|Síria

Conferência de Bruxelas «não reflecte empenho real em ajudar o povo sírio»

O Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros posicionou-se contra a VI Conferência de Bruxelas sobre a Síria, organizada pela UE, nomeadamente por não contar com a presença das autoridades do país árabe.

Uma refugiada síria e os seus filhos preparam-se para regressar a casa, em 3 de Julho de 2018.
CréditosRuth Sherlock/NPR / WUWM 89.7

Num comunicado ontem divulgado pela agência SANA, o governo de Damasco posicionou-se sobre a sexta «Conferência de Bruxelas sobre o Apoio ao Futuro da Síria e da Região», que começou esta segunda-feira e termina hoje.

Os organizadores do evento declaram que visam reafirmar o empenho da comunidade internacional em relação aos sírios e a uma solução política negociada para o conflito, mas isto é posto em causa por Damasco, sublinhando que estas conferências, na actual fórmula, são realizadas sem a participação da Síria e não estão de acordo com os princípios das Nações Unidas que regulam a acção humanitária.

«Estas conferências não reflectem qualquer empenho real em ajudar o povo sírio e em restaurar os seus direitos, especialmente se tivermos em conta o facto de que os países organizadores ou participantes nestas conferências ocupam ou apoiam a ocupação dos territórios sírios e o saque dos recursos do povo sírio, em cooperação com os instrumentos das milícias separatistas», afirma o comunicado.

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Impor sanções à Síria e organizar conferências «humanitárias» é «hipocrisia»

A Conferência de Bruxelas, recentemente realizada com o alegado propósito de «ajudar» os sírios, carece de legitimidade para Damasco, desde logo pelo facto de o governo sírio não ter sido convidado.

Vista do campo de refugiados de Rukban, na região síria de al-Tanf, junto à fronteira com a Jordânia
Autoridades russas e sírias denunciaram, há um mês, que os EUA apreendem a ajuda enviada pela ONU aos refugiados no campo de Rukban e a distribuem por grupos extremistas aliados Créditos / sott.net

A República Árabe da Síria denunciou a celebração da quinta Conferência de Bruxelas, também referida como Conferência de Doadores, sem que tenha sido endereçado um convite ao governo de Damasco, «a parte que se ocupa dos assuntos do povo sírio e o principal parceiro das Nações Unidas», afirmou o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros numa carta dirigida ao secretário-geral da ONU e ao presidente do Conselho de Segurança.

A missiva segue-se à realização, esta semana, de um evento co-organizado pela União Europeia (UE) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre «ajuda ao futuro da Síria e da região», que contou com a participação de vários países europeus, de diversas agências da ONU, do Fundo Monetário Internacional (FMI), de representantes da «sociedade civil» síria, dos Estados Unidos, da Austrália, da Arábia Saudita, da Turquia, do Japão, da Coreia do Sul, entre outros.

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Quem agride os sírios «não pode esconder o crime com uma falsa máscara humanitária»

A Conferência de Bruxelas e os posicionamentos nela assumidos confirmam a insistência de EUA, UE e «regimes subordinados» nas políticas hostis contra a Síria, denunciou a diplomacia do país árabe.

Uma refugiada síria e os seus filhos preparam-se para regressar a casa, em 3 de Julho de 2018.
CréditosRuth Sherlock/NPR / WUWM 89.7

«Tais políticas foram abortadas e o seu fracasso foi provado», afirma o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros num comunicado hoje emitido, em que condena a realização da quarta Conferência de Bruxelas sobre a Síria, também referida como Conferência de Doadores.

O texto refere-se ao encontro como «uma flagrante interferência nos assuntos internos sírios, que são da competência e jurisdição dos sírios e do seu governo legítimo», sublinhando que «a única ajuda que estes regimes podem dar aos sírios é deixar de apoiar o terrorismo» no país, «ao implementar a resolução n.º 2253 do Conselho de Segurança das Nações Unidas», informa a agência SANA.

«Estes regimes, que deram todas as formas de apoio ao terrorismo, participaram no derramamento de sangue dos sírios, destruíram as suas conquistas, têm estado a roubar as riquezas petrolíferas, o trigo e as fábricas, impedem o processo de reconstrução e impõem sanções sucessivas, estes regimes não podem de modo algum alegar que se preocupam com os sírios», afirma o Ministério.

No âmbito da Conferência de Bruxelas, co-organizada pela União Europeia (UE) e pela ONU, o líder da diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu «um processo político que permita uma Síria pacificada, democrática e estável», considerando que o futuro do povo sírio «continua refém e a Europa não pode desviar o olhar».

Na nota de hoje, a diplomacia do país árabe destaca que «o futuro da Síria é um direito exclusivo dos sírios» e que as «pressões políticas e económicas não conseguirão minar a livre vontade dos sírios». Indica, além disso, que «o conceito de mendicidade, que muitos praticam, não tem lugar no comportamento político e diplomático» do país árabe.


«Quem comete crimes contra os sírios assume a total responsabilidade pelo seu sofrimento», indica o comunicado, defendendo que esses «não poderão esconder os seus crimes por trás de uma falsa máscara humanitária ou por via da flagrante politização do aspecto humanitário ao serviço das suas agendas».

Em declarações a um jornal, esta terça-feira, o ministro assistente dos Negócios Estrangeiros, Ayman Sousan, afirmou que o seu país não reconhece conferências sobre o país cujos promotores nem sequer convidam as autoridades sírias a participar.

Sousan afirmou que, sob a Conferência, está «a cumplicidade dos países organizadores da guerra e do complô» contra a Síria, destacando que os países participantes usam uma «toalha humanitária para limpar as mãos sujas com o sangue dos inocentes sírios», indica a Prensa Latina.

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No final do encontro de dois dias, muito centrado na «situação humanitária» da Síria e na necessidade de um «acordo político» no país árabe, os participantes comprometeram-se a doar 5,3 mil milhões de euros, em 2021 e mais além, à Síria e aos países vizinhos que albergam o maior número de refugiados sírios.

Alguns dos países europeus, os EUA e seus aliados do Médio Oriente presentes no evento são há muito apontados por Damasco – e não só – como os grandes instigadores da guerra de agressão movida contra o país levantino, nomeadamente por via do apoio prestado a vários grupos terroristas no terreno, desde 2011, com o objectivo de derrubar o governo de Bashar al-Assad e forçar uma mudança de regime.

Além disso, EUA e UE têm vindo a impor uma bateria de medidas coercivas unilaterais contra o país árabe, de modo a dificultar a recuperação económica, a reconstrução de infra-estruturas e a luta contra o terrorismo por parte do governo sírio, que as qualifica como uma «punição colectiva e terrorismo económico».

Hipocrisia e ilegitimidade

Nas cartas dirigidas à ONU, a diplomacia síria rejeita a insistência dos organizadores em afirmar que procuram apoiar o povo sírio e mobilizar outros países a doar dinheiro para esse efeito, sublinhando que a conferência se «tornou um instrumento de pressão e chantagem nas mãos dos países doadores para impor a sua vontade sobre os mecanismos de fornecimento de ajuda humanitária e de politização do trabalho humanitário», informa a agência SANA.

O texto acrescenta que a participação da ONU na presidência da conferência, tendo em conta a ausência do governo sírio, constitui uma «clara violação dos princípios da Carta das Nações Unidas e resoluções pertinentes do Conselho de Segurança, que exigem o respeito pela soberania, a independência, a unidade e a integridade territorial da Síria».

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Luta contra o terrorismo na Síria é «uma guerra da verdade contra a mentira»

No arranque do 27.º Congresso da Federação Geral dos Sindicatos – Síria, o dirigente Jamal al-Qadri sublinhou que, nos 9 anos de guerra, os trabalhadores sírios se constituíram como «pilar da resistência».

Os trabalhadores sírios têm sido «um pilar da resistência» Créditos / Vestnik Kavkaza

Arrancou esta quinta-feira, em Damasco, o 27.º Congresso da Federação Geral dos Sindicatos – Síria (GFTU-Síria), cujas actividades se prolongam até ao próximo domingo, dia 16, com a participação de 479 delegados de sindicatos sírios e organizações sindicais estrangeiras.

No discurso de abertura do congresso, o presidente da GFTU, Jamal al-Qadri, disse que os trabalhadores sírios construíram o país com o seu suor e trabalho ao longo de décadas, tendo-se mantido fiéis ao interesse nacional.

«Os trabalhadores têm sido pioneiros na luta pela defesa da pátria, desde a guerra pela independência contra o colonialismo francês até à actual guerra contra o terrorismo, que a Síria trava há mais de nove anos», disse, citado pela agência SANA.

