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A chamada «síndrome de Havana» não é cientificamente sustentável

Cientistas cubanos negaram esta segunda-feira a existência de uma síndrome nova, termo usado para aludir aos incidentes de saúde reportados em 2017 por funcionários e diplomatas dos EUA destacados em Havana.

Mitchel Valdés-Sosa no decorrer da conferência de imprensa, em Havana, para desmontar o sustento científico da tese da «síndrome misteriosa» de Havana 
Créditos / oncubanews.com

Numa conferência de imprensa ontem realizada na capital cubana, Mitchel Valdés-Sosa, director-geral do Centro de Neurociências do país caribenho, afirmou que as alegações utilizadas para apoiar a matriz da existência de uma «síndrome misteriosa» não são cientificamente aceitáveis em nenhuma das suas componentes.

Apesar de não existirem provas aceitáveis que a sustentem, essa narrativa sobrevive graças a um uso enviesado da ciência, e tornou-se quase oficial pela acção de órgãos de comunicação e alguns políticos, destacou Valdés-Sosa, citado pela Prensa Latina.

«Apesar de não existirem provas aceitáveis que a sustentem, essa narrativa sobrevive graças a um uso enviesado da ciência, e tornou-se quase oficial pela acção de órgãos de comunicação e alguns políticos»

O especialista precisou que, em princípio, existem diferenças significativas entre os casos reportados até ao momento, pelo que é impossível qualificar como uma suposta «síndrome misteriosa» manifestações tão heterogéneas.

O investigador referiu-se a um informe técnico elaborado e divulgado esta segunda-feira por um grupo de especialistas da Academia das Ciências de Cuba (ACC), no qual se impugnam os argumentos que procuram sustentar a hipótese de eventuais ataques com «misteriosas armas de energia».

Os cientistas cubanos concluíram que, possivelmente, alguns funcionários norte-americanos se sentiram doentes devido a um conjunto heterogéneo de condições clínicas, algumas pré-existentes à ida para Cuba e outras adquiridas devido a causas simples ou bem conhecidas. «Muitas doenças prevalecentes na população geral podem explicar a maioria dos sintomas», afirma o relatório.

Nem investigadores cubanos nem polícias de vários países descobriram prova alguma dos «ataques»

Os cientistas sublinharam que nenhuma forma de energia conhecida pode causar selectivamente danos cerebrais (com uma precisão espacial semelhante a um raio de laser), acrescentando que as leis da física que regem o som, os ultra-sons, os infra-sons ou as ondas de radiofrequência (incluindo as micro-ondas) não o permitem.

Investigadores norte-americanos e de outros países fazem a mesma apreciação, comentou Valdés-Sosa, acrescentando que é impossível provocar tais consequências sem que outras pessoas o possam notar ou sem perturbar os dispositivos electrónicos ou causar outras lesões, como a ruptura dos tímpanos ou queimaduras na pele.

«o grupo de especialistas cubanos realizou debates à distância com cientistas de vários países. Entre eles, destacou a participação de Kenneth Foster, professor de Bioengenharia da Universidade da Pensilvânia e estudioso das micro-ondas»

Além disso, ninguém descobriu provas dos «ataques» tão propalados pela imprensa ao serviço do imperialismo: nem os estudos de campo dos investigadores cubanos, nem as investigações da Polícia Nacional Revolucionária, do FBI (EUA) e da Real Polícia Montada do Canadá descobriram tais provas.

Mitchel Valdés-Sosa sublinhou que o grupo de especialistas cubanos realizou debates à distância com cientistas de vários países. Entre eles, destacou a participação de Kenneth Foster, professor de Bioengenharia da Universidade da Pensilvânia e estudioso das micro-ondas, que realizou cálculos sobre a quantidade de energia necessária para causar danos ao cérebro, desmontando a possibilidade de tal hipótese, informa a Prensa Latina.

Valdés-Sosa, que disse que a ACC está disposta a rever as suas conclusões se surgirem provas, fez um convite a uma colaboração científica aberta, ao mesmo tempo que rejeitou a verdade estabelecida pela actual narrativa, construída sem bases sólidas e científicas, e defendeu o «imperativo ético de dissipar as teorias da conspiração descabeladas».

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