|Jamaica

«O país tem de ser uma república», diz primeiro-ministro da Jamaica

O governo está a trabalhar «deliberadamente» no processo de transformação da Jamaica numa república, afirmou Andrew Holness, sublinhando que irá avançar rapidamente para abandonar a monarquia britânica.

Andrew Holness, primeiro-ministro da Jamaica 
Créditos / bloomberg.com

«Nunca pretendemos que fosse um trabalho em linha recta», disse esta terça-feira o primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, notando que «se estão a certificar de que não deixam nada ao acaso à medida que avançam deliberadamente» no sentido de transformar o país caribenho numa república.

«É hora de a Jamaica se tornar uma república. A Jamaica tem de ser uma república», disse Holness, citado pelo portal Caribbean National Weekly.

«Para nós, o processo não é simples e sabemos isso desde o início», acrescentou, mas frisando que o seu executivo irá fazer o necessário para ultrapassar todos os obstáculos e chegar a bom porto.

Para tal, deu instruções à ministra dos Assuntos Constitucionais, Marlene Malahoo Forte, para que avance com celeridade nesta matéria.

Na semana passada, refere o portal, a ministra manifestou a «decepção» do executivo com o fracasso na nomeação da comissão de alto nível com vista à revisão constitucional, tendo culpado o principal partido na oposição, Partido Nacional do Povo (PNP), pelo atraso no início do processo de transformação da Jamaica num Estado republicano.

|

Barbados tornou-se uma república e disse adeus à monarquia britânica

O país caribenho, independente desde 1966, passou a ter como chefe de Estado a presidente Sandra Mason, que assumiu o cargo esta terça-feira. Isabel II já não reina ali.

Sandra Mason, a primeira presidente da República de Barbados, depois de ter assumido o cargo, esta terça-feira, na Praça dos Heróis, em Bridgetown, capital do país 
Créditos / Sputnik News

Sandra Mason é a primeira presidente da República de Barbados, tendo assumido o cargo nos primeiros minutos desta terça-feira. A antiga jurista era, desde 2018, a governadora geral de Barbados, nomeada pela chefe de Estado, a rainha Isabel II.

No passado dia 20 de Outubro, o Senado e a Câmara dos Deputados elegeram-na como futura presidente da ilha caribenha. Mason disse então que tinha chegado o momento de o país deixar o seu passado colonial completamente para trás.

Ontem, após o juramento do cargo, no seu primeiro discurso como presidente da república parlamentar, disse que, «enquanto república nos devemos ver como líderes e agentes de mudanças».

Na semana passada, o Parlamento nacional ouviu o texto de uma nova «Carta de Barbados», que, sem substituir a Constituição vigente nem possuir carácter vinculante, aponta os direitos e responsabilidades dos cidadãos.

De acordo com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, trata-se de um documento que «promove o conceito de cidadania activa e é um guia de como as pessoas se devem tratar entre si e ao país», refere a Prensa Latina.

Nos anos 70 e em 1996 já tinha havido tentativas para concretizar uma República de Barbados – país com uma população inferior a 300 mil habitantes e um território de 267 quilómetros quadrados. Mas nenhuma teve êxito.

Agora, Barbados torna-se o quarto país das antigas colónias britânicas nas Caraíbas a destituir Isabel II do cargo de chefe de Estado. Já o tinham feito Guiana (1970), Trinidad e Tobago (1976) e Dominica (1978).

«São necessárias mudanças que se traduzam em melhores condições de vida para o povo»

Numa conversa com a Prensa Latina, David Denny, sindicalista e dirigente do Movimento Caribenho pela Paz e Integração (CMPI, na sigla em inglês), afirmou: «Estamos muito felizes porque deixaremos de ter a rainha de Inglaterra como nossa chefe de Estado, mas vemos este acontecimento como o princípio da construção de um projecto.»

O sindicalista barbadense sublinhou que, logo após a proclamação da república parlamentar, a organização a seu cargo vai fazer campanha em defesa da eleição directa do presidente do país e exigirá «um maior nível de participação popular no processo da tomada de decisões, por via de assembleias eleitorais e das comunidades».

Para Denny, é fundamental que se trabalhe na democratização das empresas públicas e privadas, «para que a classe trabalhadora possa beneficiar dos lucros procedentes desse tipo de empresas».

David Denny, sindicalista e dirigente do do Movimento Caribenho pela Paz e Integração / Prensa Latina

A república, na opinião de David Denny, não traz mudanças reais no programa económico ou nas relações comerciais e financeiras que a ilha caribenha mantém com os Estados Unidos, a Europa ou a antiga metrópole.

«Tudo continuará como antes e é por isso que dizemos que isto é apenas o início da construção de uma república, porque são necessárias mudanças económicas que se traduzam em melhores condições para o povo», frisou.

A nível internacional, o sindicalista disse à Prensa Latina que espera que o passo dado por Barbados tenha impacto em ilhas vizinhas, como a Jamaica, Santa Lúcia ou Granada, que ainda mantêm a rainha Isabel II de Inglaterra como chefe de Estado.

Denny manifestou mal-estar com a presença na cerimónia desta terça-feira, na capital de Barbados, do príncipe Carlos, herdeiro da Coroa britânica.

«Para nós, é um insulto ao povo de Barbados ter como convidado um representante da família real que beneficiou da escravatura e da exploração da comunidade africana», disse.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Malahoo Forte disse no Parlamento, em Kinsgton, que, embora seja necessário um referendo para que a Jamaica abandone a monarquia britânica, o processo deve implicar a colaboração de todos partidos e a comunicação com os cidadãos.

O objectivo do governo era nomear os membros da comissão de alto nível esta terça-feira, disse, mas pôs de parte essa possibilidade para já.

A transição da Jamaica para uma república implicará a destituição do rei britânico Carlos III como chefe de Estado do país caribenho, que se tornou independente do Reino Unido a 6 de Agosto de 1962.

Nas Caraíbas, quatro ex-colónias deixaram de ter como chefe de Estado um monarca britânico: Guiana (1970), Trindade e Tobago (1976), Dominica (1978) e, mais recentemente, Barbados, a 30 de Novembro de 2021, data em que a até então governadora Sandra Mason se tornou presidente da República.

Actualmente, há mais cinco países na região que já sinalizaram a intenção de deixar de ter como chefe de Estado o monarca britânico e tornar-se repúblicas: Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Granada e São Cristóvão e Neves.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui