É a terceira vez que a distinção de Pedra Património Mundial da UNESCO é atribuída em Portugal. Ao Mármore de Estremoz e o Calcário Lioz (da zona de Sintra), junta-se a Brecha da Arrábida, que integra agora o restrito leque de 32 rochas classificadas a nível mundial pela Subcomissão do Património Geológico da União Internacional de Ciências Geológicas, entidade parceira da UNESCO na área da geociência.
A UNESCO anunciou hoje que se confirmou a proposta portuguesa que apadrinhou a campanha internacional do mundo científico para o reconhecimento formal desta data. O Dia Internacional da Geodiversidade foi aprovado hoje na 211.ª sessão do conselho executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que decorre em Paris e por video-conferência, em respeito das regras sanitárias. A introdução deste dia nos calendários internacionais passa a assinalar-se a 6 de outubro. «A UNESCO sempre foi muito conhecida pela protecção do património cultural e a ideia do património natural, ligado à geodiversidade, está a ganhar muita força», afirmou esta sexta-feira à Lusa o embaixador de Portugal, António Sampaio da Nóvoa. A iniciativa que brotou do meio científico, tem tido liderança de José Brilha, professor da Universidade do Minho, e juntou várias organizações internacionais e 82 organizações ambientais de 40 países diferentes. «É raro – porque devia ser mais habitual – que haja uma proposta que venha de fora da UNESCO. 99% das coisas são propostas por delegações ou comissões e não estamos suficientemente atentos ao que se passa fora», explicou o embaixador. A celebração desta data, segundo António Sampaio da Nóvoa, vem no seguimento de outras iniciativas da UNESCO como o programa dos geo-parques, onde Portugal conta com cinco localizações, e as reservas da biosfera, que no País são já 11, e constitui uma homenagem pessoal ao professor Galopim de Carvalho. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Dia Internacional da Geodiversidade reconhecido por unanimidade
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«Se falo de satisfação, é mesmo esse o sentimento que nos ocorre quando sabemos que esta parte da nossa serra é vista como património mundial, uma distinção que, naturalmente, muito honra quem sempre se habituou a olhar para a Arrábida como algo de único e extraordinário», confessou André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal (CML).
Numa sessão realizada a 28 de Julho, nos claustros do Convento de Jesus, André Martins destacou os esforços dos municípios da região de Setúbal (destacando Setúbal, Sesimbra e Palmela, com territórios no Parque Natural da Arrábida), que «tudo têm feito para valorizar e proteger este património mundial».
Para além do executivo municipal, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa (FCT-UNL) estiveram, desde o primeiro momento, envolvidos no processo de candidatura. A candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, junto da UNESCO, apresentada pela Associação de Municípios da Região de Setúbal em parceria com o ICNF, ainda está a decorrer.
A Brecha da Arrábida foi explorada como rocha estrutural entre a período de ocupação romana e o século XV, quando passou a ser utilizada como rocha ornamental associada ao estilo Manuelino, no exterior de monumentos e, a partir do século XVII, no Barroco, sobretudo em aplicações interiores.
Para além do já referido Convento de Jesus, também a Fortaleza de São Filipe (monumentos nacionais) e a Casa do Corpo Santo, no concelho de Setúbal, utilizam a rocha da Brecha da Arrábida. A brecha é formada por fragmentos grandes e angulosos de diversas cores (brancos, amarelos, vermelhos, cinzentos, negros), unidos por um massa de cimentação composta de material mais fino, de matriz argilosa vermelha, com cerca de 160 milhões de anos.
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