|Desemprego

Falaciosos números da queda do desemprego

Revelado pelo INE, os números destacados indicam que a taxa de desemprego baixou para os 6,1%. Há, no entanto, um elemento pouco difundido: o grosso dos postos de trabalho são precários e o salário médio líquido nacional continua estagnado.

Quem ler hoje as letras gordas de alguns jornais ou os destaques em alguns jornais online poderá pensar que está em curso um avanço brutal no combate ao desemprego. Esse, no entanto, não é o caso. Apesar da taxa de desemprego ter baixado para os 6,1%, os dados do INE não são animadores, e quando apenas mencionados de forma geral poderá servir para preencher a narrativa da melhoria da economia. 

No boletim informativo relativo ao segundo trimestre de 2023 divulgado ontem pode ler-se que «a taxa de desemprego foi estimada em 6,1%, valor inferior em 1,1 p.p. ao do 1.º trimestre de 2023 e superior em 0,4 p.p. ao do 2.º trimestre de 2022. A subutilização do trabalho abrangeu 625,3 mil pessoas, o que corresponde a um decréscimo de 8,1% (55,4 mil) em relação ao trimestre anterior e a um acréscimo de 4,1% (24,6 mil) relativamente ao período homólogo. De modo idêntico, a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,5%, diminuiu trimestralmente (1,0 p.p.) e aumentou em termos homólogos (0,3 p.p.)». 

Isto indica então que as melhorias no número do desemprego são apenas verificadas na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre, mas verifica-se o inverso na comparação homóloga. Por subutilização do trabalho o INE considera ser o indicador «que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego».

Relativamente à taxa de emprego, na análise em agregados, pode-se ver que os trabalhos com contrato com termo aumentaram 68,1 mil, correspondendo assim a um aumento de 12,2%, o maior aumento verificado. 

Na taxa de desemprego, pode ler-se que para a «evolução homóloga da população desempregada (25,7 mil; 8,6%) contribuíram, principalmente, os acréscimos nos seguintes grupos populacionais: mulheres (15,4 mil; 9,9%); pessoas dos 16 aos 24 anos (12,2 mil; 23,0%) e dos 55 aos 74 anos (12,0 mil; 22,6%); com ensino secundário ou pós-secundário (22,6 mil; 22,1%); à procura de novo emprego (21,4 mil; 8,3%); e desempregados há menos de 12 meses (41,3 mil; 28,1%)». O documento indica ainda que no 2.º trimestre de 2023, 42,0% da população desempregada encontrava-se nesta condição há 12 ou mais meses.

Ainda sobre o desemprego é revelado que a «taxa de desemprego de jovens (16 a 24 anos) foi estimada em 17,2%, valor inferior em 2,4 p.p. ao do trimestre anterior e superior em 0,5 p.p. ao do trimestre homólogo» e que no primeiro trimestre de 2023 Portugal detinha a sexta taxa mais elevada na União Europeia.
 

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