|Vila Franca de Xira

Persistem os protestos contra a gerência do CBEI

Os sócios, pais, trabalhadores e comunidade em geral desfilaram nas ruas da cidade de Vila Franca de Xira para contestar o actual rumo do Centro de Bem-estar Infantil (CBEI). Queixas vêm-se acumulando.

Pais, trabalhadores e sócios do Centro de Bem-estar Infantil de Vila Franca de Xira protestaram frente à Câmara Municipal no dia 8 de Julho de 2021 
Créditos / Os Pais do CBEI

O desfile teve lugar na passada quinta-feira, dia 8 de Julho, entre as instalações do CBEI e o Largo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Foi esta a forma de protesto, decidida pelos sócios desta IPSS em reunião, encontrada para fazer valer a sua posição.

Em causa está a recusa da direcção desta instituição em realizar a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que já foi solicitada, cumprindo todos os formalismos, duas vezes. «Os sócios do CBEI entregaram, novamente, no passado dia 31 de Maio, um novo pedido de AGE, subscrito pelo número regulamentar de sócios, baseado nas preocupações que têm quanto à degradação da instituição».

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Pais exigem eleições em centro infantil de Vila Franca de Xira

Face à degradação financeira do Centro de Bem Estar Infantil (CBEI) de Vila Franca de Xira, pais e sócios exigem a marcação de eleições para todos os órgãos sociais, «o mais depressa possível».

Criada em 1997, a cooperativa de solidariedade social dispõe de vários espaços que funcionam 24 horas por dia, entre estes várias creches, um centro de acolhimento temporário para menores em risco, o lar de jovens e a casa abrigo para mulheres e crianças em situação de risco
Créditos / Pixabay

Pais e sócios do CBEI decidiram a marcação de um «Abraço ao CBEI – Eleições Já!», uma acção de solidariedade para exigir o cumprimento dos estatutos e a vontade dos associados, e que a marcação de eleições para todos os órgãos sociais do CBEI aconteça «o mais depressa possível».

A concentração de solidariedade, inicialmente marcada para 21 de Março, foi adiada tendo em conta as decisões relativas à pandemia do novo coronavírus.

Num comunicado de imprensa, a que o AbrilAbril teve acesso, lê-se que, após a entrega de um requerimento a pedir a marcação de uma assembleia-geral extraordinária (AGE), no passado dia 22 de Fevereiro, os sócios do CBEI «viram esse direito estatutário ser-lhes negado pela Mesa da Assembleia Geral (MAG)».

Em causa está a «degradação da situação financeira da instituição» que, segundo a nota, «culminou na existência de salários em atraso», denunciada  mais uma vez pelos trabalhadores e encarregados de educação na vigília realizada em Fevereiro, acompanhada do «gasto de dezenas de milhares de euros em projectos de geriatria que nunca passaram do papel e só causaram prejuízo à instituição».

Afirmam que, «apesar da manutenção de receitas e da diminuição do pessoal afecto às valências relacionadas com a infância», o passivo duplicou em três anos. Simultaneamente, denunciam a «ocultação da real situação financeira da instituição», tendo em conta que, «ainda em Novembro, tinha sido apresentado um orçamento que previa um resultado positivo superior a 30 mil euros».

Outras questões a preocupar pais e encarregados de educação do CBEI passam pela «degradação visível das condições materiais da instituição» e pela diminuição da oferta às crianças, ilustrada com o fim da ginástica no pré-escolar e no ATL, a par de «uma prática de prepotência» da administração para com os trabalhadores, pais e sócios. 

Na assembleia-geral de 22 de Fevereiro foi entregue à MAG um abaixo-assinado de 541 sócios, trabalhadores, pais e amigos do CBEI pedindo a demissão dos órgãos sociais. Perante isto, afirmam que é «absolutamente falso o argumento usado para recusar a marcação de nova assembleia, de que não haveria fundamentação para esse pedido».

«Como bem sabem, os órgãos sociais do CBEI, os estatutos da instituição não exigem que o pedido de AGE seja fundamentado, apenas que seja assinado por 10% dos sócios de pleno direito», explicam na nota. A invocação de que o pedido não teria sido feito pelo número suficiente de sócios é outro aspecto a gerar contestação. 

Revelam que na convocatória para a AGE de 22 de Fevereiro era prometida a «apresentação de medidas estratégicas [....] para a resolução dos problemas identificados na instituição». Contudo, criticam, o presidente da direcção «limitou-se a confirmar que o CBEI passa por momentos difíceis». «Das tão aguardadas medidas, os associados foram remetidos para o Plano Estratégico aprovado no final de 2018», acrescentam.

Referem ainda que o voto de confiança pedido pela direcção foi chumbado, com 81 votos contra e apenas 18 a favor, «sendo expressivo o descontentamento» dos presentes na reunião, «que pediram por diversas vezes a demissão dos órgãos sociais».

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O pedido de nova reunião encontra-se nas mãos do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, ainda a aguardar resposta, «num claro desrespeito pelos sócios e pelos estatutos da instituição». Os pais do CBEI relembram, em comunicado divulgado ao AbrilAbril, que o «pedido de AGE, segue os trâmites sugeridos pelo Tribunal, a que os sócios tinham recorrido por causa de uma das decisões anteriores do Presidente da Mesa da Assembleia Geral».

Afirmam, concluindo, «que o CBEI é uma instituição histórica em Vila Franca e merece ter a sua continuidade assegurada, servir os interesses das crianças, respeitar os seus trabalhadores, sócios e pais [uma vez que] só com outras pessoas à frente dos destinos do CBEI será possível cumprir estes pressupostos».

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