O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, destacou na sua conta de Twitter as mobilizações realizadas em várias cidades do país e noutras partes do mundo contra o bloqueio económico, comercial e financeiro dos Estados Unidos.
Díaz-Canel referiu-se às caravanas realizadas em Bayamo, na província de Granma, e em Santa Clara, na de Villa Clara, bem como às que ontem tiveram lugar em vários pontos dos EUA, da América Latina, da Europa, África e Ásia para denunciar o bloqueio.
Artistas, políticos, intelectuais, cientistas, ex-chefes de Estado do mundo subscreveram uma carta aberta ao presidente dos EUA, Joe Biden, para lhe pedir o fim do bloqueio e das sanções a Cuba. A carta, intitulada «Let Cuba live» e publicada esta sexta-feira como um anúncio pago em The New York Times, está disponível na plataforma letcubalive.com e representa um apelo público urgente à desmontagem das «políticas cruéis» implementadas pela administração do ex-presidente Donald Trump, que acrescentou mais 243 novas medidas coercivas contra a Ilha. «Parece-nos inconcebível, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e a utilização por parte de Cuba das instituições financeiras globais, tendo em conta que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos», sublinha a missiva. A carta aberta a subscrição já recolheu assinaturas de figuras prestigiadas, como o linguista Noam Chomsky, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva, o intelectual argentino Atilio Boron e o também argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prémio Nobel da Paz. Subscrevem igualmente o apelo contra o bloqueio o britânico Jeremy Corbyn, antigo líder do Partido Trabalhista, o português João Pimenta Lopes, deputado pelo PCP ao Parlamento Europeu, a reconhecida activista solidária norte-americana Gloria La Riva e o teólogo brasileiro Frei Betto. Entre os signatários contam-se ainda os nomes de vários actores norte-americanos, como Danny Glover, Susan Sarandon, Jane Fonda e Mark Ruffalo, e de artistas de outras proveniências, de que são exemplo o cubano Silvio Rodríguez, a actriz britânica Emma Thompson, os brasileiros Wagner Moura e Chico Buarque. Também subscrevem o documento vários jornalistas e organizações de diferentes âmbitos, como Codepink, Black Lives Matter, Answer Coalition, The Grayzone, o Movimento Rural dos Trabalhadores sem Terra (Brasil) e a Associação Intervenção Democrática. «"Nós estamos com o povo cubano", escreveu você [Biden] a 12 de Julho. Se é assim, pedimos-lhe que assine de imediato uma ordem executiva e anule as 243 "medidas coercivas" de Trump», afirmam. «Retome a abertura e comece o processo de acabar com o embargo», sugerem os subscritores ao presidente norte-americano, lembrando-lhe que, no passado dia 23 de Junho, a maioria dos estados-membros das Nações Unidas votaram pelo levantamento do bloqueio à Ilha. Para os signatários, deve ser retomado o caminho promovido por Barack Obama, «ou, melhor ainda, iniciar o fim do bloqueio e normalizar inteiramente as relações entre os Estados Unidos e Cuba». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Mais de 400 personalidades pedem a Biden que levante o bloqueio a Cuba
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«Não nos vamos cansar de exigir o fim de uma política atroz e obsoleta», escreveu ontem o presidente cubano, lembrando que o país resiste ao bloqueio há 60 anos. O cerco unilateral foi oficializado pelo presidente norte-americano John F. Kennedy a 3 de Fevereiro de 1962.
Para denunciar a medida, que se mantém em vigor desde então, houve iniciativas em países como Argentina, Itália, Tunísia, El Salvador, Bolívia, Uruguai ou Estados Unidos.
Também no âmbito destas acções, o Instituto Cubano de Amizade com os Povos anunciou que está em marcha a campanha «Toneladas de Solidariedade contra o Bloqueio», lançada por 57 organizações que integram o Movimento de Solidariedade com Cuba no Estado espanhol.
Concentração em Miami
Por iniciativa do projecto Puentes de Amor, cubanos residentes nos EUA e cidadãos norte-americanos realizaram uma concentração em Miami para reivindicar o fim do bloqueio a que Washington recorre há seis décadas para tentar asfixiar o povo da Ilha.
