A chuva e o frio não desmobilizaram muitos milhares de trabalhadores em dia de greve geral contra «o modelo de desigualdade» imposto pelo governo de Lacalle Pou.
A paralisação convocada pela central PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores) teve carácter parcial (das 9h às 13h), mas vários sindicatos que a integram decidiram avançar para uma paralisação nacional de 24 horas.
De manhã, bem cedo, começaram a afluir trabalhadores às imediações da Universidade da República (UdelaR), de onde seguiram em manifestação até ao Ministério da Economia e Finanças, onde teve lugar o acto final.
Ali, o presidente da PIT-CNT, Marcelo Abdala, teceu duras críticas à reforma das pensões promovida pelo governo uruguaio e que foi aprovada pela coligação de direita que o sustenta no Parlamento.
«A reforma é a forma mais brutal de ataque aos direitos e rendimentos da grande maioria do povo trabalhador», denunciou na tribuna o dirigente sindical, que se referiu também às mudanças na Segurança Social e à reforma no sector da Educação, que não pode avançar sem o contributo dos trabalhadores.
Abdala reafirmou a decisão tomada pela direcção da PIT-CNT de submeter a reforma das pensões a referendo, a uma consulta popular. No caso de se juntarem as assinaturas necessárias, a consulta teria lugar, em princípio, na mesma data das próximas eleições gerais, marcadas para Outubro do próximo ano, indica a Prensa Latina.
Outro aspecto destacado na intervenção do único orador da acção de massas, esta terça-feira, foi a exigência da redução da jornada laboral para 40 horas, com igual salário. «Queremos que se torne lei, como a lei laboral mais importante deste século XXI», disse o presidente da central sindical, que desafiou os partidos políticos a aprovarem legislação a este respeito.
Exigindo que «o governo preste contas» e um «Orçamento para o povo», docentes do Ensino público e privado realizaram uma greve de 24 horas e manifestaram-se, em Montevideu, com o movimento estudantil. No contexto da jornada de luta, convocada pela Coordenadora de Sindicatos do Ensino do Uruguai (CSEU), milhares de docentes e estudantes desfilaram pelo centro da capital uruguaia, até à Torre Executiva, sede da Presidência da República, onde decorreu o acto principal. Ali, no dia mais curto do ano, Sergio Sommarenga, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Ensino Privado (Sintep), afirmou que, no país sul-americano, «há uma crise desigualdade e de direito». Sommarenga destacou a adesão à greve dos docentes de todos os níveis de ensino e criticou as políticas governamentais que visam cortar na despesa pública. O governo vangloria-se de reduzir o défice fiscal, «mas o défice mais importante a solucionar é o da pobreza infantil e o direito de todos à educação nas melhores condições», frisou. Com a paralisação de 24 horas, convocada pela CSEU com o apoio do movimento estudantil, os professores reclamam que, na proposta de Orçamento do Estado deste ano, se destine 6% do PIB para a Administração Nacional de Educação Pública (ANEP) e para a Universidade da República (UdelaR), bem como 1% do PIB para a investigação, refere no seu portal a central PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores). Entre outros aspectos, a CSEU manifestou-se contra a privatização e a mercantilização da Educação pública, por melhores salários, em defesa de vagas suficientes para cada instituição e de verbas para a manutenção das infra-estruturas educativas. Em conferência de imprensa anterior à mobilização, Emiliano Mandacen, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores do Ensino Secundário (Fenapes), foi categórico ao afirmar que existe «pouca seriedade, falta de perspectiva e análise no governo» de Lacalle Pou. Também se pronunciou contra a reforma educativa promovida pelo governo neoliberal – a chamada «transformação educativa» – e contra aquilo que definiu como «violações» dos direitos dos trabalhadores. Lembrando que o executivo uruguaio deve apresentar no Parlamento, em pouco mais de uma semana, a última proposta de Orçamento, Mandacen alertou que o governo pode aumentar o relatório de despesas, servindo-se disso para arquitectar cortes orçamentais. O «actual orçamento para a Educação é completamente insuficiente», disse o dirigente sindical, sublinhando que «se caiu no mito da campanha do governo segundo o qual havia verbas suficientes, mas foram as administrações que as geriram mal». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
No Uruguai existe uma «crise de desigualdade», afirma dirigente sindical
Fenapes acusa governo de Lacalle Pou de «pouca seriedade, falta de perspectiva e análise»
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Criticando o projecto de privatização de empresas públicas defendido pelo governo de Lacalle Pou e valorizando as lutas que os trabalhadores uruguaios actualmente travam em vários sectores, Marcelo Abdala lembrou que, nos últimos anos, se promoveu a desvalorização salarial e que a pobreza aumentou no país.
Neste sentido, referiu-se ao aumento de trabalhadores que «ganham apenas o imprescindível», bem como aos mais de 550 mil que sobrevivem «com salários de fome».
«É este o modelo da desigualdade», denunciou, citado pelo portal da PIT-CNT. E insistiu na luta e na negociação colectiva para reverter esta situação.
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