A acção solidária deste sábado em Madrid, convocada e coordenada pela iniciativa Marcha Saarauí e a delegação da Frente Polisário em Espanha, surgiu na sequência do reinício da guerra no Saara Ocidental e, segundo os organizadores, quis mostrar o «apoio firme» dos espanhóis «aos seus irmãos saarauís».
Com palavras de ordem como «Viva a luta do povo saarauí», «Basta de violações dos direitos humanos», «Não ao saque dos recursos naturais do Saara Ocidental» e «Referendo já», a manifestação percorreu as ruas de Madrid entre a Praça de Espanha e a Porta do Sol, onde representantes sindicais, políticos, sociais e da cultura expressaram a sua solidariedade à luta do povo saarauí.
De acordo com o portal insurgente.org, a mobilização serviu para lembrar as «responsabilidades históricas» de Espanha e exigir ao governo espanhol uma atitude «clara e firme» contra a «ocupação ilegal» do Saara Ocidental, reclamar uma «paz justa» para o povo saarauí e pedir à comunidade internacional que intervenha de forma urgente.
Numa conferência virtual, o movimento africano de solidariedade com o povo saarauí instou vários organismos a proteger os civis da repressão marroquina e a acelerar a libertação do Saara Ocidental. O apelo às Nações Unidas, à União Europeia (UE), à União Africana (UA) e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha foi lançado no contexto da conferência virtual realizada esta quarta-feira para celebrar o 45.º aniversário da proclamação da República Árabe Saarauí Democrática (27 de Fevereiro de 1976). O evento contou com a participação de dignatários africanos, representantes de partidos políticos, sindicatos, organizações não governamentais, académicos, representantes de organizações juvenis, mulheres e órgãos de comunicação de dezenas de países, que expressaram o seu «apoio firme e inalterável à legítima luta do povo da República Saarauí pela sua independência e liberdade», informa o portal ecsaharaui.com. O movimento solidário africano fez um apelo «a todos os panafricanistas, amantes da paz e da liberdade para que permaneçam ao lado do povo da última colónia africana, já que África nunca será livre enquanto um dos seus países for ocupado e brutalizado». Neste sentido, os participantes instaram também os países africanos, os partidos políticos, sindicatos, organizações de mulheres e de jovens, e os meios de comunicação africanos a dar mais visibilidade e atenção «à heróica resistência do povo africano do Saara Ocidental» «A nova geração de África não pode permitir que os nossos irmãos e irmãs do Saara Ocidental fiquem abandonados nesta luta pela liberdade», lê-se no comunicado final do encontro, que pede à UA que assuma a sua responsabilidade de impor o respeito pela sua Acta Constitutiva e, assim, obrigar Marrocos a pôr fim à ocupação ilegal de partes do território da República Saarauí. No que respeita aos recursos naturais, os participantes pediram «à UE que ponha fim à violação da sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre a exploração ilegal dos recursos naturais no Saara Ocidental», considerando que o bloco europeu, ao fazer acordos comerciais com Marrocos, contribui directamente para a ocupação ilegal e as violações dos direitos humanos nos territórios ocupados. «A UE devia fazer parte da solução para o conflito e não do problema», sublinharam. Sobre os acontecimentos mais recentes e actuais, o movimento africano solidário recordou que «o Saara Ocidental é uma zona de guerra desde 13 de Novembro de 2020, devido à violação marroquina do cessar-fogo e ao ataque contra civis saarauís na região de El Guerguerat, informa a mesma fonte. Os participantes instam o Comité Internacional da Cruz Vermelha e a Comissão de Direitos Humanos e dos Povos da UA a intervir de imediato para proteger os civis saarauís das «violações sistemáticas de direitos humanos por parte de Marrocos nos territórios ocupados» e, ao abordarem a situação dos presos saarauís nas cadeias marroquinas, solicitaram a «libertação incondicional de todos os presos políticos e lutadores pela liberdade». Ao assinalar o 45.º aniversário da proclamação da RASD, o movimento africano de solidariedade com o povo saarauí comprometeu-se a continuar a apoiá-lo na «sua legítima luta pela liberdade e a independência», bem como a reforçar a coordenação para «promover todas as iniciativas e acções africanas nesse sentido». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Saara Ocidental: África não será livre enquanto for «ocupada e brutalizada»
«UE devia fazer parte da solução, não do problema»
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A mobilização, que contou com uma forte presença saarauí – delegação da Frente Polisário em Espanha, diáspora e organizações de massas –, recebeu o apoio de vários partidos políticos espanhóis, que reclamaram à União Europeia, às Nações Unidas e ao governo espanhol a adopção de medidas face à «violação dos direitos humanos» por parte do ocupante marroquino, bem como o cumprimento das resoluções aprovadas nas Nações Unidas e o exercício do direito à autodeterminação no Saara Ocidental.
Na Porta do Sol, no final da Marcha, foram evocados os 45 anos de ocupação e o «silêncio» que ela impõe ao povo saarauí. Por isso, refere o Sahara Press Service, os organizadores destacaram como fundamental «derrubar o muro mediático que faz com que a última colónia de África ainda seja desconhecida para uma grande parte da população».
Pelo palco passaram personalidades de várias áreas da sociedade e o discurso final coube ao delegado da Frente Polisário no Estado espanhol, Abdullah al-Arabi, que sublinhou a dimensão «histórica» da mobilização e que a luta deve continuar até à libertação total do Saara Ocidental.
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