O órgão legislativo do país sul-asiático decidiu realizar eleições legislativas e presidenciais até Março do ano que vem, segundo apurou o diário Daily Mirror.
Rajapaksa já tinha dado a conhecer a intenção de se demitir ao primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, que também anunciou a sua demissão para abrir caminho à formação de um governo de unidade, com todos os partidos.
Ontem, o Sunday Observer indicava que existia consenso entre os representantes dos partidos quanto à formação de um governo interino de unidade, mas hoje, segundo aponta o Daily Mirror, vários deputados pediram a Wickremesinghe que continuasse à frente do governo e assumisse a presidência do país, de forma provisória, até às próximas eleições, para «não deixar a crise económica a meio».
Crise económica e manifestações sem precedentes
O Sri Lanka atravessa a pior crise económica desde a independência, e as greves, os protestos e manifestações contra as políticas de Rajapaksa e a sua incapacidade de lidar com a crise, que se intensificaram em Abril, com a exigência repetida de demissão do governo e do presidente da República, culminaram no sábado passado com «manifestações sem precedentes na história» país, refere o Sunday Observer.
O primeiro-ministro demitiu-se esta segunda-feira, poucas horas depois de apoiantes seus terem atacado, em Colombo, manifestantes que protestavam contra o governo. Há registo de 7 mortos e 230 feridos. A demissão de Mahinda Rajapaksa, irmão do presidente Gotabaya Rajapaksa, teve lugar esta segunda-feira, 9 de Maio, depois de semanas de grandes protestos anti-governamentais no país do Sul da Ásia. Nas horas que antecederam a demissão, vários episódios de violência tiveram lugar na ilha, relacionados com provocações de apoiantes do clã Rajapaksa. Pelo menos três pessoas foram mortas e só em Colombo, a maior cidade do país, registaram-se mais de 150 feridos, segundo refere o portal Peoples Dispatch. Várias fontes, incluindo o portal indiano Newsclick, referem que uma multidão de apoiantes do primeiro-ministro e do presidente se dirigiu para um local onde se encontravam acampados manifestantes em protesto contra o governo cingalês, tendo destruído tendas e espancado várias pessoas à paulada. Como retaliação, em vários pontos do país foram atacados membros e dirigentes no partido no poder, foram incendiadas viaturas e casas, incluindo a residência ancestral do primeiro-ministro, em Kurunegala. Como resultado da violência, dos confrontos e da repressão policial, há um registo preliminar de sete mortos e mais de 230 feridos. segundo referem as agências. A Polícia disparou contra grupos de pessoas que se manifestaram esta terça-feira, em vários pontos do país asiático, contra a subida dos preços dos combustíveis. Pelo menos uma morreu. Em Rambukkana, refere o diário The Island, os manifestantes bloqueavam a linha ferroviária havia várias horas em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis, e, ontem à noite, a Polícia disparou contra eles. Pelo menos um morreu e 24 ficaram feridos, sendo que 21 tiveram de ser hospitalizados, indica a fonte, acrescentando que é a primeira vez que a Polícia cingalesa dispara contra as pessoas que, desde 31 de Março, se manifestam contra o governo de Gotabaya Rajapaksa, responsabilizando-o pela deterioração da situação económica da ilha. Um representante da Polícia afirmou que os agentes recorreram à força depois de os manifestantes se terem «tornado violentos» e começado a «danificar a propriedade pública». Esta manhã, a Polícia cingalesa afirmou que o recolher obrigatório imposto em zonas do distrito de Kegalle, onde se localiza Rambukkana, se iria manter. Ontem, ao início do dia, operadores privados de autocarros de Colombo e subúrbios, bem como em várias províncias, suspenderam os serviços, depois do forte aumento do preço do combustível, revela The Island. Centenas de milhares de funcionários públicos cingaleses realizaram uma greve para exigir aumentos salariais, tendo em conta as sucessivas subidas de preços e a crise económica do país. Mais de 600 mil trabalhadores filiados na Associação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka (Slgotua, na sigla em inglês) fizeram uma greve a meio da semana em protesto contra «a incapacidade do governo de resolver as questões salariais, enquanto o custo de vida aumenta», noticiou esta quinta-feira o portal Peoples Dispatch. Fontes sindicais revelaram que a adesão à paralisação rondou os 80%. Num ano com repetidas subidas de preços dos bens essenciais, os trabalhadores exigem ao executivo que os seus salários registem um aumento de, pelo menos, 18 mil rupias (cerca de 78 euros). O governo do presidente Gotabaya Rajapaksa afirmou que «não há possibilidades de aumentar os salários nas actuais circunstâncias» e, perante esta falta de resposta positiva às suas exigências, no dia 5 a associação sindical anunciou que ia avançar com a greve, segundo informou o jornal The Morning. Várias organizações representativas dos trabalhadores, incluindo a Federação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka, que reúne 35 organizações, disseram que iriam participar na jornada de protesto. A greve, que teve lugar no dia 8, ocorreu na sequência de um mês de mobilizações em vários sectores – como na Saúde, na Educação e na Energia –, num contexto em que se mantém o estado de emergência económica imposto pelo presidente em Agosto último (posteriormente ratificado no Parlamento). De acordo com o Peoples Dispatch, os protestos frequentes este ano mostram a saturação da população com a política do actual executivo, que acusam de ser «favorável às grandes empresas». No mês passado, trabalhadores da Educação alcançaram melhorias salariais após quatro meses de luta. Já na Saúde pública, o governo continua a não aceder às reivindicações dos trabalhadores e, a 24 e 25 de Novembro, mais de 50 mil trabalhadores participaram numa greve de dois dias. Apontando responsabilidades à crise económica que o país insular enfrenta, o governo anunciou um corte de seis mil milhões de rupias [mais de 26 milhões de euros] para o sector da Saúde no Orçamento de 2022. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Além de Rambukkana, onde os manifestantes bloquearam a passagem de comboios e as estradas, outros pontos do país foram palco de cortes de estradas, incluindo a autoestrada Katunayake-Colombo, próxima do aeroporto internacional de Bandaranaike. O serviço privado de autocarros não foi reposto em muitos locais, com os operadores a exigirem uma revisão imediata das tarifas, e a Polícia interveio em vários pontos do país insular. Apesar das garantias reiteradas, ao longo do tempo, de que a rede de distribuição de combustível seria normalizada, tal não se verificou e as entidades responsáveis continuaram a aumentar os preços, tal como ocorreu na segunda-feira. Segundo refere o portal Newsclick, os sindicatos anunciaram um «protesto negro» para forçar a demissão do governo, acusando-o de má gestão na actual crise económica. Joseph Stalin, do sindicato dos professores, disse que realizariam piquetes vestidos de negro. O país da Ásia do Sul vive uma das piores crises económicas desde a independência do Reino Unido, em 1948, em parte provocada pela falta de divisas estrangeiras, que impede o país de pagar as importações de alimentos e combustíveis, gerando situações de grave escassez e preços muito elevados. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Apesar do recolher obrigatório declarado pelas autoridades, que se deve prolongar até quarta-feira, e do destacamento de tropas do Exército, ontem milhares de pessoas voltaram para as ruas em protesto contra as políticas do governo, que os manifestantes acusam de inépcia ao lidar com a pior crise económica que o país enfrenta desde a independência, em 1948. Desde o início de Abril que trabalhadores e populações se manifestam nas ruas exigindo a demissão do primeiro-ministro Mahinda e do presidente Gotabaya, num contexto de estados de emergência decretados para proteger a «segurança pública» e defender a «ordem pública», e com a crise económica a agudizar-se. Sem divisas externas, há vários meses que o país não consegue pagar as importações de bens essenciais, como alimentos, combustíveis e medicamentos, gerando situações de grave escassez, preços muito elevados e cortes prolongados de energia. A aproximação do governo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) não foi do agrado da população, que exige igualmente a demissão do presidente, o irmão mais novo dos Rajapaksa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Primeiro-ministro do Sri Lanka demite-se no meio de grande agitação social
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Pelo menos um morto e vários feridos em protestos contra o governo no Sri Lanka
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Custo de vida sobe mas salários não: funcionários públicos fazem greve no Sri Lanka
Estado de emergência económica prolonga-se e vários sectores mobilizam-se
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Milhares de pessoas, provenientes de vários pontos do país e, sobretudo, dos bairros nos arredores de Colombo, a maior cidade do Sri Lanka, passaram pelas barricadas policiais e juntaram-se nas imediações da Residência Presidencial, que foi invadida. A casa particular do primeiro-ministro viria a ser incendiada.
A mesma fonte refere que, coincidindo com as grandes manifestações em Colombo, se realizaram marchas de protesto pelo país fora a exigir a demissão do presidente e do governo, que responsabilizam pela grave crise no país e acusam de incapacidade para a resolver.
Durante os protestos de sábado, que contaram com o apoio de organizações estudantis, sindicatos e outros organismos sociais, mais de meia centena de pessoas ficaram feridas, algumas delas agentes da Polícia, que efectuou disparos e usou gás lacrimogéneo para tentar dispersar os manifestantes.
Sindicatos alertam para reversão do processo
A situação de grave crise no país arrasta-se há muitos meses e não é alheia aos impactos da pandemia no importante sector do Turismo. O ano passado, as centrais sindicais levaram a cabo múltiplas acções de luta contra o aumento do custo de vida, as sucessivas subidas de preços, a crise económica e as políticas de Gotabaya Rajapaksa, que defendia não ser possível aumentar os salários.
A situação foi-se degradando, com a inflação a galopar, as autoridades do país a declararem que não tinham divisas externas, que não podiam importar combustível e outros bens essenciais.
Num contexto de elevado desemprego, poder de compra reduzido, longas filas para adquirir bens essenciais, cortes diários – prolongados – de energia, os protestos intensificaram-se a partir de Abril e nesse mesmo mês houve uma nova greve geral.
Centenas de milhares de funcionários públicos cingaleses realizaram uma greve para exigir aumentos salariais, tendo em conta as sucessivas subidas de preços e a crise económica do país. Mais de 600 mil trabalhadores filiados na Associação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka (Slgotua, na sigla em inglês) fizeram uma greve a meio da semana em protesto contra «a incapacidade do governo de resolver as questões salariais, enquanto o custo de vida aumenta», noticiou esta quinta-feira o portal Peoples Dispatch. Fontes sindicais revelaram que a adesão à paralisação rondou os 80%. Num ano com repetidas subidas de preços dos bens essenciais, os trabalhadores exigem ao executivo que os seus salários registem um aumento de, pelo menos, 18 mil rupias (cerca de 78 euros). O governo do presidente Gotabaya Rajapaksa afirmou que «não há possibilidades de aumentar os salários nas actuais circunstâncias» e, perante esta falta de resposta positiva às suas exigências, no dia 5 a associação sindical anunciou que ia avançar com a greve, segundo informou o jornal The Morning. Várias organizações representativas dos trabalhadores, incluindo a Federação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka, que reúne 35 organizações, disseram que iriam participar na jornada de protesto. A greve, que teve lugar no dia 8, ocorreu na sequência de um mês de mobilizações em vários sectores – como na Saúde, na Educação e na Energia –, num contexto em que se mantém o estado de emergência económica imposto pelo presidente em Agosto último (posteriormente ratificado no Parlamento). De acordo com o Peoples Dispatch, os protestos frequentes este ano mostram a saturação da população com a política do actual executivo, que acusam de ser «favorável às grandes empresas». No mês passado, trabalhadores da Educação alcançaram melhorias salariais após quatro meses de luta. Já na Saúde pública, o governo continua a não aceder às reivindicações dos trabalhadores e, a 24 e 25 de Novembro, mais de 50 mil trabalhadores participaram numa greve de dois dias. Apontando responsabilidades à crise económica que o país insular enfrenta, o governo anunciou um corte de seis mil milhões de rupias [mais de 26 milhões de euros] para o sector da Saúde no Orçamento de 2022. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Custo de vida sobe mas salários não: funcionários públicos fazem greve no Sri Lanka
Estado de emergência económica prolonga-se e vários sectores mobilizam-se
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A demissão do presidente Rajapaksa é encarada como essencial para ultrapassar esta fase e os sindicatos foram deixando claro que a solução para os trabalhadores do país não passava por ele. Ontem, voltaram a reafirmá-lo e, segundo refere o periódico The Morning, disseram que estavam alerta para ver se não voltava atrás com a demissão anunciada.
Sublinhando que é necessária uma solução para a crise socioeconómica e as questões urgentes do país, questionaram por que razão a demissão não foi imediata e perguntaram por que motivo, no sábado, as autoridades atacaram alguns jornalistas e se deixaram ficar a ver algumas pessoas a queimarem a casa do primeiro-ministro.
«Deve ser uma forma de transformarem a luta pública noutra coisa qualquer», sublinharam.
No sábado, os manifestantes apresentaram um conjunto de reivindicações, que passam por medidas urgentes para aliviar a população dos efeitos da crise económica, um programa de distribuição de alimentos, combustível e gás, bem como a garantia dos direitos à educação à saúde, ao transporte público, entre outras exigências.
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