|Europa

Aumentam os protestos na Europa por causa do custo de vida

Com a guerra na Ucrânia a arrastar-se, a manutenção das sanções à Rússia, os preços a subirem e os grandes grupos económicos a acumularem lucros, uma onda de protestos varre a Europa, por melhores salários.

Créditos / @yclbritain

No Reino Unido, onde a inflação atingiu 11,1% em Outubro (a mais elevada em 41 anos), as greves fazem-se sentir nos mais variados sectores de actividade. Milhares de enfermeiros devem fazer greve pela primeira vez, exigindo melhores salários face ao crescente custo de vida.

A greve neste sector, sem precedentes em 106 anos, deve começar antes do final do ano, anunciaram representantes sindicais, afirmando que os salários dos enfermeiros diminuíram cerca de 20% nos últimos dez anos em termos reais, deixando os trabalhadores numa situação complicada para alimentar as suas famílias e pagar as facturas, indica a PressTV.

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Funcionários públicos no Reino Unido decidem avançar para a greve

O maior sindicato da Função Pública consultou cerca de 150 mil trabalhadores, que votaram esmagadoramente a favor da greve, por melhores salários e estabilidade, num contexto de perda de poder de compra.

Créditos / express.co.uk

O Sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais (PCS) anunciou que 126 locais de trabalho da administração pública no Reino Unido, abrangendo cerca de 100 mil trabalhadores, devem enfrentar paralisações nos próximos tempos, depois de, numa consulta recente, 86,2% dos trabalhadores terem dito «sim» à greve.

Funcionários dos serviços administrativos centrais do Estado, da emissão de passaportes, dos serviços de fronteiras, do Departamento de Trabalho e Pensões, dos centros de emprego, da Saúde e Segurança, do regulador de energia Ofgem – estão todos convocados, quando a inflação anda nos dois dígitos (10,1%) e o nível de vida se deteriora.

Dados de um relatório do Instituto de Estudos Fiscais mostram que os salários do sector público são, em média, 4% inferiores, em termos reais, ao que eram há 15 anos.

O secretário-geral do PCS, Mark Serwotka, disse que «o governo tem de olhar para a imensa votação a favor da greve em largas camadas da função pública e compreender que já não pode tratar os trabalhadores com desprezo».

Mark Serwotka / Morning Star

«Os nossos membros falaram e, se o governo não os ouvir, não nos resta outra opção senão lançar um calendário prolongado de greves, que alcance todos os recantos da vida pública», acrescentou, citado pelo periódico Morning Star.

Recordando que o ex-primeiro-ministro conservador Boris Johnson, em meados deste ano, ameaçou eliminar 91 mil postos de trabalho na Função Pública, Serwotka afirmou que os trabalhadores «assumiram de forma voluntária e diligente um papel vital no funcionamento do país durante a pandemia – mas basta!».

«O stress de trabalhar na Função Pública, sob a pressão da crise do custo de vida, a eliminação de postos de trabalho e o encerramento de agências, levou-os até ao extremo do cansaço», sublinhou o dirigente sindical, que pediu uma resposta positiva do governo às exigências dos trabalhadores.

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«Os lucros deles são os nossos salários não pagos»: ferroviários britânicos em greve

Os trabalhadores da ferrovia fizeram greve por não haver acordo com as empresas que operam no sector. Exigem aumentos salariais, melhores condições de trabalho e garantias de que não serão despedidos.

Mick Lynch, secretário-geral do sindicato RMT, num piquete de greve em Junho último 
Créditos / morningstaronline.co.uk

Embora a paralisação desta quarta-feira não tenha tido a dimensão da greve de três dias realizada em Junho, o serviço ferroviário viu-se bastante afectado nos vários territórios do Reino Unido.

Segundo revela a imprensa, nas redes nacionais circulou apenas um em cada cinco comboios – e nalguns casos não se registou qualquer circulação –, tendo a conta a adesão à greve de maquinistas, sinalizadores e outros funcionários.

A paralisação abrangia os trabalhadores filiados no sindicato RMT que laboram na Network Rail e em 14 operadores privados, bem como os trabalhadores organizados no sindicato TSSA que trabalham para a empresa Avanti West Coast.

Em declarações à BBC, o secretário-geral do RMT, Mick Lynch, disse que a paralisação se deve às empresas que operam no sector, uma vez que a sua atitude conduziu ao fracasso nas negociações com os representantes dos trabalhadores.

«Não nos apresentaram nenhuma proposta sobre salários, nem nos deram garantias de que não haverá despedimentos em massa», afirmou Lynch.

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Reino Unido: democratas «devem opor-se» à limitação de direitos sindicais

Trabalhadores em greve podem ser substituídos por contratados temporariamente. Aquilo que era uma «infracção penal» passa a ser «uma opção para as empresas», frisou o secretário dos Negócios e Energia.

Mick Lynch, secretário-geral do sindicato RMT, denunciou a legislação anti-greve do governo britânico 
Créditos / morningstaronline.co.uk

«Não vamos deixar os sindicatos paralisar a nossa economia», disse Kwasi Kwarteng ao dar conta da alteração legislativa na sua conta de Twitter.

Comentando a medida do governo, Mick Lynch, secretário-geral do sindicato Rail, Maritime and Transport (RMT), sublinhou que se trata do «último passo da repressão sobre a dissidência democrática a que todos os sindicalistas e democratas se devem opor».

«A utilização de trabalho temporário para acabar com as greves não é apenas anti-ética e moralmente repreensível, é totalmente impraticável», frisou Lynch.

«Os trabalhadores das empresas de trabalho temporário (ETT) não terão a habilidade, o treino ou as competências necessárias para conduzir um combóio, fazer trabalhos complexos de manutenção na via, sinalizar comboios ou fazer toda uma série de trabalhos críticos de segurança na rede», alertou o dirigente sindical, referindo-se à área da ferrovia.

«Em vez de tentar reduzir os direitos dos sindicatos, que já são os piores da Europa ocidental, o governo devia libertar a Network Rail e as empresas que operam a ferrovia, para que chegássemos a um acordo», disse, citado pelo Morning Star.  

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Reino Unido: alertas face ao avanço na privatização da saúde pública

Sindicatos, utentes, partidos de esquerda estão a denunciar o «Health and Care Bill» do governo de Boris Johnson, afirmando que se trata de um cavalo de Tróia para aprofundar a privatização da saúde pública.

Protesto contra a privatização do NHS no Reino Unido 
Créditos / keepournhspublic.com

À medida que o projecto da Lei da Saúde e dos Cuidados avança, depois de ter sido apresentado, em Julho, pelo governo conservador britânico, sobe de tom a oposição de vários sectores progressistas e de esquerda, que vêem na «lei do assalto corporativo» ao National Health Service (NHS; serviço nacional de saúde) uma forma de aprofundar a sua privatização e de colocar áreas-chave da saúde pública nas mãos dos privados.

Esta semana, um deputado do Partido Trabalhista exigiu a reversão da privatização do NHS, bem como a supressão do projecto de lei conservador, refere o Peoples Dispatch. Reclamou ainda o financiamento adequado do serviço nacional de saúde, incluindo um aumento salarial de 15% para os seus funcionários.

A grande maioria dos britânicos opõe-se à privatização do serviço nacional de saúde / The Guardian

Organizações como We Own It e Unite the Union, iniciativas e campanhas como Save the NHS e Just Treatment também têm estado activas e a expressar as suas preocupações sobre o projecto de lei, acusando o governo de Johnson de usar a pandemia de Covid-19 para privatizar serviços importantes do NHS.

O governo britânico defende a necessidade de reorganizar o sistema, aproximando os hospitais do apoio social e atribuindo um papel mais formal às empresas privadas na «colaboração» com o serviço público – que já detêm.

Os oponentes afirmam que a referida reorganização – que irá dividir o NHS em 42 unidades integradas, «cada qual com o seu orçamento apertado» – significa um aprofundamento da privatização do sistema, quando, no contexto da pandemia, se exige um maior investimento público.

O projecto de lei, que já foi aprovado na Casa dos Comuns duas vezes em Julho, encontra-se na fase da Comissão, prevendo-se que seja submetido a uma terceira votação em Outubro. De acordo com a fonte, o governo de Boris Johnson quer lançar a «reforma» a todo o vapor em Abril do próximo ano.

«Esta não é a receita de que necessitamos»

Numa declaração proferida na terça-feira, Jacalyn Williams, responsável da área da Saúde do sindicato Unite the Union, sublinhou que o «NHS é a nossa maior conquista e, depois de uma década de subfinanciamento e de lidar com a pandemia de Covid-19, esta lei não é a receita de que necessitamos». Disse ainda que a lei é um cavalo de Tróia, que vai trazer maior privatização, clientelismo, austeridade, e dará carta branca para «atropelar e vender o NHS».

Por seu lado, a organização Just Treatment afirmou que o projecto de lei vai conduzir o serviço público para um estilo à americana, onde os lucros são postos à frente da saúde, e destacando que lucrar com a saúde das pessoas contraria os princípios do NHS. O organismo lembrou ainda que, entre os muitos poderes que as empresas privadas passarão a ter, está o de decidir aquilo que os trabalhadores ganham, o que significará cortes para enfermeiros e médicos sobrecarregados.

De acordo com as estimativas do Unite the Union, o nível de privatização do NHS em 2018-19 variou entre 7% e 22%, e mesmo o valor mais baixo representou a transferência de 9,2 mil milhões de libras (10,7 mil milhões de euros) do orçamento do NHS para os bolsos dos privados.

Imagem da campanha contra o projecto de lei do governo britânico na área da Saúde / campanha We Own It

«Os utentes e os trabalhadores não querem mais poder corporativo no NHS»

Robert Griffiths, secretário-geral do Partido Comunista Britânico, também criticou a «proliferação de cuidados de saúde privados, a transferência de serviços do NHS para empresas guiadas pelo lucro, a drenagem de recursos do NHS para Inciativas de Financiamento Privado (PFI) e a duplicação dos pagamentos a entidades privadas desde 2010», informa o Peoples Dispatch.

Segundo um inquérito realizado pela campanha We Own It (é nosso) e pela Survation, 76% dos inquiridos disseram que desejavam ver o NHS «restabelecido como um serviço totalmente público», frente a apenas 15% que aceitaram a colaboração privada com a saúde pública.

«Os utentes e os trabalhadores não querem mais poder corporativo no nosso NHS – queremos mais financiamento, uma voz democrática sobre o modo como funciona, apoio adequado aos trabalhadores e o fim dos planos de privatização», afirmou a Just Treatment numa declaração da sua campanha contra o projecto de lei de Boris Johnson.

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Por seu lado, a secretária do Congresso dos Sindicatos (TUC), Frances O'Grady, disse que a medida do governo é uma «receita para o desastre».

«A utilização de trabalhadores de ETT para tentar quebrar as greves colocaria estes trabalhadores numa posição tremenda, agravaria os conflitos e envenenaria as relações laborais», alertou.

O governo quer minar o «direito fundamental à greve», destacou O'Grady, lembrando ainda que a medida constitui uma ameaça à segurança pública, uma vez que pôr trabalhadores não treinados em determinadas funções pode colocá-los em risco a eles e aos utentes dos serviços.

«Numa altura em que milhões lutam para chegar ao fim do mês, o governo ataca a capacidade dos trabalhadores para reivindicar salários mais altos», disse O’Grady.

