nos territórios palestinianos ocupados em 1967», da mesma forma que «ataca, prende e assassina atletas palestinianos, e destrói estádios e infra-estruturas desportivas».
O clube português deve abster-se de cooperar com quem promove o apartheid israelita
Na nota de imprensa que ontem emitiu, o MPPM recorda que a Adidas, um dos principais patrocinadores do futebol do Benfica, foi também patrocinador da Associação de Futebol de Israel (IFA), tendo posto fim a esse patrocínio em 2018, na sequência de uma campanha iniciada por mais de 130 clubes palestinianos, com amplo apoio internacional.
Com a campanha, os promotores denunciavam a ligação da IFA à política de ocupação e colonização de Israel, por incluir seis clubes sedeados em colonatos ilegalmente construídos em territórios palestinianos ocupados.
Neste sentido, o MPPM insta o Sport Lisboa e Benfica a abster-se de cooperar com as estruturas de futebol do Estado de Israel e a denunciar a parceria com a AFEX, cancelando os Campos de Futebol programados para o final de Julho.
O movimento solidário lembra ao clube português que, nos seus estatutos, interdita a diferenciação «em razão da raça, género, sexo, ascendência, língua, nacionalidade ou território de origem, condição económica e social e convicções políticas, ideológicas e religiosas», pelo que, defende, «tem o direito e dever de exigir igual comportamento aos seus parceiros».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui