Nas últimas semanas tem vindo a público uma crescente redução da disponibilidade americana no que toca ao apoio fornecido à Ucrânia. Por esta razão, mas com outras vestes, as eleições intercalares nos EUA estiveram nos últimos dias no foco mediático do Ocidente. A possibilidade de os Republicanos obterem algum tipo de maioria não significa necessariamente que Donald Trump volte, mas pode significar algum entrave às chamadas «ajudas».
Neste sentido, vejam-se as declarações de Kevin McCarthy, o republicano que encabeça a oposição na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e poderá tornar-se no seu presidente, caso se confirme a tímida maioria do «Grande Velho Partido»: «mais cedo ou mais tarde os americanos estarão a viver em recessão, após meses de inflação galopante» e, «perante isto, não me parece que esses mesmos americanos queiram continuar a financiar da mesma maneira o Governo ucraniano».
Desta forma, passando os Republicanos a deter as maiorias na Câmara dos Representantes e no Senado, a agenda dos Democratas e, por sua extensão, de Biden fica mais condicionada e obrigará a diversas negociações. O próprio Kevin McCarthy já disse que se se tornar presidente da Câmara dos Representantes, no quadro das suas competências financeiras, deixará de «passar cheques em branco» a Kiev.
De acordo com o Forum on the Arms Trade, que é «uma rede de peritos da sociedade civil e um ponto de contacto para reforçar os esforços públicos no sentido de abordar as implicações humanitárias, económicas e outras das transferências de armas, da assistência à segurança e da utilização de armas», os EUA, até ao momento, já forneceram mais de 18,5 mil milhões de dólares em «ajudas de segurança», enquanto a inflação homóloga nos EUA se encontra nos 7,7%, de acordo com o Departamento do Trabalho norte-americano.
Estas contradições também têm ganho alguma expressão na União Europeia, por um lado, com várias manifestações contra o aumento do custo de vida provocado pela crise energética e pelo aumento dos preços. Por outro, a ausência de respostas para as dificuldades sentidas pelos povos e o aumento das taxas de juro por parte do BCE têm contribuído para o agravamento das condições de vida.
Não necessariamente pelas preocupações relativas às condições de vida, mas num quadro de interesses próprios, a Hungria, por via do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto, já afirmou na rede social Twitter que o país iria rejeitar o pacote de ajuda de 18 mil milhões de euros, uma vez que isso advém do orçamento comunitário. A Hungria sustenta ainda que o «fracasso da política de sanções de Bruxelas causou uma crise energética» e está a condicionar os interesses húngaros.
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