Neoliberais a atacar direitos dos trabalhadores e com discurso para dividir as camadas populares

Na sua página online, o governo britânico afirma que, a partir de ontem, as empresas afectadas por greves «podem recorrer a funcionários temporários e qualificados, com pouca antecedência, para preencher postos essenciais».

O secretário britânico dos Negócios e Energia justificou a medida à luz «da acção sindical militante que ameaça paralisar serviços públicos essenciais», acrescentando que tinha agido com rapidez para «revogar estas restrições onerosas, ao estilo dos anos 70».

As «pessoas honestas e trabalhadoras podem prosseguir com as suas vidas», ou seja, sem ter pela frente os incómodos das consequências da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e melhores salários, para denunciar o aumento do custo de vida ou a má gestão governamental dos recursos públicos.

Para Kwarteng, esta quinta-feira trouxe boas notícias «à nossa sociedade e à nossa economia».

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Centenas perdem o emprego no esquema «despede e recontrata» da British Gas

«30 anos de serviço leal não contam para nada», disse um engenheiro da British Gas, a maior empresa de energia do Reino Unido. Centenas ficaram sem trabalho ao não aceitarem piores condições.

Trabalhadores em luta contra o esquema de «despedimento e recontratação» da British Gas 
Créditos / The Guardian

Estima-se que entre 300 e 400 funcionários da British Gas tenham perdido o posto de trabalho na quarta-feira passada, depois de se recusarem a alinhar no esquema de «despedimento e recontratação» que lhes foi imposto pela empresa.

No passado dia 1 de Abril, o maior fornecedor de energia do Reino Unido entregou cartas de despedimento a cerca de mil dos seus engenheiros, que instalam e reparam caldeiras e sistemas de calefacção para os nove milhões de clientes da empresa.

Os trabalhadores tinham duas semanas para decidir se saíam para regressarem assinando novos contratos, que implicavam uma redução salarial e mais horas de trabalho, com turnos também aos fins-de-semana e feriados – de borla.

De acordo com The Guardian, o polémico esquema de «despedimento e recontratação» é legal, e a maioria dos sindicatos aceitou o agravamento das condições laborais, sendo que, até terça-feira, centenas de funcionários assinaram os novos contratos.

Luta contra o despedimento colectivo e «coerção»

O sindicato GMB destacou-se na oposição ao «esquema», ao longo de uma luta de nove meses travada contra a administração da empresa, e levou a cabo mais de 40 dias de greve, em protesto contra o «despedimento colectivo» e o «tratamento vergonhoso» dos trabalhadores, acusando o fornecedor de fazer «bullying» sobre os funcionários.

Andy Prendergast, dirigente do GMB, denunciou que muitos dos 8000 engenheiros aceitaram as novas condições «sob coerção», e sublinhou que o tratamento «chocante» dos funcionários provocou danos na sua moral.

A dona da British Gas, Centrica, anunciou os planos de emagrecimento no Verão passado, alegando para tal a perda de mais de três quartos do seu valor de mercado nos últimos cinco anos, os efeitos da pandemia e a necessidade de proteger a qualidade do serviço e milhares de postos de trabalho.

No entanto, muitos dos engenheiros visados não se mostraram convencidos com esta argumentação, tendo denunciado nas redes sociais o «esquema» e o modo como foram tratados depois de anos e anos de serviço, e expressando a recusa em aceitar piores condições de trabalho: «Não vou assinar um contrato inferior», escreveu no Twitter um dos engenheiros da British Gas que ficaram sem trabalho.

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A medida já andava a ser comentada da imprensa desde o mês passado, na sequência das greves com forte impacto no sector dos transportes. Precisamente o secretário dos Transportes, Grant Shapps, mostrou-se determinado a fazer frente ao que chamou o poder dos dirigentes sindicais, que acusou de manter «o país refém».

Em tom igualmente populista ao de Kwarteng e querendo gerar divisão no seio das camadas atingidas pelo efeito bumerangue das sanções contra a Rússia e pelas políticas neoliberais do executivo conservador, Shapps também pôs de um lado os maus dos grevistas, que têm o poder de perturbar o funcionamento do país, e as coitadas das pessoas trabalhadoras, que, agora, com esta legislação quebra-greves, já vão poder continuar a fazer as suas vidas.

Que as coitadas das pessoas honestas e trabalhadoras podem continuar a ser roubadas e que os trabalhadores lutam por direitos – já não foi coisa que o secretário tenha dito.

A legislação passa a ter efeito em Inglaterra, País de Gales e Escócia.

Quando uma acção de luta promovida por um sindicato é considerada ilegal, o limite pelos «danos» que podiam ser imputados à estrutura sindical estava fixado em 250 mil libras; agora passou para um milhão de libras.

É outra das alterações promovidas pelo governo conservador, enquanto os media se entretêm com «prognósticos, apostas e pontos de interrogação» sobre Sunak e Truss.

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«O sindicato continuará a negociar de boa-fé, mas não se deixará intimidar por ninguém», disse ainda Lynch, em alusão às ameaças veiculadas por representantes das empresas.

Sublinhou também a necessidade de o governo conservador britânico «deixar de interferir nas negociações, para que possa haver um acordo entre as empresas do sector e os trabalhadores».

A este propósito, a secretária-geral do Congresso dos Sindicatos (TUC), Frances O'Grady, acusou o secretário dos Transportes do executivo britânico, Grant Shapps, de ter bloqueado as negociações que podiam ter evitado a greve.

«Todos nós queremos ver negociações bem-sucedidas para pôr fim a este conflito», disse O'Grady, que acusou Shapps de ter dado «instruções secretas» às empresas do sector ferroviário para que não chegassem a um acordo, indica o periódico Morning Star.

Entretanto, apesar de a direcção do Partido Trabalhista ter dado instruções aos seus membros para não apoiarem a greve, alguns deputados desafiaram essa orientação e dirigiram-se a estações e outros locais onde havia piquetes, em solidariedade com os trabalhadores.

Jeremy Corbyn, ex-líder dos trabalhistas (2015-2020) e agora deputado independente, esteve com um piquete de greve em Euston (Londres), tendo afirmado os trabalhadores da ferrovia falam por muita gente no país.

Os ricos mais ricos e os pobres mais pobres? Os trabalhadores não estão para isso

Num texto publicado no Morning Star, Sarah-Jane McDonough, do sindicato TSSA, pergunta: «Quanto tempo mais espera o governo que os trabalhadores aceitem que os ricos fiquem mais ricos enquanto nós ficamos mais pobres?»

E acrescenta que aqueles que «lucram com a nossa exploração» receberam com «fingida surpresa» a exigência de aumentos salariais.

Trabalhador em greve num piquete, em Junho de 2022, segura um cartaz em que se lê «Cortem nos lucros, não nos empregos e nos serviços» / PBS

«Isso não os devia surpreender de todo. Mais e mais trabalhadores estão a perceber que os lucros das empresas privadas são os salários não pagos dos trabalhadores e que essa injustiça existe há demasiado tempo», afirma.

McDonough aponta a vontade de despedir trabalhadores, a falta de manutenção na rede, a pouca propensão para aumentar salários e contrapõe a isso os lucros de muitos milhões de libras que as empresas privadas têm estado a fazer com a concessão do sector ferroviário no Reino Unido.

«O dinheiro está lá e sempre esteve. Esta acção [sindical] não é apenas sobre os salários, termos e condições dos trabalhadores filiados no TSSA e no RMT no sector ferroviário, mas faz parte de um quadro muito maior», frisa a sindicalista.

Em seu entender «a situação económica que vivemos hoje não é tanto uma crise de "custo de vida", mas uma crise de lucro privado cujo custo a classe dominante espera que os trabalhadores paguem».

