Em Lima, milhares de manifestantes responderam, esta quinta-feira, ao apelo de mobilização realizado pela Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), a que se juntaram organizações de base, de bairro, comunidades indígenas e sindicatos de múltiplos sectores de actividade.
As exigências mantêm-se: demissão de Dina Boluarte, encerramento do Congresso, criação de uma Assembleia Constituinte e uma nova Constituição.
No meio de um enorme dispositivo policial, um dos manifestantes disse à TeleSur que «estamos a assinalar um mês da matança que ocorreu na cidade de Juliaca, porque estamos a viver numa ditadura cívico-militar», e lembrou a exigência de demissão de Dina Boluarte, «porque não pode governar sobre o sangue derramado».
Ontem, a CGTP deu início a uma greve por tempo indeterminado, em defesa dos direitos dos trabalhadores peruanos e pela demissão da presidente de facto, depois de ter recusado a proposta de diálogo do governo.
Dirigentes sindicais sublinharam que «não há confiança» e «não se pode esquecer os nossos mortos», tendo ainda criticado Boluarte por questionar a acção de luta da central sindical, dizendo que «está motivada politicamente».
Múltiplas mobilizações, com confrontos em Juliaca
De acordo com a Provedoria de Justiça, às 13h (hora local), havia manifestações e concentrações em províncias como Islay, Arequipa, Cusco, Espinar, Huancavelica, Huancayo, Lima Metropolitana, Tambopata, Mariscal Nieto, Pasco, Carabaya, San Román, Azángaro, Puno, Lampa, Tacna e Coronel Portillo.
Para além disso, refere a TeleSur, foram reportados bloqueios rodoviários em 18 províncias do país sul-americano, o que, em muitos casos, significou um desafio ao estado de emergência vigente.
Na cidade de Juliaca (região de Puno), manifestantes assediaram durante várias horas o aeroporto Inca Manco Cápac, no contexto da homenagem a cerca de duas dezenas de manifestantes mortos a tiro há um mês.
A Rede de Saúde da província de San Román, de que Juliaca é capital, informou que 23 pessoas ficaram feridas, na sequência da intervenção policial e militar.
Recorde-se que na região de Puno – uma de várias onde se encontra em vigor o estado de emergência –, o controlo da ordem cabe às Forças Armadas.
As manifestações no Peru contra o governo de facto mantêm-se desde 7 de Dezembro último, quando o então presidente, Pedro Castillo, foi destituído e preso, e Dina Boluarte foi empossada.
No decorrer das manifestações e protestos associados, foram mortos quase 60 civis e um polícia, e centenas de pessoas ficaram feridas.
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