|Cuba

«Não mintam mais» sobre a primeira vacina latino-americana

Recentemente, sucederam-se as informações sobre a aprovação, pela OMS, «da primeira vacina contra a Covid-19 criada na América Latina». José Manzaneda diz: «Duplamente falso.»

As autoridades sanitárias cubanas deram luz verde à primeira etapa de ensaios clínicos da vacina designada como «Soberana 01»
Cuba tem actualmente três vacinas em aplicação e duas em desenvolvimento Créditos / andina.pe

O coordenador do Cubainformación sustenta que tal asseveração é falsa, em primeiro lugar, porque a referida vacina não é «latino-americana», mas uma versão da anglo-sueca AstraZeneca, que foi agora fabricada por duas empresas privadas da Argentina e do México.

Depois, porque as três primeiras vacinas anti-Covid-19 da América Latina são cubanas – e não uma criação de empresas multinacionais, antes de laboratórios estatais da Ilha: a Abdala, criada pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana, a Soberana 02 e a Soberana Plus, concebidas pelo Instituto Finlay.

Num artigo intitulado «Não mintam mais: as três primeiras vacinas anticovid da América Latina são cubanas», Manzaneda afirma que a aplicação massiva das três desde Julho e o seu nível de eficácia (superior a 92%, no caso da Abdala) explicam que Cuba seja actualmente o segundo país em termos de percentagem de vacinação do mundo (86% com três doses), e um dos que têm menor incidência de contágios.

Lembra ainda que países como Venezuela, Nicarágua, Irão e Vietname estão a administrar as vacinas cubanas, a que se juntou ontem São Vicente e Granadinas.

O coordenador do Cubainformación sublinha o facto de a maior das ilhas Antilhas ter conseguido controlar a pandemia – de que os EUA procuraram tirar partido para gerar agitação no país –, em boa parte devido às suas vacinas.

|

Cientista italiano passou a ser docente convidado em Havana e agradeceu a Cuba

Fabrizio Chiodo, doutor em Ciências, foi distinguido com a categoria de professor convidado da Universidade de Havana por participar no desenvolvimento de vacinas anti-Covid do Instituto Finlay.

O cientista italiano Fabrizio Chiodo e a reitora da Universidade de Havana, Miriam Nicado 
CréditosEmilio Herrera / Prensa Latina

Numa cerimónia realizada na Aula Magna esta quinta-feira, Miriam Nicado, reitora da Universidade de Havana, leu a resolução que aprovou o reconhecimento ao investigador italiano, que, juntamente com cientistas do Instituto Finlay de Vacinas (IFV) e especialistas da universidade, desenvolveu o projecto das vacinas contra a Covid-19.

«A aliança com o doutor Vicente Verez Bencomo (director do IFV) e a sua equipa de trabalho dinamizou projectos conjuntos orientados para o desenvolvimento de vacinas e estudos imunológicos de tipo conjugados», refere o texto, citado pela Prensa Latina.

Por seu lado, Verez Bencomo destacou Chiodo como um defensor da ciência cubana em cenários internacionais, bem como o sentimento de solidariedade que partilham e a premissa de colocar a biotecnologia ao serviço do povo – valores formados numa casa comunista, disse.

Bencomo recordou que no início da pandemia, no ano passado, o cientista italiano viajou até à Ilha para dar o seu contributo para as investigações das candidatas Soberana 01, Soberana 02 e Soberana Plus, e com o firme propósito de se imunizar com uma delas e não com outro fármaco de produção internacional.

«Pela minha parte, obrigado», disse Chiodo a Cuba

Fabrizio Chiodo, que, além de ser cientista, dá aulas na Faculdade de Química da Universidade de Havana, agradeceu a categoria docente que lhe foi atribuída e reafirmou o seu compromisso com a ciência cubana, que, em seu entender, é a melhor do mundo.

«Pela minha parte, obrigado; digo-lhes sempre em todos estes anos de trabalho», declarou Chiodo depois de ser distinguido.

Fabrizio Chiodo agradeceu a Cuba no discurso que proferiu na Aula Magna / Emilio Herrera / Prensa Latina  

Lembrou a sua incompreensão, desde criança, pela diferença de classes sociais, pela razão de uns terem casa e outros não, ou como um país como Cuba, bloqueado pelo governo dos Estados Unidos durante mais de 60 anos, se distingue internacionalmente por conceber, desenvolver e produzir vacinas sintéticas para proteger a população.

«Cuba neste ano, um país bloqueado, foi capaz de conceber, desenvolver e produzir vacinas como as do IFV (Soberana 01, Soberana 02 e Soberana Plus)», disse, destacando o nível profissional e humano dos cientistas cubanos, ao recapitular a sua trajectória por sete laboratórios em quatro países, e o engano do capitalismo como sistema, por não ter em conta os mais humildes do mundo.

«É excepcional o nível que têm, e por isso são capazes de criar vacinas como estas, e isso é o que me motiva a continuar a participar noutros projectos», frisou, acrescentando que o impacto social destas investigações vai mais além de publicações científicas e de estatísticas; daí o seu empenho em defender a ciência cubana em qualquer lugar.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

«É verdade que a vacina da AstraZeneca é a primeira fabricada na América Latina que obteve o aval da OMS [Organização Mundial da Saúde], porque as três cubanas – que ultrapassam aquela em todos os índices básicos de eficácia e segurança – continuam no processo de avaliação, à espera do aval», afirma.

E aponta ainda «mais paradoxos». «Sendo Cuba – segundo a própria OMS – o país com a menor taxa de letalidade das Américas», Washington não permite a entrada no seu território de população cubana vacinada na Ilha, na medida em que só admite as vacinas aprovadas pela OMS.

Também a maioria dos países da União Europeia não aceita as vacinas cubanas, tal como as chinesas ou russas. «Apenas as quatro fabricadas por multinacionais dos EUA (Pfizer, Moderna, Janssen e Novavax) e a anglo-sueca AstraZeneca», afirma.

Graças a isso – denuncia Manzaneda –, três dos grandes laboratórios (Pfizer, BioNTech e Moderna) vão obter este ano lucros superiores a mil dólares por segundo, 65 mil dólares por minuto e 93 milhões de dólares por dia.

A aprovação das vacinas cubanas – três a serem aplicadas e duas em desenvolvimento – pela OMS irá facilitar a sua partilha com muitos países do Sul, defende. «De África, por exemplo.»

Não se trata apenas de uma questão de preço, mas também de facilidade de transporte, já que, pelo menos no caso da Soberana 02, não requer temperaturas abaixo de zero.

Isto – sublinha José Manzaneda – permitirá também a Cuba obter mais divisas por exportação, que são «essenciais para um pequeno país que luta para sobreviver a um cerco económico sem precedentes na história».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui