Em 2020, o número de Linces-ibéricos superou os mil indivíduos. Três anos depois, esta espécie autóctone da Península Ibérica, que chegou a estar presente em todo esse território, quase duplicou: em 2023, foram identificados 2 021 exemplares: «um novo número máximo desde que se realiza um seguimento pormenorizado e articulado das suas populações», explica o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A espécie começou a ser avistada novamente, neste distrito da Beira Baixa, a partir do final do ano passado. A presença destes animais pode significar a fixação do lobo na zona. A última aparição conhecida do lobo ibérico em Castelo Branco remonta a Outubro de 2004, quando foi encontrado um jovem macho, morto por envenenamento, no concelho de Idanha-a-Nova, indicou à agência Lusa, Samuel Infante, membro da associação ambientalista Quercus. A «caça, envenenamento e redução do seu habitat» foram as principais causas para o desaparecimento, nesta zona, de um dos principais predadores da Península Ibérica. Um estudo divulgado em 2013 estimava que a população de lobos em Portugal fosse inferior a 300 indivíduos. Ao longo dos últimos anos foram aplicadas um conjunto de medidas com vista ao ressurgimento da espécie, que vem beneficiando da cada vez mais baixa densidade demográfica e da contínua desertificação do mundo rural, e ao regresso à região de espécies como o corço, o veado e o javali, presas naturais do lobo. Quaisquer perdas causadas a um rebanho, em consequência de um ataque perpetrado pelo lobo ibérico são, há várias décadas, alvo de um reembolso por parte do Estado Português. Os proprietários devem, nessa situação, reportá-lo de imediato às autoridades, de forma a ser possível comprovar que este se tratou de um ataque desta espécie. O lobo ibérico junta-se a um número de outras espécies que regressaram recentemente à região, como o abutre-preto, a águia-imperial, o grifo, o corço e o esquilo. Ainda não se conhecem as origens dos indivíduos avistados recentemente. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Lobo ibérico de volta a Castelo Branco pela primeira vez desde 2004
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«A recuperação da população de lince-ibérico em Espanha e em Portugal constitui um dos melhores exemplos de acções de conservação de espécies ameaçadas no mundo»: em 2002, existiam menos de 100 exemplares no mundo – só em 2023, nasceram 722 crias de lince-ibérico.
Esta imensa recuperação, «possível graças aos esforços coordenados realizados» entre várias instituições de Portugal e Espanha, permitiu a redução da categoria para «espécie em perigo» em 2015 (deixando de estar em «perigo crítico»).
Para além do aumento significativo dos números, também se verificou, no ano passado, uma expansão territorial do lince, que alcança agora «um total de 14 núcleos com reprodução confirmada e novas áreas de presença estável na Região de Murcia e nas províncias de Albacete, Badajoz, Toledo e Ciudad Real, em Espanha», assim como no Algarve, em Portugal.
Em Portugal, no Vale do Guadiana, existem 291 Linces-ibéricos, incluíndo 53 fêmeas reprodutoras e 100 crias. Perante estes resultados, é expectável que «o número de áreas seleccionadas para efectuar a reintrodução aumente nos próximos meses e anos» em Espanha. Segundo o ICNF, está em avaliação uma nova área em Portugal para se começar a fazer, também lá, a reintrodução desta espécie.
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