O texto adoptado, com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia, avança com uma proposta de cessar-fogo no enclave costeiro palestiniano, assediado por Israel há oito meses, em três fases, e apela a ambas as partes que o implementem na íntegra sem demora e de forma incondicional.
O objectivo seria estabelecer um cessar-fogo inicial, com uma duração de seis semanas, e libertar todos os prisioneiros retidos por ambas as partes, permitir o regresso dos deslocados de Gaza a suas casas, bem como a retirada total das forças israelitas do enclave.
A segunda fase prevê um cessar-fogo permanente, negociado entre as partes, e a terceira inclui um plano plurianual de reconstrução do território de Gaza.
A resolução, indica a Al Jazeera, rejeita qualquer tentativa de alteração territorial ou demográfica de Gaza e reconhece a importância de unificar a Faixa de Gaza cercada e invadida e a Cisjordânia ocupada sob a Autoridade Palestiniana.
Declara ainda o «compromisso inabalável» do Conselho de Segurança em alcançar a solução negociada dos dois estados, em que «dois estados democráticos, Palestina e Israel, vivem lado a lado em paz e com fronteiras reconhecidas».
«Um raio de esperança» e várias incógnitas
A delegação norte-americana, que costuma representar os interesses do Estado de Israel no Conselho, garantiu que Israel aceitou a proposta e pediu ao Hamas que aceitasse os termos da negociação.
No entanto, se a resistência palestiniana foi célere a declarar que encarava o plano de três fases de «forma positiva» e se mostrou disposta a negociar de forma indirecta com vista a chegar a um acordo, vários representantes israelitas insistiram na continuação da guerra e na aniquilação dessa resistência.
O representante da Rússia junto da ONU, Vassily Nebenzia, alertou para certos parâmetros vagos no texto aprovado e considerou preocupante que se aprove um projecto sem conhecer os termos exactos das negociações.
Exigiu ainda uma compreensão clara e a aplicação no terreno do texto, tendo recordado o incumprimento por parte de Israel de resoluções anteriores aprovadas pelo mesmo organismo.
Por seu lado, o embaixador da Argélia, Amar Bendjama, defendeu que a resolução aprovada esta segunda-feira é «um passo para um cessar-fogo imediato e duradouro».
«Este texto não é perfeito, mas constitui um raio de esperança para os palestinianos, já que a alternativa é continuar a matar e sofrer. Votámos a favor deste texto para dar uma oportunidade à diplomacia», disse, citado pela Prensa Latina.
De acordo com dados divulgados pelas autoridades palestinianas esta segunda-feira, desde o início da agressão israelita ao enclave, foram ali mortas 37 124 pessoas (na sua maioria mulheres e crianças); o número de feridos em resultado dos ataques israelitas situa-se nos 84 712.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui