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Póvoa de Varzim: sair da ANMP em nada ajuda na luta contra a descentralização

Vários autarcas do PSD ameaçaram romper com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). Exigem uma postura mais crítica com a transferência de competências que o PS e o próprio PSD promoveram em 2018.

Rui Rio, acompanhado pelo actual presidente da Câmara Municipal da Póvoa do Varzim, Aires Pereira, durante uma arruada do PSD para as eleições autárquicas de 2021. Póvoa de Varzim, 21 de Setembro de 2021 
CréditosJosé Coelho / Agência Lusa

À margem de um debate promovido pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim (CMPV) sobre a descentralização de competências e a regionalização, Aires Pereira, presidente do município eleito pelo PSD, expôs os motivos que o levam a ponderar abandonar a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP): «Não nos revemos na forma como se tem posicionado e como tem negado a necessidade de haver um reforço de verbas que defenda a sustentabilidade do processo».

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Porto sai da Associação de Municípios com a ajuda do PSD

Em causa, a descentralização cozinhada entre PS e PSD, em 2018. Depois de, no Executivo, um ter votado contra e outro se ter abstido, os eleitos do PSD na Assembleia Municipal do Porto disseram sim à saída da ANMP.

Créditos / CC BY-SA 3.0

«Chapéus há muitos». A frase celebrizada por Vasco Santana na Canção de Lisboa pode facilmente aplicar-se ao PSD, tal é a volatilidade com que trata e vota temas fundamentais para a vida dos portugueses, dependendo do espaço em que se encontra representado.

Depois do pacto para a desconcentração de competências, consensualizado no Parlamento entre Rui Rio e António Costa, em 2018, o PSD, que integra a direcção da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), juntou-se ontem aos eleitos pelo movimento de Rui Moreira e pelo Chega para desvincular a autarquia da ANMP. 

O executivo municipal já tinha aprovado a saída em reunião de Câmara, com os votos a favor do movimento de Rui Moreira, a abstenção do vereador do PSD Alberto Machado e os votos contra do PS, BE, CDU, e também de Vladimiro Feliz, outro eleito pelo PSD. 

Ontem, na reunião da Assembleia Municipal, os eleitos social-democratas acabaram por votar a favor da saída da ANMP, num processo em que o PSD tem sobejas responsabilidades, já que aprovou a lei-quadro para a descentralização de competências para as autarquias, apesar das críticas registadas por eleitos de todo o País. De registar que nem mesmo entre os elementos do Conselho Directivo da ANMP o processo de descentralização foi consensual

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ANMP: Sobre a regionalização, nada de novo

A realização de um novo referendo está, por agora, apontada para 2024, mas dependente de uma avaliação do processo de transferência de competências para os municípios e freguesias.

O presidente cessante da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, intervém durante a sessão de abertura do XXV Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, em Aveiro. 11 de Dezembro de 2021 
CréditosPaulo Novais / Agência Lusa

A exigência é antiga, mas mantém-se armadilhada. O XXV Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), onde participam representantes de quase todos os 308 concelhos do país, e que se realizou no fim-de-semana em Aveiro, reafirmou, por maioria, a necessidade de se avançar com a regionalização.

Se «já no anterior congresso as questões eram evidentes, torna-se mais evidente agora a necessidade da regionalização neste período da pandemia», afirmou Manuel Machado, ex-presidente da Câmara Municipal de Coimbra e presidente cessante da ANMP.

Os serviços centralizados do Estado não «foram capazes [em geral] de cumprir plenamente aquela que era a sua missão para combater a pandemia de Covid-19», lamenta Manuel Machado. Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém, relembrou que os municípios já gastaram, em conjunto, mais de 500 milhões de euros na resposta à pandemia. Dinheiro que não será usado para cumprir as reais competências das autarquias.

O anúncio de António Costa sobre a realização de um novo referendo à regionalização em 2024 marca o primeiro momento – ao fim de seis anos de governação (e do chumbo de várias propostas para esse efeito apresentadas nesse período) – em que o tema é considerado, mas não vem sem contrapartidas.

Só depois de uma avaliação da transferência de competências para os municípios e freguesias, para as áreas metropolitanas e para as comunidades intermunicipais, e da integração das novas competências nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), é que se saberá se este anúncio não vai cair em saco roto.

Mais competências com menos dinheiro

Aproxima-se a passos largos o final do processo de descentralização (1 de Abril de 2022), momento em que os órgãos autárquicos terão, forçosamente, de assumir as competências que o Governo impõe. Até ao final de Julho deste ano, só 98 municípios tinham aceitado as competências na área da Educação, e na Saúde apenas 20.

