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Trabalhadores da Cofaco continuam a aguardar majoração dos apoios

«Incompreensível, lamentável e revoltante». Sindicato e ex-trabalhadores da Cofaco denunciam o facto de ainda não ter sido aplicada a majoração dos apoios sociais, prevista no Orçamento do Estado de 2020. 

Protesto contra o despedimento de 162 trabalhadores pela Cofaco, empresa conserveira, em 2018. Limitação da produção continua a ter graves consequências sociais e económicas na ilha do Pico 
Créditos / CGTP-IN

A direcção do Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comercio, Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/CGTP-IN) teve informação, através dos ex-trabalhadores da Cofaco do Pico, despedidos em 2018, de que não lhes está a ser aplicada a majoração dos apoios sociais, constituindo uma «clara e grave situação de incumprimento da lei», refere num comunicado.

Sindicato e ex-trabalhadores consideram «vergonhoso, incompreensível, lamentável e revoltante» o facto de ainda não ter sido aplicada a majoração dos apoios sociais aos ex-trabalhadores da unidade fabril da Madalena, mesmo depois de a mesma ter sido aprovada no Orçamento do Estado para 2020.

O SITACEHT regista que, de acordo com o estipulado na legislação, o referido decreto regulamentar entrava em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, ou seja, no dia 25 de Agosto de 2021. 

A Lei n.º 70/2020, de 11 de Novembro, estabelece um regime especial e transitório de facilitação do acesso, majoração de valor e prolongamento da duração de apoios sociais aos ex-trabalhadores da Cofaco Açores — Indústria de Conservas, que foram abrangidos pelo despedimento colectivo decorrente do encerramento da fábrica da Ilha do Pico, em Janeiro de 2018.

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Construção da nova fábrica da Cofaco não vai avançar

A não construção da nova fábrica da Cofaco do Pico aumenta a necessidade de apoiar socialmente os ex-trabalhadores e deve «servir de lição» para quem exerce funções governativas, afirma o sindicato.

A fábrica da Cofaco, na ilha do Pico, empregava 162 trabalhadores, na sua maioria mulheres
CréditosEduardo Costa / Agência Lusa

A denúncia é feita em comunicado pelo Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio, Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/CGTP-IN), que continua a seguir o processo dos ex-trabalhadores da Cofaco do Pico e que teve conhecimento deste facto no final da semana passada.

Sublinhando que «sempre suspeitou» que o processo da construção da nova fábrica na Madalena (Ilha do Pico) não ia avançar, o sindicato relembra que, na altura dos despedimentos em 2018, a empresa assumiu o compromisso da construção de uma nova fábrica, a estar pronta em Janeiro de 2020. As novas instalações dariam emprego a cerca de 150 trabalhadores.

A organização sindical refere ainda que este processo deve «servir de lição» para quem exerce funções governativas, uma vez que o apoio público às empresas não pode ser «um cheque em branco», devendo, pelo contrário, obrigar as empresas a contrapartidas que garantam «segurança e qualidade no emprego».

«Lamentamos a forma como este processo foi conduzido e acompanhado politicamente, não se exigindo compromissos, contrapartidas e garantias a uma empresa que recebeu tantos milhões de subsídios públicos durante tantos anos», pode ler-se na nota.

O Governo deve agora cumprir a lei e proceder à atribuição dos apoios previstos a todos os ex-trabalhadores da Cofaco do Pico, defende.

Para o SITACEHT, a não construção da nova fábrica só vem aumentar a necessidade de apoiar socialmente os ex-trabalhadores, que estão confrontados com «a terrível realidade» de não existir qualquer outro «projecto mobilizador com dimensão económica, social para o desenvolvimento do Pico».

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Entretanto, refere o sindicato, com o decreto regulamentar n.º 5/2021, procedeu-se ao estabelecimento dos termos e condições pelos quais se garantia, transitoriamente, a facilitação do acesso, a majoração do valor e o prolongamento da duração dos apoios sociais previstos na referida lei aos ex-trabalhadores da Cofaco.

«É inexplicável que o Governo da República, passados praticamente quatro meses, não tenha feito algo tão simples como aplicar e cumprir uma lei, como é sua obrigação», critica o SITACEHT.

A estrutura sindical já tinha alertado em Julho de 2020 que estes trabalhadores estavam a passar por momentos «muito difíceis», somando-se o facto de já não receberem ou estarem em vias de perder o subsídio de desemprego.

Neste sentido, volta a questionar o Governo sobre quando vai proceder à aplicação efectiva da regulamentação da lei, tendo em conta que a sua aplicação imediata «é fundamental» para minimizar o impacto social e económico do encerramento da Cofaco da Madalena, e consequente desaparecimento de cerca de 300 postos de trabalho directos e indirectos.  

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