Gloria La Riva, que foi homenageada esta quinta-feira na Ilha, instou o governo de Biden a entender-se com Cuba e sublinhou a resistência cubana no contexto da pandemia e do bloqueio. «Vocês inspiram-nos», afirmou a coordenadora do Comité de Solidariedade com Cuba e Venezuela (Cuba & Venezuela Solidarity Committee) nos Estados Unidos, durante um encontro com jornalistas em Havana. La Riva pediu às autoridades norte-americanas que restabeleçam imediatamente o envio de remessas, os voos, o comércio sem entraves, e retirem Cuba da lista dos países que alegadamente não cooperam na luta contra o terrorismo. E disse que se podia fazer muito se fossem usadas as prerrogativas do Presidente. «Donald Trump mostrou com as mais de 240 medidas contra Cuba – ainda vigentes – o poder dessas prerrogativas», explicou, citada pela Prensa Latina. Ignorando o panorama futuro no que respeita a Cuba, disse que uma coisa é clara: «Os democratas estão focados nas eleições intercalares de 2022», pelo que a questão de Cuba «não é uma prioridade». Explicou que várias organizações que apoiam a Ilha estão actualmente envolvidas na campanha «Salvando vidas», recolhendo doações que permitam adquirir seringas e outros insumos destinados ao combate à pandemia. Disse ainda que, para 20 de Junho, estão a preparar uma grande caravana contra o bloqueio, três dias antes da apresentação nas Nações Unidas do relatório de Cuba sobre a necessidade de acabar com esse cerco, que classificou como «criminoso». Uma das tarefas do movimento de solidariedade, explicou, é educar o povo norte-americano sobre o bloqueio, que muitos desconhecem. «O bloqueio não é embargo, nem falta de intercâmbio, é uma guerra económica, juntamente com uma guerra mediática e política», disse. A ex-candidata presidencial do Partido pelo Socialismo e Libertação afirmou que está a crescer no seu país o interesse pela maior ilha das Ilhas Antilhas, sobretudo entre os jovens, e disse que estão errados aqueles que acreditam na eventual destruição da Revolução cubana. La Riva, que realizou mais de cem viagens ao país caribenho, defendeu que Cuba é «uma esperança de como é possível mudar o mundo», indica a Prensa Latina. Depois das acções realizadas este fim-de-semana, foi convocada para 30 de Maio uma nova «caravana mundial» contra o bloqueio imposto a Cuba pelos Estados Unidos. Neste sábado e domingo, solidários em mais de uma centena de cidades de todos os continentes uniram-se na reivindicação internacional pelo fim do cerco económico, comercial e financeiro norte-americano. Sobre estas iniciativas, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, escreveu no Twitter: «o protesto mundial contra o bloqueio tornou-se uma onda imparável»; «hoje são milhares, amanhã serão milhões e um dia será toda a humanidade. Não há crime que dure cem anos, nem povo soberano que aceite sujeitar-se». De acordo com o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), os manifestantes solidários com Cuba mobilizaram-se em caravanas de automóveis, motos e bicicletas, realizaram concentrações e levaram a cabo campanhas nas redes sociais, erguendo uma «maré de solidariedade» contra o cerco, refere a Prensa Latina. Organizações e amigos do povo caribenho espalhados pelo mundo, deputados, académicos, cubanos residentes no estrangeiro, entre outros, transmitiram mensagens em prol da eliminação da agressão promovida pelos Estados Unidos. Só neste país houve acções em 13 estados e mais de duas dezenas de cidades, tendo sido divulgados vídeos dos participantes em Miami e Tampa (Florida), Alabama, Washington, Indiana, Tennessee, Illinois, Michigan, Geórgia, Califórnia, Connecticut e Wisconsin. A Assembleia Geral da ONU voltou a aprovar, de forma esmagadora, a resolução que pede o fim do bloqueio a Cuba. A diplomacia cubana sublinhou o «indiscutível isolamento dos Estados Unidos». A resolução «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba» foi aprovada, esta quinta-feira, com 187 votos a favor e as abstenções da Colômbia e da Ucrânia. Apenas se opuseram ao levantamento do bloqueio os Estados Unidos, Israel e o Brasil. A Moldávia não exerceu o seu direito ao voto, pelo que não entrou na contagem da votação. Trata-se da 28.ª vez consecutiva, desde 1992, que a grande maioria dos estados-membros das Nações Unidas pede, na sua Assembleia Geral, o levantamento do cerco imposto por Washington à ilha caribenha há quase seis décadas. Na véspera do dia de votação, mais de 40 representantes de países e organizações internacionais, como o Movimento de Países Não Alinhados e o Grupo dos 77 mais China (G77+China), pronunciaram-se contra o bloqueio e exigiram o fim da sua aplicação. Diplomatas e altos representantes de vários países condenaram o recrudescimento da política hostil, bem como as medidas coercitivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos a Cuba. Ao intervirem – lembra a Prensa Latina –, denunciaram de modo reiterado o aumento das agressões de Washington contra a maior ilha das Antilhas e sublinharam que o cerco norte-americano representa o principal obstáculo ao desenvolvimento sustentável de Cuba, constituindo além disso uma violação dos direitos humanos de todo um povo. Apesar da rejeição esmagadora do cerco a Cuba na Assembleia Geral das Nações Unidas desde 1992, a administração norte-americana não só