Al-Qadri acrescentou que os trabalhadores sírios se aperceberam desde o início de que esta guerra de agressão é contra o povo sírio, em virtude dos posicionamentos assumidos pelo país árabe de apoio à resistência aos planos sionistas e ocidentais gizados contra a região e os seus povos.

«A nossa guerra contra o terrorismo e os seus partidários é uma guerra da verdade contra a mentira e da luz contra a escuridão; e da liberdade contra a ignorância e o obscurantismo», frisou.

O dirigente sindical disse ainda que, apesar do bloqueio económico injusto e das medidas unilaterais impostas pelos países agressores à Síria, os trabalhadores sírios «se mantiveram firmes» e «se constituíram como pilar da resistência».

Além do debate da situação económica e de relatórios referentes à situação interna da Federação, o Congresso dedicará uma sessão à solidariedade com os trabalhadores e o povo da Palestina ocupada, tendo em conta o chamado «acordo do século», bem como à firmeza dos sírios que residem nos Montes Golã ocupados, por ocasião do 38.º aniversário da rejeição da identidade israelita.

Federação Sindical Mundial apoia a luta antiterrorista da Síria

O presidente da Federação Sindical Mundial (FSM), Mzwandile Michael Makwayiba, declarou o apoio da FSM aos trabalhadores e ao povo da Síria na luta que travam contra o terrorismo, em declarações à SANA após a chegada a Damasco da delegação da Federação que irá participar no 27.º Congresso da GFTU-Síria.


«Vamos trabalhar no sentido de exercer pressão sobre os governos europeus e a administração dos EUA para que levantem o cerco económico e as medidas coercitivas unilaterais impostos à Síria», disse o dirigente da Federação, que tem mais de 90 milhões de filiados em todo o mundo.

Makwayiba afirmou que a FSM vai insistir na necessidade de travar a ingerência estrangeira nos assuntos internos da Síria, bem como de preservar e defender a sua soberania e independência.

A este propósito, lembrou que, em Outubro, no aniversário da fundação da FSM, a Federação organizou manifestações em vários pontos do mundo para condenar a guerra de agressão imposta ao país árabe.

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A abordagem enviesada à questão humanitária pelos participantes na Conferência de Bruxelas foi alvo de mais críticas por parte do Ministério: «A imposição de sanções e a sua renovação, pela UE e os EUA – apesar dos seus efeitos negativos e da pandemia de Covid-19 –, e a organização desta conferência em simultâneo reflectem a hipocrisia ao lidar com a situação humanitária na Síria», denuncia o texto.

«Fornecer ajuda humanitária não é compatível com a imposição de sanções unilaterais, que se tornaram uma forma de terrorismo económico», afirma o Ministério, que destaca a importância de uma «cooperação séria e construtiva com o governo da Síria», bem como do «apoio aos seus esforços e dos seus parceiros humanitários», por forma a melhorar as condições de vida do povo sírio e a ajudar os sírios onde quer que se encontrem.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros lembra ainda aos participantes no evento de Bruxelas que «o centro de acção humanitária na Síria é Damasco e nenhuma outra cidade».

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou que esses mesmos países entram em contradição com os propósitos declarados das conferências, uma vez que impõem bloqueios económicos e medidas coercivas unilaterais ao povo sírio de forma desumana, afectando inclusive a sua capacidade para adquirir coisas básicas como combustível, alimentos ou medicamentos.

O comunicado criticou ainda a politização pelos países organizadores da questão da prestação da ajuda humanitária, associando-a a pré-condições políticas que «nada têm a ver com os requisitos e os objectivos da acção humanitária», e que dificultam o processo de reconstrução e o regresso dos refugiados.

Para o ministério, um exemplo claro da politização reside na falta de convite à Federação Russa e a outros países que, segundo Damasco, têm um «posicionamento equilibrado». É «por razões puramente políticas que nada têm a ver com a situação na Síria», sublinha.

Antes do início do terrorismo apoiado pelo Ocidente na Síria, o país era «auto-suficiente e apresentava elevados níveis de crescimento económico, sem dívida ou dependência externa», refere ainda o documento, destacando que estava na linha da frente do acolhimento a refugiados da região, prestando-lhes toda a ajuda que conseguia «sem discriminação ou politização».

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