|aumento dos salários

Seguradoras somam lucros, trabalhadores fazem «malabarismo» para chegar ao fim do mês

A perder poder de compra ao longo da última década, os trabalhadores da actividade seguradora exigem aumentos salariais de 90 euros. Entretanto, as seguradoras vêem os seus lucros crescer.

Créditos / jrs.digital/

Nem a pandemia afectou a trajectória de resultados da actividade seguradora, regista o Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins (SINAPSA/CGTP-IN), através de comunicado. 

No documento, o sindicato observa que os lucros alcançados pelas empresas seguradoras foi de 302 milhões de euros, passando para mais de 458 milhões de 2020, devendo voltar a crescer este ano, tendo em conta os lucros observados no primeiro semestre: 315 milhões de euros.

A «assombrosa» perda de rendimento que se tem verificado na actividade seguradora leva a uma aproximação do salário mínimo nacional (SMN), fruto da subida deste nos últimos anos, algo que o SINAPSA diz ser «inaceitável».

O sindicato afirma que, se os salários da actividade seguradora tivessem crescido com a mesma variação do SMN (47,78%), o valor salarial actual dos assistentes/escriturários corresponderia a 1556,29 euros, em vez dos actuais 1133. 

|

Tranquilidade mais Generali é igual a despedimentos

A Generali Seguros, que tem as marcas Tranquilidade, Açoreana e Logo, abriu um processo de «rescisões amigáveis» para «adequar e redimensionar a empresa». 

A Açoreana foi integrada na Tranquilidade, formando a Seguradoras Unidas
CréditosTiago Henrique Marques / Agência LUSA

O processo arrancou esta quarta-feira e vai decorrer em duas fases. Segundo informou ontem a empresa, na primeira, que decorre até à próxima terça-feira, o grupo irá aceitar as chamadas «candidaturas voluntárias». Na segunda, levará a cabo a «cessação de contratos de trabalho por iniciativa da empresa – após análise das candidaturas voluntárias». 

Na comunicação assinada pelo Comité Executivo do grupo, argumenta-se que o objectivo, depois da junção das companhias, passa por «adequar e redimensionar a empresa para responder aos desafios de solidez, competitividade e sustentabilidade financeira, preparando-a para enfrentar as actuais e futuras condições de mercado». 

No passado dia 1 de Outubro, as seguradoras Tranquilidade e Generali concluíram o processo de fusão das suas actividades em Portugal, depois de o grupo italiano ter comprado a Tranquilidade, no início deste ano.

Na informação enviada aos trabalhadores, a Generali dava conta de que «foi decidido, neste contexto, avançar com um plano de optimização e redimensionamento», partindo de um «processo de adesão voluntária aberto a todos» os trabalhadores que a ele «pretendam livremente aderir, embora sujeita à aprovação da companhia».

A Tranquilidade, recorde-se, foi uma marca do Grupo Espírito Santo (GES), tendo passado para o Novo Banco aquando da resolução do banco de Ricardo Salgado. Em 2015, foi comprada pelo fundo de investimento norte-americano Apollo, que um ano depois adquiriu também a seguradora do universo Banif (Açoreana), antes da resolução do banco, formando o grupo Seguradoras Unidas (Tranquilidade, Açoreana e Logo). Foi este grupo que a italiana Generali Seguros comprou em Janeiro. 

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

«A agravar a situação temos ainda de considerar a inflação acumulada no período de 2009 a 2021, que será de 14,65%, o que aumenta ainda mais a perda salarial dos trabalhadores de seguros», que «fazem malabarismos nos seus vencimentos para chegarem ao final do mês com dinheiro que lhes permita ter acesso aos bens essenciais».

A fim de combater a desvalorização dos salários dos funcionários dos seguros, a estrutura sindical reivindica «a instituição do salário mínimo de referência de 1150 euros, a atingir a curto prazo, de modo a contribuir para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores».

Para a concretização deste objectivo é necessário um aumento salarial de 90 euros (3 euros por dia) para todos os trabalhadores em 2022, com o sindicato a realçar que só assim será possível criar maior justiça social e dinamizar a procura interna, possibilitando desta forma o desenvolvimento da economia e a criação de emprego.

Estudos recentemente divulgados revelam que, para se aceder a bens e serviços que possibilitam uma vida digna, o salário líquido de cada membro de um agregado familiar (casal com dois filhos) deverá situar-se, pelo menos, em 1150 euros.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui