|aeroporto de Lisboa

Alcochete é solução de futuro, mas Governo não se compromete e espera por PSD

O primeiro-ministro voltou a defender um «consenso nacional suficiente» para que haja um «menor risco» de voltar atrás, quando estudos defendem Alcochete como a melhor opção para o novo aeroporto de Lisboa. 

Créditos / Bomdia.eu

Foi no debate na Assembleia da República, esta quarta-feira, que António Costa foi confrontado por Paula Santos com o tema da construção do novo aeroporto de Lisboa. A deputada comunista lembrou que, estando praticamente esgotada a capacidade do aeroporto de Lisboa, se exige a construção faseada do novo aeroporto, de acordo as conclusões do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), homologadas pelo Executivo. 

«O que impede o Governo de o fazer?», indagou a deputada. «Não há nada que o impeça a não ser falta de vontade política para enfrentar os interesses da ANA/Vinci», prosseguiu. A líder da bancada parlamentar comunista registou que o Governo lançou um concurso para a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), mas entretanto o primeiro-ministro já veio dizer que a decisão depende de um acordo com o PSD. «Parece que anda à procura do caminho para não confrontar a Vinci», observou Paula Santos, adiantando que não avançar com a solução que dá resposta às necessidades do País é comprometer o futuro.

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Moita e Seixal acusam Governo de «passar por cima de tudo»

Os presidentes das câmaras da Moita e do Seixal condenam a proposta de revisão do quadro legal para a certificação do aeroporto no Montijo, acusando o Governo de estar disposto «a passar por cima de tudo».

Créditos / Bomdia.eu

A tomada de posição surge em reacção à proposta do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que esta quarta-feira afirmou no Parlamento que o quadro legal para certificação do aeroporto no Montijo pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) «tem obviamente de ser revisto», tendo acrescentado que era «incompreensível que fosse o presidente da Câmara da Moita a negar» o que o Governo insiste em propagar como uma oportunidade. 

«As declarações não me surpreenderam porque vêm mostrar algo que está cada vez mais evidente: o Governo está a apostar em passar por cima de tudo e de todas as opiniões, de todos os pareceres, de todos os problemas, para aceder aos interesses e à vontade da Vinci [dona da ANA – Aeroportos de Portugal desde 2012 por alienação estatal]», reconheceu à Lusa o presidente da Câmara Municipal da Moita, Rui Garcia (CDU).

O ministro falava depois de ter sido questionado pelo BE e pelo PCP sobre a notícia de que a ANAC é obrigada a chumbar o novo aeroporto no Montijo, uma vez que carece de parecer positivo de todos os municípios afectados.

A Moita é um dos municípios que não deram parecer favorável à construção na Base Aérea n.º 6, no Montijo, tendo em conta «riscos reais para a saúde pública causados pela elevada exposição da população ao ruído e às concentrações de poluentes no ar, contrariando todas as directivas da Organização Mundial de Saúde». Como tal, Rui Garcia afirma que a posição do ministro é «do mais condenável que se pode admitir».

«Perante um quadro legal que dá voz a quem gere os seus territórios para decidir e participar sobre uma infra-estrutura com tão grandes impactos como um aeroporto, é condenável que o Governo admita, pura e simplesmente, retirar essa voz aos municípios para poder fazer aquilo que quer», criticou.

Também o Município do Seixal expressou descontentamento com a proposta do governante. «Achamos que o senhor ministro devia estar mais preocupado, em primeiro lugar, com as populações e, em segundo, com o futuro aeroportuário da região e do País, do que propriamente em contornar uma lei», frisou o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos (CDU).

Para o eleito, o Governo deveria era explicar «por que razão insiste nesta opção do Montijo», em vez do Campo de Tiro de Alcochete. «Mais do que contornar leis, o senhor ministro devia era explicar por que razão está a colocar o Montijo à frente de Alcochete, quando Alcochete já tinha sido estudado anteriormente e até já tem Declaração de Impacte Ambiental aprovada e em vigor. Por que razão não explica isso? Essa é a questão-chave», salientou Joaquim Santos.

O eleito garante que o Município do Seixal não vai mudar o seu parecer negativo enquanto «for provado que é mais barato fazer em Alcochete e que tem menos impactos sobre a população e ambiente».

«Os pássaros não são estúpidos»

«A não ser que o senhor ministro nos venha explicar o contrário, nós somos pessoas inteligentes. Os pássaros não são, mas nós somos pessoas inteligentes e conseguimos perceber», frisou Joaquim Santos.

Na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, escreveu um artigo de opinião no jornal Público, em defesa do aeroporto do Montijo, no qual afirma que «não há aeroportos sem impactos» e que «os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem», isto a propósito do risco de colisão destes com as aeronaves. 

Recorde-se que, no seguimento de a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ter emitido declaração de impacte ambiental favorável condicionada ao projecto do aeroporto do Montijo, em Janeiro, a Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não e oito organizações ambientalistas prometeram recorrer à Justiça. 

Com agência Lusa

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António Costa insistiu na tese de que defende um consenso sobre as grandes obras públicas, lamentando uma vez mais o facto de não ter conseguido alterar a lei do veto dos municípios, para cuja intenção contava com o apoio dos social-democratas (que optavam pelo Montijo), e voltando a insistir que espera pela nova liderança do PSD para conhecer a solução defendida. 

Primeiro-ministro desde Novembro de 2015, António Costa critica que o País ande «há décadas» a estudar a localização do novo aeroporto de Lisboa, mas há estudos que referem claramente qual é a melhor solução a longo prazo. 

Campo de Tiro de Alcochete, defende o LNEC 

Ouvida esta terça-feira numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação sobre o concurso público para a Avaliação Ambiental Estratégica sobre a localização do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa, a presidente do LNEC admitiu, suportada na informação disponível, que «Alcochete permite uma futura expansão do aeroporto», enquanto que no Montijo há uma «limitação da expansão».

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Governo do PS quer lei à medida do aeroporto do Montijo

Por iniciativa de «Os Verdes» foi debatida esta quarta-feira, na Assembleia da República, a intenção do Executivo de alterar a lei para ultrapassar «entraves» democráticos na construção do novo aeroporto.

O Aeroporto Humberto Delgado quase esgotou a capacidade das suas instalações em 2016, com mais de 22 milhões de passageiros
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O agendamento, com carácter de urgência, pelos ecologistas assentou no facto de o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, ter afirmado que se estaria a ponderar alterar o decreto-lei que faz depender a construção do aeroporto do Montijo dos pareceres das câmaras municipais potencialmente afectadas.

O regime legal hoje vigente determina que, para a concretização de uma obra desta dimensão e impacto, tem de haver parecer positivo de todos os municípios envolvidos. Não se verificando esses pareceres, a Autoridade Nacional de Aviação Civil teria de respeitar a vontade dessas autarquias e deveria chumbar o projecto.

Nesta fase, já cinco câmaras municipais se manifestaram negativamente quanto à construção do novo aeroporto no Montijo, entre as quais Moita, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal. Em sentido diverso e favorável ao novo aeroporto, pronunciaram-se apenas quatro dos municípios afectados, Alcochete, Almada, Barreiro e Montijo.

Perante esta situação, que pode prejudicar a obra pretendida, o Governo quer agora alterar a lei para impor a sua vontade. Opção que José Luís Ferreira, do PEV criticou hoje, dizendo que «alterar uma lei a meio do jogo é inaceitável» e que, neste caso, é uma ofensa ao poder local democrático e a todos os autarcas do País.

«A lei só vale quando dá jeito»

Recorde-se que esta questão foi trazida a público, quando um responsável da ANA, em declarações à TSF, anunciou que se criariam regras específicas para o aeroporto do Montijo, ao que se seguiu a concordância do ministro das Infraestruturas.

O ministro das Infraestruturas chegou a referie hoje no debate parlamentar que a ponderação não é relativa à questão em concreto do novo aeroporto do Montijo, mas que o que está em causa é avaliar se a «lei é desajustada e desproporcional, porque dá direito de veto a um só município».

No entanto, ficou isolado nesta apreciação, tendo José Luís Ferreira clarificado que o que está em causa é que «a lei só vale quando dá jeito, quando interessa aos propósitos do Governo», havendo o objectivo exclusivo de «contornar os pareceres das câmaras municipais».

Também o BE, pela voz da sua deputada Joana Mortágua, se pronunciou contra esta intenção do Governo e voltou a criticar a opção do PS de submissão à multinacional Vinci, porque «não é do interesse nacional submeter a decisão aos interesses de uma multinacional estrangeira»

João Gonçalves Pereira, do CDS-PP, recordou que «a lei em vigor foi aprovada pelo próprio PS» classificando a actual intenção do Executivo de ser uma «posição do quero, posso e mando».

Bruno Dias, do PCP, acusou o Governo do PS de entender que «o parecer é necessário desde que seja favorável, senão altera-se a lei». O deputado comunista recordou ainda que em 2007, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil emitiu um parecer, com base em várias opções de localização, identificando como melhor opção a construção de um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete – documento que o Governo do PS de então homologou.

Para os comunistas, o problema é que «este Governo do PS quis seguir as opções do Governo PSD/CDS-PP e impor uma política de continuidade, não rompendo com a política de direita, tal como o País precisa».

«Os Verdes» e o PCP anunciaram ainda que, se esta intenção do Governo avançar, submeterão o diploma a uma apreciação parlamentar.

Forte e ampla contestação à solução Montijo

Desde que se anunciou a opção da construção de um novo aeroporto no Montijo que muitas foram as vozes de personalidades, especialistas, técnicos, dos mais variados espectros políticos, profissionais e associativos que se levantaram contra a mesma, por esta não ir ao encontro interesse público.

As críticas assentam no facto de a localização no Montijo ser uma opção que beneficia a multinacional Vinci, não tendo como sustentação qualquer estudo técnico que indique este como o melhor local, seja do ponto de vista estratégico, económico ou ambiental.

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Apesar de o LNEC não ter sido chamar a intervir no processo de Avaliação Ambiental Estratégica – que deverá arrancar em breve para a escolha da localização do novo aeroporto da Grande Lisboa –, a sua presidente, Laura Caldeira, assegura que a instituição está sempre disponível para participar. E pode fazê-lo quer como coordenador do estudo que irá ser feito, quer apenas a acompanhar o processo.

Em 2007, o LNEC fez o estudo que apontou o Campo de Tiro de Alcochete como opção para a construção do aeroporto internacional de Lisboa. Alcochete, defende a presidente, tem mais margem de manobra para uma futura expansão que o Montijo. «Com os estudos que temos, neste momento, Alcochete parece ser a solução [mais adequada] a longo prazo», afirmou Laura Caldeira. A presidente do LNEC admitiu ainda: «Alcochete permite uma futura expansão do aeroporto. No Montijo temos a limitação da expansão.»

Qual é a vantagem de ter dois aeroportos?

Também o antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, pediu várias vezes ao longo da audição esta terça-feira, no Parlamento, que lhe «provassem» que a solução que integra o Montijo é mais barata e rápida do que a do Campo de Tiro de Alcochete, que estudou, em 2007, quando liderava o LNEC.

Carlos Matias Ramos levantou dúvidas sobre a atracção de companhias aéreas para um futuro aeroporto de Lisboa no Montijo. «A easyJet não vai para o Montijo, já ganhou os slots e ninguém lhos pode tirar desde que satisfaçam os objectivos. A Ryanair já disse que não ia. Então quem é que vai?», questionou, deixando ainda críticas à Avaliação Ambiental Estratégica e à Vinci.

«O grande interesse da Vinci é manter a Portela» referiu, indicando que «numa fase de transição» as receitas que neste momento tem com a infraestrutura não seriam mantidas. «Querem manter a Portela até 2062, o resto é atirar valores para que esta solução seja alcançada», indicou.

«Qual a vantagem da solução dual [com dois aeroportos]? Temporária ainda entendo, mas definitiva», questionou, apontando a duplicação de policiamento e de controladores aéreos.


Com agência Lusa

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