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Cresce número de autarquias que recusam novas competências

Pelo menos 14 municípios de maioria PS já recusaram a transferência de competências da Administração Central, a que se juntam dezenas de câmaras do PSD. Autarquias da CDU voltam a dizer não. 

Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Créditos / Aventar

Entre as autarquias do PS que já anunciaram a recusa de novas competências estão Alcochete, Azambuja, Barcelos, Fafe, Matosinhos, Moura, Sintra e Vila Nova de Gaia.

A par destas, 28 câmaras do PSD e lideradas por listas de cidadãos eleitores também já disseram não a mais competências, designadamente Mafra, Famalicão, Póvoa de Vazia, Anadia e Porto.

As 24 autarquias lideradas pela CDU reiteram as deliberações tomadas em Setembro e rejeitam a transferência de novas competências da Administração Central em 2019 e em 2020, de acordo com cada um dos decretos-lei sectoriais já publicados. 

Insistem que falta clareza aos aspectos financeiros e organizacionais dos diplomas publicados e alertam para a «consagração do subfinanciamento do poder local», dando como exemplo o facto de o Fundo de Financiamento da Descentralização não ter dotação financeira no Orçamento de Estado de 2019.  

As autarquias e entidades intermunicipais que rejeitam a transferência das competências para 2019 têm de o comunicar entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro, conforme o diploma. Para o Governo, a ausência de uma deliberação será tida como um sinal positivo à passagem das competências.

Dos 21 diplomas sectoriais aprovados foram até agora publicados 11 decretos nos domínios das praias, jogos de fortuna ou azar, promoção turística, vias de comunicação, justiça, fundos europeus e captação de investimento, bombeiros voluntários, bombeiros voluntários, atendimento ao cidadão, habitação, património e estacionamento público. 

Executivo da Câmara de Lisboa aceita transferência

A Câmara de Lisboa tenciona assumir todas as competências transferidas pelo Estado. O tema será discutido esta quinta-feira na reunião do Executivo municipal. O vereador Manuel Grilo (BE) já afirmou que vai rejeitar, por considerar que não se trata de um processo de «descentralização efectivo», o que significa que o PS pode ter problemas em passar  vai ter de arranjar outro apoio.

Os eleitos da CDU, que também já anunciaram a rejeição de novas competências, vão apresentar uma proposta a defender que o início de um «processo sério» de descentralização seja «inseparável da consideração da criação das regiões administrativas», com os meios financeiros adequados, sem esquecer a necessária  reposição das freguesias extintas.

O documento sugere ainda que sejam identificadas as competências que estejam adequadas ao nível municipal, «não comprometendo direitos e funções sociais do Estado, designadamente a sua universalidade», e sejam acompanhadas dos meios financeiros adequados, em vez da «desresponsabilização do Estado Central por via de um sub-financiamento que o actual processo institucionaliza».

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As críticas mais duras partiram dos eleitos da CDU, que se abstiveram na Proposta de Resolução da ANMP aprovada pelo congresso, por esta ser «manifestamente insuficiente e sem correspondência ao que se exige na perspectiva da defesa do poder local, o posicionamento expresso nos documentos congressuais quanto ao processo em curso de transferência de novas competências para os municípios» não corresponde às necessidades dos municípios portugueses.

Em causa está a ausência de um teor crítico nas referências ao Fundo de Financiamento da Descentralização, que os autarcas da CDU consideram ser «insuficiente para assegurar que os municípios irão dispor dos necessários meios financeiros», e ausência de nitidez na crítica ao «continuado desinvestimento de sucessivos governos nestas áreas, sendo que o processo de transferência de competências partiu do princípio de não aumento de despesa pública e consubstancia, no concreto, a transferência de elevados encargos para os municípios».

Congresso chumba reversão da gestão privada dos sistemas de tratamento de resíduos urbanos

«É inaceitável a degradação da qualidade do serviço prestado», assim como não pode ser tolerado que a acessibilidade económica dos sistemas de tratamento de resíduos urbanos «possa vir a ser posta em causa por razões de subordinação do sector a lógicas de lucro». A moção, apoiada por 21 municípios do Sul do País, defendia a recuperação deste sector para a gestão pública, mas acabou chumbada pela maioria dos presentes.

Em sentido inverso, a moção que pedia a avaliação de constitucionalidade da taxa de gestão de resíduos (TGR), aplicada sobre o depósito de cada tonelada de resíduos em aterros, foi aprovada. Os autores consideram que, neste momento, a taxa constitui um imposto, não cumprindo com o seu objectivo inicial: o financiamento de medidas compensatórias amigas do ambiente.

«No essencial, a TGR, mais do que constituir uma taxa com o objectivo de constituir um fundo para financiar a capacidade de melhorar a eficácia da internalização das soluções ambientalmente sustentáveis, destina-se fundamentalmente, e cada vez mais, a financiar o funcionamento de serviços da administração, com particular destaque para a Associação Portuguesa do Ambiente, os serviços de inspecção do ordenamento do território e as próprias CCDR [Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional]», aponta o documento aprovado.

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Na base da saída está o descontentamento com o processo imposto às autarquias, de aceitarem competências sem condições para continuar a assegurar serviços fundamentais e um acesso equitativo ao nível do território nacional. Como afirmou recentemente ao AbrilAbril a eleita da CDU, Ilda Figueiredo, no seguimento da vontade anunciada por Rui Moreira, o investimento necessário para assegurar as competências que o Estado empurra para as autarquias representa «muitos milhões de euros acima, no caso do Porto, dos que o Governo quer transferir». 

«Temos convergido nas críticas ao Ministério da Educação relativamente ao problema da transferência de competências, que na prática são encargos muito elevados, sem a correspondente transferência de dinheiro», disse Ilda Figueiredo em Abril, salientando que, «de facto não são competências, são tarefas».

Apesar disso, a eleita considerava então que sair da ANMP «não é solução» para o problema com que os municípios estão confrontados e que, frisou llda Figueiredo, requer «uma luta de todos, ou da maioria dos municípios, para pressionar o Governo a rever aquilo que está a fazer».  

Processo decorre desde 2019

O processo de transferência de competências em mais de 20 áreas da Administração Central decorre desde 2019. A transferência definitiva e obrigatória de competências nas áreas da Educação, Saúde e Acção Social para os municípios estava prevista acontecer a partir de 1 de Abril deste ano, mas, no passado dia 3 de Fevereiro, foi aprovada a possibilidade de os municípios requererem a prorrogação até 1 de Janeiro de 2023 do prazo para a concretização da transferência de competências na área da Acção Social. 

Em 25 de Março, a Câmara Municipal do Porto interpôs uma providência cautelar para travar a descentralização nas áreas da educação e da saúde, que foi aceite, mas sem efeitos suspensivos. Após recurso, o Supremo Tribunal Administrativo (STA) declarou-se na sexta-feira «incompetente» para decidir sobre a providência cautelar interposta pela Câmara do Porto.

Segundo dados de 26 de Abril, divulgados numa nota do Ministério da Coesão Territorial sobre o Orçamento do Estado para 2022, dos 201 municípios elegíveis, apenas 23 (11%) formalizaram a recepção de competências na área da saúde, tendo em conta o envelope financeiro proposto pela Administração Central.  

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«Estamos a ponderar a saída da Póvoa de Varzim da associação», assumiu o autarca. A decisão de Rui Moreira, apoiada pelo PSD no Porto, está a criar uma vaga de fundo junto dos autarcas sociais-democratas: «A Trofa está seriamente a pensar e a começar a encetar os procedimentos para também sair», assegurou Sérgio Humberto, eleito pelo PSD/CDS-PP; José Manuel Silva, eleito por uma coligação liderada pelo PSD, em Coimbra, entende que a «ANMP não tem defendido os interesses dos municípios».

É agora o próprio PSD que, depois das loas ao processo de transferência de competências, defendendo-o em centenas de reuniões camarárias, municipais e de freguesia, o denuncia por ser um projecto «mal negociado e mal conduzido».

Em comunicado, a Comissão Concelhia da Póvoa de Varzim do PCP relembra ter criticado, «desde o primeiro momento», a decisão tomada pelo Governo PS «em conluio com o PSD». Na prática, o que estes dois partidos acordaram foi um «acto de desresponsabilização do Estado» que acentuou «injustiças e desigualdades».

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Parlamento valida pacto para desconcentrar competências

O PS e o PSD aprovaram no Parlamento a lei-quadro da descentralização de competências sem unanimidade nas respectivas bancadas. Frente Comum fala de transferência «desastrosa» para as populações e evoca Constituição.

O presidente do PSD, Rui Rio, e o primeiro-ministro, António Costa, a 18 de Abril, dia do acordo conjunto sobre a desconcentração de competências para as autarquias
CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

As iniciativas do PS, do PSD e do Governo foram aprovadas ontem na votação final pelo PS e pelo PSD, dando seguimento ao acordo assinado entre Rui Rio e António Costa, no passado dia 18 de Abril. 

A luz verde para a transferência de competências para as autarquias locais e para a constituição de uma comissão independente para a descentralização foi dada pelos dois partidos. O CDS-PP absteve-se e o PCP, BE, PEV e PAN votaram contra. 