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Estas passam por um aumento salarial de 10%, estabilidade no emprego, justiça nas pensões e protecção em caso de despedimento. Segundo refere a fonte, os trabalhadores fartaram-se de ouvir que tinham de viver com «contenção salarial», num contexto de inflação galopante e com o governo a elevar o plafond das bonificações para os banqueiros.

Os funcionários públicos juntam-se assim aos enfermeiros, que decidiram recentemente avançar para a greve; aos professores do Ensino Superior, que devem fazer greve no final deste mês; aos trabalhadores dos transportes e dos Correios, que têm estado a levar a cabo paralisações, de forma intermitente, desde a Primavera; aos bombeiros e aos professores, que estão a decidir se avançam para novas greves.

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Ainda no Reino Unido, centenas de trabalhadores do handling no Aeroporto de Heathrow iniciam hoje uma greve de 72 horas, quando está para começar o Campeonato do Mundo de Futebol no Catar, exigindo melhores salários.

Na Grécia, os trabalhadores fizeram uma greve geral de 24 horas, que levou milhares de manifestantes para as ruas de Atenas e Salónica.

«Ganho 900 euros por mês. Até que me paguem outra vez, terei pago a minha hipoteca, o meu recibo da luz e da água, e fico apenas com umas migalhas para sobreviver», afirmou um dos manifestantes.

«Não consigo chegar ao fim do mês. É difícil chegar ao fim do mês, chegar ao fim do mês significa que o salário dura até ao último dia do mês. O meu já está gasto ao cabo dos primeiros dez dias», disse outro dos manifestantes gregos à PressTV.

Também na Bélgica os trabalhadores realizaram uma greve geral de 24 horas, por melhores salários, para fazer face à inflação crescente, e reclamando o congelamento dos preços do gás e da electricidade, em defesa do poder de compra.

De acordo com as centrais sindicais belgas, os preços dispararam por causa da guerra na Ucrânia, «mas também porque as empresas aproveitaram a oportunidade para aumentar os seus lucros ainda mais». O patronato e os grandes grupos económicos foram acusados de «gananciosos».

Em França, a GCT, quase sempre acompanhada por outros sindicatos, tem dinamizado mobilizações nas ruas e greves em diversos sectores, em busca de aumentos salariais e de mais contratação, num contexto de custos crescentes de energia e da inflação generalizada.

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Grécia: milhares de trabalhadores nas ruas contra os «abutres modernos»

As centrais sindicais referem-se à greve geral como uma das mais «massivas» dos últimos anos. Reclamando medidas para controlar o custo de vida, os trabalhadores exigem a valorização de salários e pensões.

Manifestação em Atenas a 9 de Novembro de 2022 
Créditos / @PAME_Greece

Num contexto de inflação galopante e com os preços da energia e dos bens de primeira necessidade a aumentarem, os trabalhadores gregos realizaram uma greve de 24 horas, esta quarta-feira, tendo exigido o aumento geral dos salários e das pensões.

Em Atenas, milhares de pessoas deram expressão, nas ruas, às reivindicações do movimento sindical organizado, exibindo cartazes e faixas, e gritando palavras de ordem contra as políticas do governo de direita e da União Europeia (UE), que «geram pobreza, fome, desigualdade» e «deixam as pessoas congeladas para aquecer os lucros dos grandes grupos económicos».

Na capital grega, uma das intervenções sublinhou que a «grande greve nacional» envia a mensagem de que o povo grego e o seu movimento sindical «não serão cúmplices das políticas anti-populares do governo e de outros partidos do grande capital, da pobreza energética e das políticas da UE, da podridão do sistema capitalista».

Giorgos Paliouras, um pensionista presente na manifestação de Atenas, disse à Reuters: «Já não podemos suportar os custos elevados. Já não podemos suportar a pobreza. Já não aguentamos a exaustão.»

A Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) disse que os sindicatos tinham convocado a greve em protesto contra «a inflação que asfixia as famílias gregas e as condições selváticas do mercado de trabalho», em alusão às leis laborais.

