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Volkswagen acusada de esclavagismo e tráfico durante a ditadura brasileira

O grupo alemão Volkswagen, segundo maior a nível mundial, enfrenta novas acusações ligadas à ditadura brasileira, desta vez devido a supostas práticas esclavagistas entre 1974 e 1986.

Créditos / vwnews.com.br

De acordo com a televisão pública ARD e o diário Süddeutsche Zeitung, citados pela agência France-Presse (AFP), a Volkswagen foi convocada para uma audiência em tribunal em Brasília, devido a uma notificação enviada pela justiça local no dia 19 de Maio.

Os factos alegados remontam ao período entre 1974 e 1986, durante a ditadura militar que liderou o Brasil entre 1964 e 1985, e já há vários anos que antigos funcionários do grupo procuram obter indemnizações, até hoje sem sucesso.

As denúncias examinadas pela justiça brasileira afirmam, segundo a imprensa alemã, o recurso, por parte do construtor automóvel, a «práticas esclavagistas» e ao «tráfico de seres humanos», acusando o grupo de ser cúmplice de «violações sistemáticas dos direitos humanos».

À data, o grupo planeava construir um grande campo agrícola junto à bacia amazónica para o comércio de carne, denominada Companhia Vale do Rio Cristalino.

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Com lucros de 8334 milhões, Volkswagen abre a porta da rua a milhares

O grupo automóvel registou um lucro líquido de 8334 milhões de euros em 2020 e, ainda assim, anuncia a saída de cinco mil trabalhadores. Para já, a decisão não afecta a Autoeuropa, em Palmela.

A Volkswagen apresentou nos primeiros nove meses do corrente ano lucros na ordem dos 2,9 mil milhões de euros
Créditos / BBC

As saídas previstas estão a ser pensadas para trabalhadores na Alemanha. Esta decisão da Volkswagen ocorre apesar dos lucros registados e de uma facturação de 222 884 milhões de euros no ano passado.

Com a diminuição de 37,5% dos lucros face a 2019, ano em que registou ganhos de 13 346 milhões de euros, o grupo automóvel considera que «fecha o ano de 2020 com sucesso, apesar do impacto da pandemia».

O CEO do grupo, Herbert Diess, afirmou em conferência de imprensa que, «o nosso bom resultado em 2020, um ano dominado pela crise, dar-nos-á um impulso para acelerar a nossa transformação».

A empresa conta com o mercado chinês e latino-americano, onde manteve resultados positivos, e prevê construir um milhão de automóveis eléctricos que poderão vir a respresentar 60% das vendas do grupo Volkswagen na Europa, em 2030.

Não obstante, a empresa quer reduzir cinco mil postos de trabalho em fábricas da Alemanha, não estando, para já, previstos despedimentos na unidade de Palmela, explicou à Lusa uma fonte da Autoeuropa.

De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, citado pela agência Bloomberg, a redução de cinco mil postos de trabalho será concretizada através de «medidas voluntárias», nomeadamente com reformas parciais e antecipadas. Recorde-se que a empresa tem um acordo laboral com sindicatos que impede despedimentos até ao final da década, optando assim por recorrer a estes mecanismos, forçando acordos com trabalhadores para a sua saída.

No início do ano, a Autoeuropa tinha um total de 5282 colaboradores, tendo esta unidade fabril produzido, em 2020, 192 mil automóveis e 20 milhões de peças para outras fábricas do grupo alemão. Esta actividade corresponde, segundo a própria empresa, a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 4,7% das exportações portugueses.

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Centenas de trabalhadores diários e temporários foram recrutados na época para trabalhos de desmatamento, em particular em 70 mil hectares, através de intermediários, mas, segundo a imprensa alemã, provavelmente com o consentimento da direcção do fabricante.

Segundo a comunicação social germânica, que consultou mais de duas mil páginas de testemunhos e relatórios da polícia, os trabalhadores foram várias vezes vítimas de abuso e violência por parte de intermediários e guardas armados no local.

«Foi uma forma de escravatura moderna», disse à imprensa alemã o procurador brasileiro do Rio de Janeiro responsável pelo inquérito, Rafael Garcia.

Segundo o procurador, a Volkswagen «manifestamente não só aceitou essa forma de esclavagismo como também a encorajou, porque era mão-de-obra barata», acrescentou.

Em 2017, o historiador alemão Christopher Kopper concluiu que, à semelhança de outras multinacionais que operaram no Brasil, o grupo Volkswagen colaborou activamente com a ditadura militar, ajudando a perseguir e prender opositores políticos.


Com agência Lusa

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