insiste na sua política hostil como a incrementa. Para além disso, à semelhança de outros anos, os EUA voltaram a exercer fortes pressões e chantagens sobre vários países – sobretudo os latino-americanos – para que alterassem o seu posicionamento relativamente ao bloqueio. Tais medidas e manobras de bastidores foram denunciadas pelo ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, que lembrou ainda o fracasso da representação dos EUA nas Nações Unidas, o ano passado, na tentativa de emendar e alterar a natureza do documento, e, desse, modo, enfraquecer o apoio a Cuba. De acordo com dados oficiais divulgados pelas autoridades cubanas, o cerco imposto por Washington a Cuba há quase seis décadas provocou prejuízos superiores a 922 630 000 000 de dólares. No entanto, destacou o diplomata cubano, «os danos humanos causados por essa política genocida são incalculáveis». No debate sobre a resolução, o ministro cubanos dos Negócios Estrangeiros afirmou que os Estados Unidos não têm «qualquer autoridade moral para criticar o seu país ou outro qualquer em matéria de direitos humanos», tendo apresentado diversos dados sobre pobreza, desigualdade, apoios sociais, saúde, educação, violência, racismo ou repressão que fazem dos EUA um dos maus exemplos, a nível mundial, no que aos direitos humanos respeita. Na sua conta de Twitter, Bruno Rodríguez, referiu-se ainda à votação como «uma outra contundente vitória de Cuba, do seu povo heróico», que reflecte um «indiscutível isolamento dos EUA». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os presentes defenderam a normalização das relações com Cuba, sem medidas de acosso, com base no respeito pela soberania, criando «Pontes de Amor», nome do projecto que promove estas caravanas internacionais, segundo revelou o ICAP. Em sete cidades da China, houve iniciativas de apoio a Cuba, bem como nas cidades canadianas de Victoria, Vancouver, Montreal e Winnipeg. Na Europa, ouviram-se vozes contra o bloqueio na Bélgica, Portugal, Suécia, Irlanda, Espanha, Reino Unido, Itália, Dinamarca, Rússia e em 15 cidades da Alemanha. Também no Irão, Seychelles, Guiné-Bissau, Zâmbia, Tanzânia, Angola, Etiópia, República Dominicana, Panamá, Argentina, Brasil, Uruguai e Colômbia se condenou a hostilidade da Casa Branca, enquanto no México se realizou o XXV Encontro nacional de solidariedade com Cuba. Na Ilha, indica a Prensa Latina, houve caravanas nas províncias de Las Tunas, Guantánamo, Villa Clara e no município especial Isla da Juventud, uma regata nas águas da Baía de Havana e, a nível nacional, realizou-se um «tuìtaço» contra o bloqueio. Movimentos solidários como o Projecto Pontes de Amor, o Canal Europa por Cuba, Unblock Cuba, entre outros, sublinharam que não vão cessar as actividades de denúncia até que acabe a agressão norte-americana. Além da convocatória para 30 de Maio, já se preparam acções para Junho, mês em que será apresentado na Assembleia Geral das Nações Unidas o projecto de resolução de Cuba contra o cerco de Washington. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Referiu também que há hoje mais interesse que nunca pelo socialismo nos EUA, «porque as pessoas vivem o capitalismo, porque temos mais de 40 milhões de famílias que estão à beira de perder a sua casa por não a poder pagar nesta situação decorrente da Covid-19». «No entanto, o magnata Jeff Bezos, director executivo da Amazon, como mais uns quantos, obteve lucros de 48 mil milhões de dólares, tirando vantagens da maior crise da nossa história», acrescentou. Gloria La Riva deslocou-se a Havana também para ser homenageada pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), que ontem lhe atribuiu uma distinção pela «defesa incansável dos direitos humanos, lealdade e solidariedade com Cuba». La Riva foi coordenadora do Comité Nacional pela Libertação dos Cinco antiterroristas cubanos que, durante longos anos, cumpriram injustamente penas de prisão nos Estados Unidos. Fernando González, presidente do ICAP, sublinhou que La Riva não cessou a sua actividade após o triunfo da libertação e do regresso a casa dos cinco heróis cubanos, tendo continuado a lutar em defesa da Revolução cubana e da bolivariana, na Venezuela. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
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Numa mobilização em que se ouviram palavras de ordem como «Cuba sim, bloqueio não», Carlos Lazo, coordenador da iniciativa, disse à Prensa Latina que a concentração em Miami servia também «para recordar o momento em que, há 60 anos, o presidente democrata John F. Kennedy oficializou o cerco unilateral» ao país caribenho.
O Puentes de Amor é um dos grupos mais activos do movimento internacional pelo levantamento de um bloqueio que sobreviveu a 11 administrações da Casa Branca, lembra a agência cubana, sublinhando que Joe Biden não alterou a política relativamente a Cuba, apesar de ter afirmado que, caso chegasse à presidência, reverteria as «sanções de Trump», que fez recrudescer o bloqueio durante o seu mandato.
Se foi um democrata, Kennedy, que deu dimensão legal ao bloqueio económico, comercial e financeiro contra Cuba, em 1962, foi também outro democrata, Clinton, que promulgou, em 1996, a chamada Lei Helms-Burton, endurecendo o seu alcance extra-territorial.
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