O acerto das bancadas do PS e do PSD perdeu-se na votação da alteração à Lei de Finanças Locais. Além de Helena Roseta (PS), que se absteve juntamente com o CDS-PP, o diploma foi rejeitado com os votos contra dos deputados do PSD Madeira (Rubina Berardo, Sara Madrugada da Costa e Paulo Neves), do deputado independente da bancada do PS, Paulo Trigo Pereira, e também das bancadas do PCP, BE, PEV e PAN.

Paulo Trigo Pereira disse mesmo que a alteração «não é a concretização financeira do processo de descentralização de competências. Na realidade, praticamente o único artigo que de perto se relaciona com a descentralização é a criação de um Fundo de Financiamento da Descentralização».

As críticas ao processo têm-se feito notar por vários eleitos locais, de Norte a Sul do País, em particular desde a assinatura do acordo do Governo com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que também não mereceu a unanimidade do Conselho Directivo da associação.

Se, por um lado, o novo quadro não prevê uma recuperação financeira das autarquias capaz de fazer face às actuais competências, por outro ainda não foi feita a análise acerca da capacidade de aceitação de novas responsabilidades, de modo a assegurar a garantia de universalidade em cada uma das áreas previstas.

A este respeito, a deputada Paula Santos (PCP) criticou ainda que um dossier desta dimensão e importância tenha sido discutido e aprovado numa semana, sublinhando que se trata de uma «desresponsabilização do Estado e de uma transferência de encargos para as autarquias». 

A Saúde, Educação, Cultura, Habitação e Património – onde o Governo já tentou despachar alguns equipamentos com a garantia de que não haveria verba para compensar a responsabilidade, são algumas das funções sociais do Estado que com a nova lei-quadro passam para as autarquias locais. 

A comissão independente aprovada vai ter representantes do Governo, dos grupos parlamentares, da ANMP e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre). 

«Uma machadada nas funções sociais do Estado» 

Numa conferência de imprensa após reunião do secretariado da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN), esta manhã, Ana Avoila denunciou que a descentralização aprovada «não é a que está prevista na Constituição», e que por isso fica ameaçada a garantia da universalidade de serviços. 

«Isto preocupa-nos muito. É uma das coisas que mais nos preocupa. Achamos que é uma machadada grande nas funções sociais do Estado – mas muito grande – e, por isso, o que nós aprovámos ainda agora nesta reunião do secretariado é pedir a fiscalização sucessiva da lei aos órgãos de soberania: ao Provedor de Justiça, ao procurador, aos grupos parlamentares, também no sentido de se verificar se isto poderia ser feito assim. Se tem pés para andar», afirmou.

Na Educação, Ana Avoila critica o facto de não estar assegurada a opção do trabalhador «de ficar no sítio onde está ou ir para outro lado», admitindo que não se lhe dá opção. «É uma transferência automática ou, se não for transferência, não sabemos o que vai acontecer a muitos trabalhadores. Mas, principalmente para as populações, pode vir a ser desastroso», advertiu.

Para descentralizar há que primeiro regionalizar

A votação global da lei-quadro acontece depois do acordo assinado no passado dia 3 entre o Executivo de António Costa e a ANMP.

A negociação, atestou na altura Alfredo Monteiro, ameaça a coesão territorial e coloca em causa a resolução aprovada por unanimidade no congresso da associação, realizado em Dezembro, que evidenciava a necessidade de avançar com a regionalização enquanto motor da descentralização de competências. Porque, sublinhou então Alfredo Monteiro: «Há competências que não estando bem no poder central também não estão bem no poder local. Estão bem numa região administrativa, tal como consigna a Constituição.»

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«A descentralização é indissociável da autonomia do Poder Local e não pode tratar-se de um mero processo de transferir tarefas para as autarquias, tornando iniludível uma visão que quer transformar municípios e freguesias em meras repartições dos ministérios».

A postura que os municípios do PSD (ou com o apoio do PSD) estão agora a assumir, ao promover uma debandada da ANMP, é «contraproducente», consideram os comunistas. É um factor «negativo para o município e para a necessária resistência» que as autarquias têm de travar para «exigir um verdadeiro processo de descentralização que tenha na regionalização o elemento orientador».

É de «extrema importância a organização dos municípios no combate a uma medida extremamente gravosa para a saúde financeira das autarquias e, por sua vez, para os utentes», defende o PCP, que considera ser «determinante» a presença de um município como a Póvoa de Varzim, ou Coimbra, na Associação Nacional de Municípios Portugueses.

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