|País Basco

Nos 84 anos da grande fuga de Ezkaba, homenagem à resistência antifascista

Depois da paragem por causa da pandemia, a associação Txinparta voltou a organizar uma sessão evocativa e de homenagem aos mais de 200 mortos na grande fuga do forte-presídio fascista, em Navarra.

Cravos vermelhos nas garrafas que representam cada um dos enterrados em Ezkaba, perto de Iruñea (Pamplona) 
CréditosIñigo Uriz / Foku

No 84.º aniversário da fuga da prisão de Ezkaba, a homenagem aos 207 mortos ficou marcada por um «sentimento especial», refere o portal naiz.eus, tendo em conta que descendentes dos falecidos se reencontraram após dois anos de paragem motivada pela pandemia.

Neste domingo, foram também evocados os 7200 presos que passaram pelo forte militar transformado em presídio fascista, do qual 750 não sairiam com vida. O acto contou com a participação de muitos jovens, que fazem sua a luta pela memória e pela justiça.

O forte, construído no final do séc. XIX no monte Ezkaba, junto a Iruñea (Pamplona), foi usado como presídio sem condições mínimas de higiene e salubridade.

Com o levantamento fascista, encheu-se de presos e, em Maio de 1938, já a caminho de dois anos de guerra, havia em Ezkaba mais de 2000 presos: comunistas, socialistas, anarquistas, nacionalistas, sindicalistas, dirigentes políticos de diversa proveniência.

No dia 22 de Maio de 1938, os presos amotinaram-se e conseguiram dominar a escassa guarda no forte. Dos mais de 2000 presos, 795 decidiram fugir, também para escapar à fome e às doenças.

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Resistentes antifascistas rejeitam «falsificações históricas» promovidas pela UE

A Federação Internacional de Resistentes (FIR) rejeita, numa nota, a resolução do Parlamento Europeu (PE) aprovada no passado dia 19 em que se «equipara e condena nazi-fascismo e comunismo».

A 27 de Janeiro de 1945, as tropas soviéticas libertaram o campo de concentração de Auschwitz
Créditos

Tanto a FIR como as federações que a integram – como é o caso da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) – não podem de modo algum concordar com a resolução que, a 19 de Setembro de 2019, foi aprovada no PE, com os votos favoráveis de 535 deputados, a oposição de 66 e a abstenção de 52, e que alegadamente abordava «o significado do passado europeu (ou consciência histórica europeia) para o futuro da Europa».

Para a FIR, o «texto da declaração não mostra o futuro da Europa, mas é uma recaída ideológica nos piores tempos da Guerra Fria, que estão expressos nesta resolução, que surgiu por iniciativa dos estados Bálticos e da Polónia».


«Contrariamente a todas as evidências científicas», o texto alega que foi apenas com o Tratado de Não Agressão Germano-Soviético que «ficou marcado o rumo para a Segunda Guerra Mundial», denuncia a FIR, sublinhando que «a reconstrução dos acontecimentos que conduziram à Segunda Guerra Mundial é limitada, tendenciosa, instrumental e não tem qualquer base científica».

«Junta opressores e oprimidos, vítimas e carniceiros, invasores e libertadores. A resolução é um texto grosseiro de propaganda ideológica, digna dos piores momentos da Guerra Fria», declara-se na nota.

A FIR questiona os deputados sobre a ameaça externa actual a que se referem quando, na resolução aprovada, se afirma, «perversamente», que «assume uma importância decisiva para a unidade da Europa e dos seus povos e para o fortalecimento da resistência da Europa às actuais ameaças exteriores que as vítimas dos regimes autoritários e totalitários sejam lembradas».

«Não» às falsificações da história

«A declaração criticou de facto um novo revisionismo histórico». No entanto, «se os membros do PE condenam nalguns estados europeus a glorificação das pessoas que colaboraram com os nazis, ao mesmo tempo adoptaram a narrativa histórica desses mesmos estados europeus de que a Rússia alegadamente falsifica factos históricos e encobre os "crimes cometidos pelo regime totalitário da União Soviética"», denuncia a Federação de Resistentes.

Neste sentido, a FIR e todas as federações dos «sobreviventes da perseguição fascista, os combatentes contra a barbárie nazi e todos os antifascistas dizem "não" a tais falsificações históricas» e acusam a resolução do PE de «escolher um caminho de divisão lacerante, em vez de uma responsável e rigorosa unidade», num tempo de «perigo crescente de fascismo, racismo e nacionalismo».

A FIR, que rejeita a recente resolução do PE em que se equipara e condena nazi-fascismo e comunismo, lembra as palavras do escritor alemão Thomas Mann, que, em 1945, avisou: «Colocar comunismo russo no mesmo plano moral que o nazi-fascismo, porque ambos seriam totalitários, é, na melhor das hipóteses, superficial; na pior, é fascismo. Quem insiste nesta equiparação pode considerar-se um democrata, mas, na verdade e no fundo do seu coração, é um fascista, e irá seguramente combater o fascismo de forma aparente e hipócrita, e deixa para o comunismo todo o ódio.»

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O exército franquista moveu-lhes uma caça impiedosa e, logo no monte ou em localidades próximas, 207 foram fuzilados. Os restantes foram presos, com excepção de três, que conseguiram atravessar a fronteira.

Na homenagem deste ano, organizada como é habitual pela associação de memória colectiva Txinparta, houve discursos em lembrança dos falecidos e intervenções musicais, com protagonismo dado aos jovens, e foram colocadas flores em garrafas, para simbolizar cada vítima da barbárie franquista.

Reabilitação do Cemitério das Garrafas

Também se ficou agora a saber que a reabilitação do conhecido cemitério conta com autorização estatal e fundos do governo navarro. «As obras vão começar em breve e esperamos que para o ano que vem esteja recuperado e com um acesso mais digno que o actual», disse à EFE Víctor Oroz, membro da Txinparta.

A existência do cemitério veio à luz há uns 15 anos e nele estão enterrados mais de uma centena de presos do Forte de San Cristóbal, sendo que os restos mortais de cada um estão assinalados por uma garrafa de vidro com um documento no interior com dados do falecido.

A Txinparta também valorizou o facto de os expedientes prisionais de Ezkaba já estarem no Arquivo de Navarra, mas lamentou que ainda não tenha sido cumprida uma das suas reivindicações, que é a da passagem do forte para as mãos de instituições navarras.

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