Por seu lado, a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) destacou, num comunicado sobre o êxito da jornada de greve, a «enorme participação dos trabalhadores». «Hoje, a revolta e a indignação da classe trabalhadora converteram-se numa participação massiva e dinâmica na luta. As imagens do mar de trabalhadores a inundar o centro de Atenas não podem ser escondidas», frisou.

@PAME_Greece

Houve mobilizações de grande dimensão igualmente em Salónica, a segunda maior cidade grega, além de outras 60 localidades e cidades gregas.

Não nos adaptamos à pobreza, à fome, ao frio como os abutres modernos nos pedem

Num comunicado que antecedeu a greve, a PAME apresentou como reivindicações centrais o aumento dos salários e das pensões, a defesa da negociação colectiva, o trabalho com direitos, a descida dos preços da electricidade e bens essenciais.

No documento, a central sindical afirma que luta contra os «abutres modernos que pedem que nos adaptemos à pobreza, à fome, ao frio e, em última análise, à morte».

Quando sete em cada dez trabalhadores cortaram no consumo de alguns alimentos, 47% pensam que será difícil chegar ao fim do mês no Inverno, por causa da pobreza e porque o custo anual da electricidade ultrapassou o valor de dois salários, «os grandes grupos económicos do sector da energia fazem uma festa com os lucros», denuncia a PAME.

A central sindical alerta ainda para situações de trabalhadores que se vêem obrigados a fazer mais horas, sendo que 49% afirmam que não recebem mais pelas horas extraordinárias.

Aumentos dos salários, não «bónus» que a inflação come

Como a economia tem crescido, sobretudo devido ao turismo, o governo da Nova Democracia tem estado a dar alguns «bónus», que, alerta a PAME, serão comidos pela enorme subida da inflação.

A central sindical não quer «ofertas» que a ventania do sistema capitalista leva, mas aumentos dos salários e melhoria das condições de trabalho, estabilidade no emprego, redução substancial no preço da electricidade e dos bens de primeira necessidade, entre outras medidas.

Aos trabalhadores, diz que não há tempo para estar à espera e que é preciso que todos se unam à luta.

CGTP-IN solidária com os trabalhadores gregos

Numa nota ontem enviada à PAME e à GSEE, «as mais importantes expressões do sindicalismo grego», a CGTP-IN saudou os trabalhadores do país mediterrânico, «as lutas e justas reivindicações, bem como o momento de elevada combatividade» que ontem teve lugar.

Solidarizando-se com os trabalhadores gregos, a Intersindical destaca «a sua exigência de um aumento salarial que impeça a perda do poder de compra, com a defesa da contratação colectiva, com a necessidade de proteger os rendimentos dos trabalhadores e o direito de associação e acção sindical».

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«Ponha-se no lugar dos trabalhadores que já têm dificuldades em sobreviver e que têm de protestar para obter aquilo que merecem. Incentivo todos a mobilizar-se, a virem para as ruas, e talvez amanhã tenhamos de ocupar as rotundas e não parar até conseguir estes aumentos salariais indispensáveis», disse um grevista em Paris.

Perspectivas económicas pouco animadoras

Os protestos têm lugar num contexto sombrio para a Europa, em que a guerra na Ucrânia e a política de sanções e confrontação com a Rússia têm graves consequências para todas as economias europeias.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu, em Outubro, que as economias avançadas da Europa crescerão apenas 0,6% no próximo ano, advertindo ainda que mais de metade dos países da zona euro vão enfrentar recessões técnicas neste Inverno, refere a fonte.

Também se espera que a Alemanha, considerada a maior economia da União Europeia, entre em recessão este ano, tendo em conta a falta do gás russo. De acordo com Alexander Kriwoluzky, do Instituto Alemão de Investigação Económica, o país levará pelo menos dois anos a voltar ao seu modelo.

Tecnicamente, a recessão ocorre quando se verificam dois trimestres consecutivos de crescimento negativo.

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