Quem lesse de forma isolada as medidas impostas pelo Governo de extrema-direita italiano diria que seriam propostas feitas pela direita portuguesa, e em parte é porque são. Num timming curioso, uma vez que foi no 1º Maio, o Governo de Meloni anunciou uma conjunto de medidas reveladoras do carácter de classe que dá corpo aos neofascistas.
Numa opção muito clara, no Dia do Trabalhador, o governo encabeçado pelo Fratelli d'Italia anunciou um conjunto de medidas que visa atacar os mais fracos enquanto beneficia os mais poderosos. A primeira medida passa por cortar o programa de subsídios anti-pobreza que existia desde 2019. Segundo Meloni, os subsídios desencorajam «pessoas fisicamente aptas, especialmente jovens, a procurar emprego».
Se o argumentário é tal e qual o do Chega, a acção seguinte seria da Iniciativa Liberal. Para não acabar totalmente com os apoios, mas diminuir o seu peso nas contas públicas, uma vez que o programa de subsídios anti-pobreza custava oito mil milhões de euros anualmente, a suposta solução passou por anunciar um «cheque de inclusão». O tal cheque significa um corte no investimento nas funções sociais do Estado, passando a custar anualmente 5,4 mil milhões de euros.
A par desta medida, foi ainda anunciada uma reforma laboral muito na linha do que tem sido feito. Imposta por decreto, tal não é o gosto pela democracia, a reforma visa reforçar a precariedade facilitando a contratação pelas empresas de trabalhadores com contratos de curto prazo e recusando assim estabilidade a quem trabalha. Esta medida segue a linha de agradar as grandes empresas que desde que a extrema-direita está no Governo tem promovido cortes nos impostos.
Os sindicatos já reagiram e este sábado, numa acção inédita, a Confederação-Geral Italiana do Trabalho (CGIL), a Confederação Italiana dos Sindicatos de Trabalhadores (CISL) e a União Italiana do Trabalho (UIL) juntaram-se numa acção para se manifestarem contra a tal reforma laboral.
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