Com a marcha, que tem início previsto para as 20h da próxima quarta-feira junto ao edifício da Xunta em Ourense, a Confederação Intersindical Galega (CIG) quer reclamar às administrações públicas «um compromisso urgente e um plano de futuro que evite o risco real de desaparecermos».
A mobilização, com o lema «É hora de apostar em Ourense e na Galiza», foi anunciada há uma semana em conferência de imprensa, com o dirigente sindical Anxo Pérez Carballo a alertar para o actual processo de «destruição industrial e perda demográfica que Ourense está a sofrer».
Isto, em conjunto com «a fragilidade do seu tecido produtivo, está a disseminar os baixos salários e pensões, a insegurança laboral e a pobreza e a exclusão social», disse, citado pelo portal da CIG.
Carballo lembrou, a este propósito, que a actual situação se plasma nos dados «absolutamente devastadores» recolhidos no relatório sobre a situação socioeconómica e laboral da província de Ourense, recentemente elaborado pelo gabinete técnico da central sindical, «de tal modo que até nos convidam a pensar que estamos numa província em vias de extinção».
Entre outros aspectos, chamou a atenção para a perda de 8% da população na última década, apesar de se tratar de uma província que recebe muita emigração.
«A pirâmide demográfica aqui não tem a forma de uma pirâmide, mas de uma caixa, e podemos ver como as pessoas com mais de 85 anos triplicam o número de pessoas com menos de quatro anos», alertou o dirigente sindical.
Em simultâneo, perdeu-se toda uma geração de jovens com estudos e formação universitária que tiveram de emigrar em busca de emprego.
Fragilidade do tecido produtivo e necessidade de apostar no futuro
De acordo com a central sindical galega, o panorama de Ourense é crítico, marcado pelos baixos rendimentos, bem como pelo envelhecimento e a perda de população. A Confederação Intersindical Galega (CIG) apresentou, esta segunda-feira, um relatório sobre a situação social e laboral da província de Ourense, que considera «dramática». O dirigente sindical Anxo Pérez Carballo apelou a uma «reacção social», tendo em conta os dados divulgados, que apontam para uma perda constante de população e para baixos rendimentos – 35% dos assalariados não recebem sequer o salário mínimo e 18 mil pessoas têm rendimentos anuais inferiores a 3000 euros. Numa conferência de imprensa que deu em conjunto com Natividad López Gromaz, economista do Gabinete Técnico Confederal da CIG e responsável pelo relatório, Pérez Carballo disse, com ironia, que «há-de chegar um momento em que vamos ter os melhores dados do desemprego, porque não vai haver ninguém a quem dar trabalho», em alusão à perda de população e ao envelhecimentos dos que ficam. «Arrepia comprovar que o número de maiores de 90 anos triplica o de menores de quatro», disse, antes de ter criticado a «falácia» da criação de emprego estável que «a propaganda governamental atribui à última reforma laboral», indica a CIG no seu portal. Classificou o facto de 35% dos assalariados receberem menos que o salário mínimo como «um cancro económico» e o de mais de 18 mil pessoas receberem menos de 3000 euros como «um autêntico drama». Por isso, insistiu na necessidade de uma «reacção social» e reafirmou o compromisso da CIG com a defesa das condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora na província de Ourense. Por seu lado, López Gromaz, que esmiuçou os principais elementos do informe, destacou que na última década a província perdeu 8% dos seus habitantes. Ainda assim, explicou que, desde 2016, o saldo migratório é positivo, com 12% da população do território a nascer no estrangeiro. Outro dos aspectos referidos pela economista é o de que a província galega tem a média de idade mais elevada do Estado espanhol (51,2 anos), onde a percentagem dos maiores de 65 anos atinge quase os 32% e a de menores de 20 anos se situa nos 13%. O número de mortes, no último ano, multiplicou por quatro o de nascimentos – algo que, explicou, vai ter um impacto directo no mercado de trabalho. «Se se continuar assim, vai-se acabar com o desemprego pela queda de população, até ao ponto de já haver mais população inactiva que activa», disse. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
GIG alerta para a situação «dramática» na província de Ourense
No último ano, o número de mortes multiplicou por quatro o de nascimentos
Contribui para uma boa ideia
Num contexto em que Ourense se afigura como uma das províncias com mais pensionistas e maior desproporção entre pensionistas e trabalhadores assalariados, Anxo Pérez Carballo sublinhou que «temos as prestações mais baixas de todo o Estado espanhol e maioria das pessoas aufere uma pensão digna porque trabalhou fora». Além disso, as mulheres recebem pensões 30% mais baixas que os homens.
Na conferência de imprensa, a CIG referiu-se também à debilidade do tecido produtivo (80% das empresas têm no máximo dois trabalhadores assalariados), à precariedade laboral reinante (com particular impacto nas mulheres) e ao baixo nível salarial, ao ponto de a província poder ser considerada «em sério risco de pobreza laboral e de exclusão social».
Neste contexto, o dirigente sindical disse que a CIG não pensa ficar de braços cruzados e «à espera que passe o temporal», e exige o envolvimento concreto das várias administrações públicas para enfrentar a situação.
«Ou se aposta em Ourense e se implementa um plano de futuro, ou o futuro desta província vai ficar seriamente comprometido», frisou.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui