Em notas divulgadas a propósito dos números oficiais do desemprego no País Basco, publicados pelo Serviço Público Estatal de Emprego (SEPE), ambas as centrais sindicais referem a ligeira subida do número de pessoas desempregadas em relação a Novembro e a ligeira descida por comparação com o mesmo mês do ano passado.
Segundo os registos oficiais espanhóis, em Dezembro, no País Basco (Comunidade Autónoma Basca e Navarra) havia 142 408 pessoas desempregadas (taxa de desemprego de 10,4%).
O sindicato ELA afirma que «são dados negativos, devido ao facto de que Dezembro costuma ser um mês bom para o emprego».
Entre as mulheres, o desemprego continua a baixar – pelo quarto mês consecutivo –, sem que se altere o facto de que elas são muito mais afectadas do que os homens (há mais 21 264 mulheres desempregadas do que homens).
Os dados oficiais mostram que o desemprego no País Basco baixou em Junho 1,7% em relação a Maio. ELA e LAB destacam que a precariedade aumenta e que isso se traduz no empobrecimento dos trabalhadores. Os dados agora divulgados pelo Serviço de Emprego Público Estatal (SEPE) revelam que no País Basco Sul (incluindo Navarra) existem 142 991 desempregados, ou seja, menos 2423 do que em Maio. No entanto, a taxa de desemprego (11,5%) continua a ser elevada, sendo ainda mais acentuada entre as mulheres (13,9%) e entre os jovens até aos 25 anos (17,9%), afirma o sindicato ELA no seu portal. Também o LAB, a outra grande central sindical basca, destaca este facto, ou seja, que mulheres e jovens são condenados a condições de trabalho mais precárias e mais desemprego. Apesar da diminuição do desemprego registada em Junho face ao mês anterior (dados oficiais), ambas as centrais sindicais sublinham que, em 2022, se verificou um aumento dos contratos a tempo parcial – o ELA afirma que oito em cada dez contratos realizados este ano foram temporários. Apesar dos serviços mínimos «abusivos», denunciados pelos sindicatos, a adesão dos trabalhadores à jornada de luta foi grande e houve manifestações em Bilbau, Donostia e Vitória-Gasteiz. A greve desta segunda-feira no Osakidetza – Serviço Basco de Saúde foi a quarta levada a cabo este ano pelos trabalhadores, que denunciam as decisões «unilaterais», a «senda da imposição», o «imobilismo» e a falta de negociação por parte do Departamento da Saúde. Foi convocada pelos sindicatos SATSE, ELA, LAB, CCOO, UGT e ESK em todos os cuidados especializados e na Rede de Saúde Mental, para denunciar a precariedade existente em ambas as áreas e exigir soluções imediatas. No Centro Basco de Transfusões e Tecidos Humanos, que ontem realizou a oitava jornada de greve em 2022, a adesão foi total, segundo refere o portal naiz.eus. Em virtude disso, os serviços de cirurgia nos hospitais Zumarraga, Mendaro ou San Eloy estiveram encerrados. Apesar dos elevados serviços mínimos decretados, que, «como vem sendo habitual, deixaram sem direito à greve milhares de trabalhadores», as organizações sindicais fizeram uma avaliação muito positiva da jornada de luta, que incluiu manifestações nas três capitais provinciais da Comunidade Autónoma Basca. Num comunicado conjunto, os sindicatos afirmaram a este propósito que, durante a pandemia, o Departamento do Trabalho aumentou os serviços mínimos habituais, que «já eram abusivos», e actualmente, apesar de ter levantado a quase totalidade das restrições nas ruas, continua a apoiar-se na pandemia para manter o aumento no número de efectivos. Na semana passada, sindicatos e Osakidetza reuniram-se para negociar, mas o encontro não serviu para materializar avanços, segundo revelaram as organizações representativas dos trabalhadores. Explicaram que o Osakidetza se recusou a pôr fim à elevada taxa de precariedade no sector da saúde pública, que ronda os 58% e afecta mais de 24 mil trabalhadores. Neste contexto, afirmam, o Osakidetza apenas aceitou conferir estabilidade a 3700 postos de trabalho. Em declarações à imprensa, recolhidas pelo naiz.eus, Amaia Mayor, do SATSE, disse que, «no Oskaidetza, temos outra pandemia: a falta de pessoal e a perda de direitos», sublinhando o excesso de trabalho que os funcionários enfrentam, bem como a «perda de qualidade e serviços» por parte dos utentes. Por seu lado, o sindicato LAB exigiu ao Serviço Basco de Saúde e ao governo de PNV e PSE que «deixem de faltar ao respeito aos trabalhadores», acrescentando que existe vontade de negociar, apesar daquilo que o Osakidetza mostrou até agora. Esther Saavedra, responsável do ELA do Osakidetza, comentou que impor uma taxa de estabilização de 3700 vagas é um número «totalmente escasso», sobre o qual não houve «nenhum tipo de negociação». Ana Vazquez, da UGT, lembrou que, no actual contexto e especialmente agora, que se aproxima o Verão, os funcionários não podem tirar as férias que querem, nem dias de descanso, nem licenças. O Osakidetza tem «problemas estruturais» que têm de ser abordados «urgentemente», lembrou Iñigo Urduño, das CCOO, esperando que haja negociação e «se possa chegar a acordos para melhorar o sistema público de saúde». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Apesar da descida do desemprego, a qualidade do emprego está a piorar progressivamente e sem pausa, como o demonstra o aumento dos contratos a tempo parcial», afirma o LAB. «A isto – refere ainda o LAB – junta-se a perda de poder de compra que os trabalhadores estão a viver, já que, enquanto os produtos de primeira necessidade se tornam mais caros, os salários ou as pensões estão a ser actualizados abaixo do índice de preços ao consumidor». Lembrando que, segundo os dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística espanhol, a inflação em Junho se situa nos 10,2% e deverá continuar elevada a médio prazo, no Estado espanhol, o LAB afirma que as pessoas em situações mais vulneráveis são ainda mais afectadas, nomeadamente as mulheres migrantes com condições precárias; os jovens, a quem são oferecidos «empregos-lixo» e que vêem reduzidas as possibilidades de construir um futuro digno; os pensionistas, condenados a sobreviver sem pensões ajustadas às necessidades reais. Por seu lado, o ELA recorda que 55,6% dos que estão inscritos nas listas do desemprego não têm qualquer tipo de subsídio de desemprego. «A precarização do emprego também se traduz no empobrecimento dos trabalhadores e do território, uma vez que a riqueza não é distribuída de forma equilibrada e faz aumentar as diferenças entre os seus cidadãos», alerta ainda o sindicato LAB, sublinhando que continuará a lutar por melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores bascos e por um outro modelo. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Má qualidade do emprego e perda de poder de compra preocupam centrais bascas
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Contra a precariedade, elevada adesão à greve no Serviço Basco de Saúde
«Temos outra pandemia: a falta de pessoal e a perda de direitos»
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Camadas mais vulneráveis são mais afectadas
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Entre os jovens com menos de 25 anos, o desemprego também diminui, mas isso, alerta o LAB, deve levar à «reflexão sobre a qualidade do emprego que se cria», na medida em que «a precariedade do emprego jovem é uma realidade».
A precariedade laboral elevada no País Basco torna-se evidente quando se aborda os dados relativos à contratação, de acordo com os quais 79% dos contratos assinados em Dezembro no País Basco sob administração espanhola foram temporários, ou seja, praticamente oito em cada dez.
Neste sentido, o sindicato LAB afirma que não se «pode construir futuro com estes dados», num contexto de «instabilidade e precariedade no emprego, empobrecimento automático devido ao encarecimento generalizado dos preços, empobrecimento devido aos cortes nos serviços e prestações públicas». Por isso, defende a aplicação de medidas imediatas que contrariem este cenário.
Por seu lado, o ELA destaca a necessidade de os trabalhadores se organizarem e mobilizarem, lutando por medidas que ponham fim à precariedade laboral e ao empobrecimento, e dignifiquem as condições de trabalho.
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